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Fringe – 4×19 Letters of Transit

Por: em 23 de abril de 2012

Fringe – 4×19 Letters of Transit

Por: em

“Eles vieram do futuro. No começo, apenas observavam, testemunhando momentos chave da história da humanidade. Nós os chamamos de Observadores. Em 2015 eles pararam de observar e tomaram o controle.”

Primeiro, eu queria pedir desculpas por não ter postado este texto no fim de semana. Uma junção de problemas pessoais com um episódio extremamente bom e absurdamente rico em detalhes, que me fez ter que assisti-lo mais de 3 vezes até me sentir seguro o suficiente para escrever o review – e ainda assim tenho medo de deixar passar algo, espero que caso eu o faça, vocês me ajudem nos comentários. Acredito ser o texto mais difícil que já escrevi aqui para o Apaixonados.

Assim que assisti “Letters of Transit” pela primeira vez, minha cabeça explodiu e jogou meus miolos pelos cantos da casa. Por ser um episódio localizado no futuro e pela abertura inicial explicando o ataque dos Observadores ter nos situado muito bem na situação, eu já estava esperando muito, mas o que eu vi foi bem mais do que eu poderia esperar. Foi facilmente para o meu Top 5 de episódios de Fringe.

Sei que tem gente reclamando que fazer um episódio no futuro a essa altura é suicídio, já que ninguém sabe se a série será ou não renovada (embora todos os prognósticos apontem que sim) e que ainda há várias pontas em abertas a serem esclarecidas. A questão primordial aqui é que esse episódio não foi feito no futuro por um mero capricho, ele tem uma razão de ser e existir e depois de ter lido entrevistas com os produtores afirmando que uma eventual porta para a 5ª temporada seria aberta aqui, eu comecei a refletir mais ainda sobre o que vimos. Vou deixar para compartilhar minha teoria ao final do texto.

“Letters of Transit” é um episódio que merece aplausos de pé e em todos os pontos. Não é fácil jogar o telespectador de uma hora para outra em um mundo totalmente futurista, com personagens que ele nunca viu na vida e que PRECISAM funcionar dentro de uma determinada trama, ou a hora de TV estará perdida. O roteiro do episódio foi extremamente feliz. Já nos 5/6 minutos antes da opening (incrível, vale ressaltar) conseguiu situar todo o novo cenário. Mostrou que a Boston – e o mundo – como conhecíamos não existe mais e que agora estava vivendo uma distopia e o que era travado diariamente era uma guerra silenciosa entre Observadores e Nativos.

No que diz respeito a construção da época, o trabalho foi impecável. O ar de cidade futurista, os trens bala, cartazes dos Observadores espalhados pela cidade, os equipamentos, as roupas, a segurança reforçada, os nativos isolados, cartazes pregando uma resistência jogados em poucos cantos… Tudo, absolutamente tudo soou no lugar, nada pareceu forçado e foi muito mais fácil do que eu imaginava ‘comprar’ aquele novo mundo no qual fomos jogados da noite para o dia.

A apresentação dos personagens também não deveu em nada. Simon e Etta foram bem colocados na situação e seus intérpretes, o Henry Ian Cusick, eterno Desmond Hume de Lost e a Georgina Haig, que interpretou a Etta, estavam muito bem e deram a ambos os personagens o tom adequado. A nova configuração da Fringe Division, agora sendo obrigada a atuar contra a população rebelde que ainda existisse, foi interessante de se ver também. Uma nova perspectiva, mesmo que forçada, da equipe.

Vi muita gente falando sobre o quão óbvio era Etta ser filha de Peter e Olivia, mas honestamente, isso não foi uma coisa que passou pela minha cabeça tão cedo. Assim que ela apareceu, eu imaginei que era a Ella, mas como a menina nunca deu as caras nesse novo mundo amarelo, logo descartei a possibilidade. De fato, minha ficha só caiu na cena final, minutos antes dela dizer “Hi Dad”, com o olhar que ela lançou ao Peter. E foi aí que eu notei o quanto o episódio inteiro tinha feito parecer isso com o jeito dela, que em muito lembra a Olivia, além de uma habilidade especial – no caso aqui, não pode ser lida pelos Observadores.

