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Friday Night Lights – 5×11 The March

Por: em 1 de fevereiro de 2011

Friday Night Lights – 5×11 The March

Por: em

Guilherme: Existe uma intimidade gigante entre a gente e os personagens de Friday Night Lights ao assistir a algum episódio da série. Muito disso é por causa do jeitão documental em que os episódios são filmados. Câmera na mão, tremida, closes, cores dessaturadas, essas coisas. Mas isso só funciona bem porque aquela cidade é tão real. Eu vi muita gente falando como Don’t Go foi o melhor episódio da temporada, só que pra mim ESSE foi o episódio de ouro. The March conseguiu juntar todas as partidas do playoff em uma hora, sem soar corrido — e o melhor, dando espaço pra que a festa do futebol impecável dos Lions não seja sobreposta aos problemas que cada um de seus personagens tá encarando. Eles chegaram ao State, mas por mais que Dillon RESPIRE futebol, existe vida além disso. Vida real.

Caio: Pra mim a review podia fechar só com teu parágrafo Gui. Disse tudo que pensei sobre esse episódio. The March é fácil o melhor da temporada. Me fez rir, chorar…todos os elementos que me fazem amar FNL estiveram presentes. E o melhor (não, não é, mas preciso comentar) é que FNL apresentou dois excelentes episódios SEM Julie Taylor!! Foram tantas coisas que me deixaram feliz nesse capítulo, mas principalmente a cena final com Vince e a mãe. Aquela mulher é uma vencedora. Tudo o que passou na vida e ainda enfrenta problemas como o terrível Ornette. O cara voltou a beber e está metido com drogas, além de tentar invadir a casa, em uma das cenas mais tensas do episódio. Sorte que Vince tem a cabeça no lugar. O abraço final dos dois só reforça o quanto FNL sabe nos deixar em casa e incitar a vontade de ser parte de Dillon.

Guilherme: Foi muito inteligente a maneira como eles trabalharam com o Ornette no decorrer da temporada. Quando ele entrou, a gente já ficava na dúvida se ele tinha melhorado como pessoa e podia realmente ser um bom pai pro Vince, mas foi ótimo como a série fez com que ele fosse primeiro o ‘vilão’ na questão do futebol, pra depois sim, na reta final, descer ainda mais fundo no poço. Reforça pra caramba a relação do Vince com a mãe, que é absurdamente linda — ainda mais levando em conta como ela evoluiu do início da quarta temporada pra cá. Legal também é o contra-ponto do abraço dos dois, com o Eric chegando em Dillon sem a Tami pra cair nos braços dele. É interessante — e uma jogada corajosa de FNL — mostrar esse lado não tão perfeito do casamento deles.

Caio: Foi um contraste muito inteligente mesmo. Fiquei com muita pena do Coach sem ter a fantástica esposa do lado. Mas por falar em Tami, até que enfim ela foi reconhecida pelo seu trabalho fenomenal em educação de jovens. A proposta com a faculdade é mais do que merecida e fiquei com uma vontade tremenda de abraçar Connie Britton na cena do jantar. Vale muito a pena trabalharem essa história de outro ponto de vista. Claro, Tami sempre apoiou Eric em todos os momentos e decisões que ele tomou, mas é muito bom ver a ideia de sair de Dillon vir de Tami e de como Coach vai reagir a isso agora que parece decidido a ficar. E por mais que eu venha defendendo a história do casal ficar em Dillon, depois desse episódio, queria que os dois seguissem adiante enquanto Jess Merriweather assumisse a posição de Coach. Claro, é irreal e sei que não vai acontecer assim…se fosse, ela iria ser uma ajudante, mas começaria a carreira que, querendo ou não, caiu como uma luva para a personagem. Além de que pode ter toda a parte de um dos times de Dillon ser cortado do orçamento e reforçaria a saída de Eric, mas acredito que não será assim.

Guilherme: Eu fiquei feliz demais com toda a história da Jess querendo ser treinadora. É exatamente o que a gente tava falando há umas semanas sobre sair um pouco da aba do Vince e conseguir uma trama pra si mesma. E é um pontaço a favor de FNL conduzir a paixão dela por futebol simplesmente porque ela é MESMO apaixonada por futebol. Podia sair dali um discurso clichê gigante sobre feminismo e preconceito e etc, etc, etc. Todas essas coisas circulam a história, mas não são o ponto principal dela. Do jeito que eu vejo, o principal é muito mais uma celebração a Dillon e a cultura universal do futebol que a cidade carrega, independente de gênero, número e grau. Quanto à questão do orçamento, foi ali que eu mordi a língua. Às vezes eu falo como FNL não é lá exatamente imprevisível, mas não faço ideia de como eles vão resolver o problema de só poder ter uma equipe. Em East Dillon tá a vitória. Em West Dillon tá o dinheiro. Qual dos dois pesa mais? Dá pra transformar os dois em um só?

