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Game of Thrones – 3×01 Valar Dohaeris

Por: em 1 de abril de 2013

Game of Thrones – 3×01 Valar Dohaeris

Por: em

Quando escrevi as reviews de Game of Thrones temporada passada, eu era totalmente leigo no universo criado por George R.R Martin. Hoje, quase um ano depois, o cenário mudou. Li os 4 primeiros livros de “As Crônicas de Gelo e Fogo” no intervalo entre as duas temporadas, estou pra lá da metade do quinto e, a despeito de algumas pequenas ressalvas que não convém comentar, tornei-me fã de Westeros e do complexo jogo que Martin criou. É difícil explicar, mas o que me prendeu à história foi exatamente a mesma coisa que fez com que  eu me apaixonasse pela série durante as duas primeiras temporadas: A costura da trama, o teor psicológico e a dubiedade de praticamente todos os personagens, renegando o maniqueísmo comum a muitas histórias épicas.

Valar Dohaeris deixa isso bem claro em todas as ações retratadas, mas, acima de tudo, solidifica o crescimento dos personagens da série – algo que é fator primordial pra que qualquer trama, seja lá qual for o formato, funcione.

Sansa e Tyrion, por exemplo. São dois dos personagens mais interessantes da série, cada qual a sua maneira. A Stark, embora tenha a companhia de Shae e possa assistir navios indo e vindo de Porto Real, sente-se presa (e o é). Tudo em Sansa denuncia sua urgência em fugir para longe daquele lugar que, um dia, ela tanto sonhou em estar. O olhar vazio, o modo de falar, até a apatia no jeito de andar. Ela viu o pai perder a cabeça na sua frente, achava que Arya estivesse morta e acredita que perdeu Rickon e Bran. Não sabe o paradeiro da mãe e do irmão mais velho, mas sabe que seu ex-futuro-marido quer a cabeça dos dois numa bandeja. Dessa maneira, é perfeitamente compreensível que ela aceite qualquer ajuda que lhe for oferecida, mesmo a de Lorde Baelish, um dos homens mais espertos (e mais traiçoeiros dos Sete Reinos).

Já o anão, é provavelmente a pessoa mais amargurada dentro de Westeros, mas alguém pode culpá-lo? Ele agora carrega uma cicatriz exposta na carne, mas, antes disso, muitas outras (internas) já existiam. Fica claro em suas conversas com Tywin e Cersei o quanto ele sofreu com o desprezo que lhe é imposto desde criança, seja por sua condição de anão ou por sua mãe ter morrido ao lhe dar a luz. Agora ele perdeu o posto de Mão do Rei, viu seu próprio pai negar-lhe Rochedo Casterly, seu por direito e, na teoria, não tem mais nada a perder – o que o torna uma das figuras mais interessantes na atual configuração do Jogo dos Tronos. Blackwater e o pai tiraram-lhe o sorriso irônico do rosto. E dizem que nada é mais perigoso do que um homem que perdeu sua alegria.

O jogo de Tyrion é psicológico. Ele sabe que não pode ganhar de Cersei ou Tywin na força ou pela comoção, então apela pra cabeça, aquilo que ele sabe usar melhor.

O que o coloca em vantagem, seja lá para o que ele decida fazer, é a presença de Margaery em Porto Real, claramente apenas tolerada por Cersei. O grande defeito da irmã de Jaime é, talvez, pressupor que todos são idiotas e facilmente manipuláveis como Robert, a quem ela enganou a vida inteira. Não, não são. E os Tyrell muito menos. Loras e Margaery sabem que só tem a ganhar com o casamento arranjado da garota com Joffrey, assim como Porto Real, que não arriscaria perder o apoio de Jardim de Cima. Uma guerra silenciosa já está declarada entre a Rainha Regente e a futura Rainha de Westeros e Joffrey, como bom covarde que é, nada faz para interferir. Continua se escondendo atrás de guardas e grades, acreditando que ser rei se resume a mandar e desmandar.

E na batalha, Margaery sai na frente por ter algo que Cersei não tem: Carisma, o que a torna bem quista diante dos olhos de Westeros.

Jon Snow – que após a leitura dos livros, se tornou meu personagem favorito, devo acrescentar – é mais um que vai ter que jogar com o carisma para conseguir convencer Mance Rayder e os selvagens que, agora, é um deles. Jon é esperto, mas tem contra si suas emoções (agora representadas por seus sentimentos por Ygritte) e seus ideais, aos quais terá que ferir se quiser concluir com sucesso a missão que lhe foi deixada. A seu favor, o rapaz tem força de vontade. De sobra.

Coisa que falta a Stannis após a derrota em Blackwater. O rei em Pedra do Dragão viu boa parte do seu exército ser devastado e teve que recuar, deixando Joffrey no Trono. O mais interessante de sua história, contudo, não é em nenhum momento seu desejo de reaver o que acredita ser seu por direito, mas sim o conflito abertamente declarado entre Davos e Melisandre, imprevisível, categórico e desleal, já que por mais que aprecie a lealdade cega de Davos, Stannis não enxerga um palmo a frente do nariz quando se trata de Melisandre, muito disso por culpa da obsessão por tomar o Trono de Ferro para si.

Já a Robb Stark, o autoproclamado Rei do Norte, a obsessão vai se transformar em um ainda mais forte desejo de vingança. No olhar de Robb, ficou claro o quanto ver Harrenhall e os nortenhos daquela maneira mexeu com tudo nele. Mandar prender Catelyn pela libertação de Jaime foi a prova disso.

Do outro lado do Mar, a Rainha dos Dragões continua sendo a personagem mais curiosa de se observar. Sua motivação ao Trono é mais forte que a de Stannis, Joffrey ou Robb – se aproximando um pouco deste último. Dany quer reaver o que um dia foi de sua família e Robert tirou a força. O mais bacana daqui foi ver que ela finalmente entendeu que não vai conseguir tomar Westeros apenas com dragões. Contudo, ela ainda precisa trabalhar o mesmo que Jon: Suas emoções. Para reivindicar o trono que era de seu pai, ela vai precisar ser dura, fria, tudo que ela tenta ser, mas não consegue – como ficou claro no encontro com os Imaculados.

Talvez a chegada de Barristan traga a ela o que precisa.

 

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PS. Queria pedir, mais uma vez, pra galera que leu os livros se controlar um pouco e não postar spoilers nos comentários. Tem muita gente que ainda não leu e certamente não quer saber o que vai acontecer.

PS². Não vou ficar comparando livro e série, porque são coisas diferentes, mas vez ou outra vou fazer algum comentário (aqui nos PS’s mesmo) a respeito. Sobre esse episódio, a única coisa que eu quero comentar é que, por mais que eu tenha adorado a chegada de Sor Barristan (um dos meus personagens favoritos), acho que se o suspense tivesse se mantido um pouco mais, como nos livros, sua entrada seria mais impactante.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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