A interação entra ela, Simon e Walter foi uma delícia de se ver. John Noble é tão formidável que se encaixa em qualquer cenário em que tiver sido jogado e faz parecer tudo a coisa mais natural do mundo. Mesmo sendo clichê, a história da antiga Fringe Division ser lembrada como uma lenda no mundo atual funcionou muito bem e fez bastante sentido. Com a dominação abusiva e a iminência de uma guerra, se apegar a esperanças – mesmo que ilusórias – é totalmente justificável e é um recurso que é bastante usado em filmes e livros do tipo – eu mesmo pensei em alguns quando Etta e Simon conversaram e ele chamou tudo de ‘mito’.

A presença do âmbar se mostrou novamente importante. Espero muito poder assistir uma 5ª temporada onde tudo seja um pouco melhor explicado – não é uma reclamação quanto ao episódio, longe disso – e acho que é exatamente o que vai acabar acontecendo. Li por fóruns afora que a abertura deste novo mundo ser amarela pode ser um sinal de que no fim das contas, é para o âmbar que todos vão e eu começo a acreditar que esse pode ser o cliffhanger para a quinta temporada e que, nela, veremos esse novo mundo. (Em tempo: O season finale mudou de nome e não se chama mais “End Game” e sim “Brave New World.” Sugestivo?)

O que ferra essa teoria e ao mesmo tempo também pode comprovar – e isso me deixa amedrontado –é a ausência da Olivia nesse mundo. Para mim, é óbvio que ela está morta e que, de alguma forma, William Bell teve participação nisso. September disse claramente que observou todos os futuros e que em nenhum ela ficaria viva. Não faço a menor ideia de como vão contornar isso, mas na mesma entrevista onde falaram sobre esse episodio ser a porta da 5ª temporada, foi dito que isto se resolveria no season finale.

Antes de falar sobre a minha teoria – que envolve isso que eu disse anteriormente, também -, preciso elogiar o trabalho de maquiagem que foi feito em Broyles e Nina. Os dois realmente pareceram velhos e, acima disso, duas figuras amarguradas e destruídas pelo tempo, lembrando com nostalgia de uma época que que aparentemente não vai voltar. Na conversa do Broyles com o que pareceu ser uma espécie de líder dos Observadores, foi meio que explicado a invasão, embora ainda tenha ficado tudo um pouco confuso demais pra mim. O Expurgo foi feito porque os homens tinham destruído o planeta em 2609 e acabado com todos os animais?

Achei muito bacana também voltarem com a trama dos pedaços retirados do cérebro do Walter – se isso foi planejado, merecem os parabéns e se não foi, merecem mais ainda – e toda a sequência final com Simon se sacrificando para libertar Peter do âmbar. A interação entre Astrid e Walter quando ela voltou também foi muito legal.

Quanto a minha teoria, é a seguinte: Em um determinado momento do episódio, Etta e Simon comentam que a antiga Fringe Division salvou o mundo, mas não sem consequências. Eu acredito que isso se refira exatamente a guerra contra Jones que estamos observando e que a consequência disso tenha sido a unificação dos mundos. Durante todo o tempo, o episódio me deu a impressão de que o que víamos era uma junção do lado A e do lado B. Uma combinação da tecnologia, o lance do café e diversas outras referências que apontam para o lado A.

Começo a acreditar que é isso que veremos na segunda parte do season finale em três semanas. Um mundo unificado que aparece como salvação para toda a situação com o Jones e que, no final, será invadido pelo Observadores – acredito que seja o cliffhanger que avisaram que está gravado, mas que só será lançado após a confirmação da renovação.

De uma forma ou de outra, o que eu sei é que esse episódio me confirmou (se é que precisava ainda) que estamos diante da melhor produção de ficção científica dos últimos tempos. Indispensável, inteligente, criativa, sensacional.

PS. O Star Wars fã em mim abriu um sorriso de ponta a ponta com o Walter dizendo “these aren’t the ‘droids you’re looking for”.

 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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