Caio: Não faço ideia de como vão resolver isso em dois episódios, além de toda questão da Tami e na vida dos personagens. Tim por exemplo, continua sendo ele mesmo, mas com algumas mudanças. Não quero e nem acho que a série vai terminar com ele ainda culpando o irmão. A culpe é do Billy? Sim é, mas Tim tomou sua decisão e agora precisa deixar isso pra lá e continuar a vida. Ficar preso em algo pro resto da eternidade não é bem Tim Riggins. Tem todo o lance da Becky, mas mesmo assim tenho certeza que ela e Luke vão ficar juntos apesar do ciúmes do cara. Tim vê Becky mais como uma irmã mesmo, e como tal protegeria ela em qualquer situação, como aconteceu no clube. Quanto a Jess, preciso concordar contigo. O preconceito por ser mulher não é o principal da trama. Aqui se trata de paixão, e Jess tem isso transbordando. É lindo ver como FNL mostra o amor de seus moradores pelo esporte. São eventos grandiosos e recepções calorosas mostradas perfeitamente em cena. É como se eu estivesse ali, recebendo os Lions de braçs abertos.

Guilherme: Cara. CARA. A trama do Tim me deixava arrepiado, de verdade. Dá tanta pena do cara. O jeito ainda é mais ou menos o mesmo, mas a prisão mudou pra caramba a cabeça dele. Dá uma angústia enorme ver como ele simplesmente não consegue mais se encaixar ali. Acho que a raiva pra cima do Billy é muito mais uma desculpa pra ver se ele SENTE alguma coisa, do que uma revolta de verdade mesmo. Ele quer ter algo — alguém — pra proteger, mas Billy tá com uma família formada (estranha e nem sempre perfeita, mas feliz). Becky, por mais que esteja indo pro lado do strip, também tá feliz e completamente apaixonada por um cara que também a ama. Até o Smash, cara que ele odiava, tá virando um fenômeno. É MUITO complicado fazer o sacrifício que Tim fez, ainda mais depois, quando se volta ao mundo real, encarando um vazio tão grande quanto ele tá encarando. Ele sempre foi um cara meio que sem direção, deixando ser arrastado pelas oportunidades que iam surgindo. Mas agora tá tudo completamente parado. O trailer todo apodrecido é a imagem perfeita pra descrever esse momento bizarro de triste na vida do personagem — que eu tenho que falar de novo, fazia falta. A presença do Taylor Kitsch em tela é forte demais.

Caio: Ele está precisando de uma boa conversa com o Coach, com alguém para colocar Tim de volta em um caminho. Deve ser muito complicado sair da prisão e se ver sem esperanças e sozinho. Mas ele tem gente ao redor, só precisa dar espaço. Todos ali amam Tim demais e mesmo Billy se movendo pela culpa, ele quer o irmão por perto; Mindy quer, todos querem. O fato é que Tim precisa de um tempo pra descobrir o que fazer da vida a partir de agora e de algum mentor que seja mais forte e centrado do que o coitado do Billy. A solidão e o desespero de Tim sem ter os antigos amigos e as mesmas situações que ele vivia na escola mostram a mesma tristeza que a gente sente com mudanças e com o fato de que, apesar de tudo, a vida continua; e de como FNL vai fazer falta e que os melhores momentos da vida de Tim, foram os melhores da série. Mas assim como nós nos acostumamos com novos personagens, ele também se adaptará…é só dar tempo ao tempo.

Guilherme: Dois episódios. Um jogo. Um trilhão de coisas pra acontecer. Mas depois de tudo que FNL já fez, depois de todos os jogos importantes que The March mostrou num ritmo perfeitaço… Não tem como não confiar neles. É muito bom quando uma série acaba por cima, sabendo exatamente onde quer chegar. Duvido que essa quinta temporada não acabe se tornando daquelas que ensina pra todo mundo na televisão como se faz uma temporada final. Argh, que saudades já 🙁


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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