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Fringe – 5×08 The Human Kind

Por: em 8 de dezembro de 2012

Fringe – 5×08 The Human Kind

Por: em

Acompanhar essa temporada de Fringe e escrever os reviews aqui tem sido um exercício e tanto. Se na 4ª temporada, quando a série estava em uma leva de episódios mais simples, por assim dizer, já era complicado refletir, analisar e tentar transportar pro papel tudo que a série estava fazendo, agora, então, se tornou tarefa de rei. Pra mim não há mais o que discutir: Estamos em uma temporada final sensacional. Pode até ser mais lenta em termos de ação, mas o jogo psicológico que o roteiro se propõe a fazer (e o faz com todos os méritos) é de uma qualidade singular e a densidade conferida a uma trama que facilmente cairia na superficialidade de uma simples guerra é admirável.

Mesmo na época do seu “desaparecimento” ou de sua descoberta quanto a ser do outro lado, Peter nunca esteve tão no centro da história como agora. Considero esse arco da tecnologia observadora, de longe, um dos melhores da série e diria que foi um presente mais que merecido dos produtores da série para Joshua Jackson. John Noble sempre dispensou elogios, Anna Torv mostrou do que era capaz quando Bolivia surgiu na história, mas o Joshua ainda não tinha tido seu grande momento. Até agora. Talvez, em termos de composição do personagem e atuação, The Human Kind tenha sido o seu melhor episódio na série inteira.

Do começo ao fim, as nuances demonstraram a influência avassaladora que a tecnologia estava exercendo, não apenas na expressão facial vazia, mas também no tom de voz seco, na virada de cabeça mecânica, no olhar sem qualquer resquício de humanidade, no modo como ele parecia se importar com pouco ou quase nada que não fosse sua vingança contra Windmark e os Observadores.  Peter, durante pouco mais de 40 minutos, não foi humano. Foi um Observador, da cabeça aos pés, ainda que não usasse o terno característico ou estivesse careca.

A luta contra o Windmark e o modo como ele – Peter –  estruturou todo o plano de vingança foram duas coisas que me deixaram bastante surpreso e apreensivo. Na verdade, desde que aconteceu a troca das malas, semanas atrás, eu fiquei me perguntando onde tudo isso daria. E aí eu me pergunto: Se com tão pouco tempo submetido a tecnologia,  o Peter já desenvolveu tantas habilidades, o que ele faria a longo prazo? É complicado até especular. E depois daquela cena final impecável, eu decidi que vou parar de tentar adivinhar qualquer coisa desses episódios finais.

A sequência que encerra The Human Kind é um espetáculo, em qualquer que seja a percepção analisada. O texto estava irretocável, a direção contida, com um enquadramento forte no rosto do Peter e da Olivia, a montagem dos personagens, a chuva (que poderia ser clichê, mas aqui casou perfeitamente com o clima), tudo coroado pelas atuações esmagadoras do Joshua e da Anna.  Se não a melhor atuação dos dois, certamente uma top 3. O olhar de desespero e dor da Olivia, contrastado com a melancolia e o torpor no rosto do Peter trouxeram àqueles poucos minutos um misto de força e fraqueza que, confesso, poucas vezes eu vi num seriado de TV.

Fui pego total e completamente de surpresa com a escolha do Peter. Quando os flashbacks apareceram, eu cogitei a possibilidade dele realmente se livrar do implante, mas, ainda assim, vê-lo tirando aquela coisa da nuca me deixou estarrecido e derrubou todas as mil e uma teorias que eu tinha sobre o futuro dele como Observador. Tivemos mais uma prova de que, no fim de tudo, Fringe é uma série sobre o amor e a intensidade do sentimento compartilhado entre ele e Olivia é uma das grandes forças motoras do programa. As mãos apertadas e o I love you seco e rouco da Olivia antes dos créditos subirem encerraram a sequência da maneira mais devastadora possível.

Todas os momentos anteriores do capítulo que envolveram o plot  também foram incríveis. A ligação do Walter para o filho assim que a Olivia lhe conta sobre o que está acontecendo é matadora, especialmente quando ele implora para que o Peter venha ao laboratório. Se  já tava sendo barra para a Olivia, imagina pra ele, que já tinha perdido o filho duas vezes? Até a ideia de uma terceira deve doer. Uma coisa que me chamou atenção foi a atuação mais contida do John Noble. Geralmente, era esperado que o Walter surtasse completamente e a Astrid se mostrasse mais calma, mas aconteceu exatamente o contrário e o John, só com as palavras e as nuances tão bem construídas, conseguiu transmitir o desespero de um pai que estava vendo o filho tomar um caminho sem volta.

O encontro dos dois no laboratório foi minha segunda cena favorita, exatamente por mostrar muito bem o estado de espírito do Walter, impotente diante de um Peter que lembrava cada vez menos seu filho. We need you, son. I need you.

Fora desse eixo principal envolvendo o Peter e sua quase perdida humanidade, a história do “plano” do Walter ganhou mais força. Por mais que eu quebre minha cabeça, eu não consigo imaginar no que isso vai dar. Conversando com alguns amigos que também vêem a série, chegamos a uma teoria de que o plano está, de alguma forma, ligado a uma viagem no tempo. Cogitei a possibilidade de Walter retornar ao momento em que atravessa o universo com Peter, mas, dessa vez, interferindo para que ele próprio e o filho morram no lago, o que alteraria todo o futuro. Mas acho isso hardcore demais, até pra Fringe. 

Os diálogos da Olivia com a Simone (especialmente o discurso sobre ter habilidades) foram outro ponto interessante do episódio. Se a temporada tivesse mais episódios, seria interessante conhecer mais essa personagem e entender esse dom dela. Será que ela também foi tratada com cortexiplan? Fiquei o tempo inteiro com medo de ela não estar do lado da Olivia e tudo aquilo ser uma armação. Pior que, no fim das contas, ainda não deu pra saber direito. Será que ainda veremos mais dela na série? A 5 episódios do final, acho que não.

Outro detalhe que me deixou surpreso: A Olivia carregar com ela a bala que a Etta usava. Foi uma coisa pequena e aparentemente simples, mas que no contexto final acabou sendo bem importante, não apenas por ter sido ela a responsável por salvar a Olivia dos caçadores de recompensa, mas por ser um elemento importante na conversa que ela teve com o Peter ao final.

Contando de agora, ainda temos 5 episódios, 2 esse ano e 3 em 2013. Essa semana, a FOX divulgou que o series finale do dia 18 de janeiro se chamará An Enemy of Fate que, em uma tradução livre e literal, significa Um inimigo do destino. De acordo com o produtor J.H Wyman, será o maior final que uma série de TV já viu.

Alguém duvida? Eu não.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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