Vocês devem ter notado que eu moderei as minhas reclamações quando ao enredo de Glee depois da primeira review, porque notei que não era exatamente o que vocês, fãs de Glee e leitores do blog procuravam por aqui. Mas ao mesmo tempo notaram que apesar de moderadas, as criticas não deixaram de existir. Porque essa é a minha forma de fazer reviews: achando pontos que me deixaram desconfortável ou insatisfeita mais do que pontos de felicidade e satisfação. Mas a review não é sobre mim, é sobre Never Been Kissed. E porque abordar esse assunto aqui? Esse foi o episódio mais cheio de roteiro, significado, discussão e tudo que eu sempre sonhei em Glee. Era isso que eu senti falta e reclamei muito lá na review do primeiro episódio dessa temporada: história e abordagem inteligente de assuntos sérios.
Finalmente, toda a palhaçada que Mr. Schue fez contra Beiste no primeiro episódio dessa segunda temporada foi consertado. Infelizmente foi necessário que os alunos do GleeClub fossem preconceituosos e magoassem a treinadora que tem melhorado tanto o time da escola para que Mr.Schue finalmente conhecesse melhor a pessoa maravilhosa e tão sofrida que ela é. E foram tantas cenas extremamente constrangedoras envolvendo Dorothy-Marie Jones nesse episódio que eu não sei se suportaria se estivesse no lugar dela. Esse pedaço da trama mostrando a falta de tolerência das pessoas com as diferenças foi muito forte. Me peguei chorando ao assistir a essas cenas. Espero ansiosa pelo episódio em que ela irá cantar.
A volta de Puck foi linda, o dueto dele com Artie cantando One Love foi a melhor música do episódio, de longe. A amizade entre Artie e Puck vai acrescentar muito a eles e a história: eu espero um Artie mais auto-confiante e um Puck mais humano depois dessa amizade.
Esse foi o episódio que mais me surpreendeu nessa temporada porque ele trouxe toda a discussão sobre homossexualidade que eu esperava ser trabalhada desde que vi Chris Colfer atuando em Glee. A cada cena do brutamontes do time de futebol (alguém sabe o nome dele?) batendo em Kurt me revoltava mais e mais. E o fato de ninguém fazer nada por Kurt, me irritou muito. Talvez – imaginação minha – essa discussão sobre homossexualidade e preconceito tenha sido adiada até agora esperando pela entrada de Blaine na história. E que entrada ótima.
Teenage Dream cantado pelos Rouxinóis me fez dar uma chance a Kate Perry, eu admito que nunca tinha escutado com atenção, mas essa versão ficou tão fofa, que até me motivou a buscar mais músicas dela. O olhar apaixonado do Kurt para aqueles meninos cantando juntos, animados, dançando, juro que eu pensei que ele fosse pedir transferência de escola na cena seguinte. Todas as cenas de Kurt e Blaine juntos me fizeram suspirar, eles são perfeitos juntos – mesmo sendo a estréia de Blaine em Glee – já torço por esse novo possível casal.
As meninas foram ótimas dançando Living On A Prayer/Start Me Up, o figurino, a atitude, a coreografia, tudo muito bom, as músicas originais são o máximo, mas o mashup não conquistou meu coração. Os meninos ficaram com Stop! In The Name Of Love/Free Your Mind, e não fizeram feio, a versão ficou bem boy’s band, em alguns momentos eu me senti escutando N’Sync – e não que seja uma coisa ruim, era só o que eu escutava na adolescência, e amava. Mas assim como o Mashup das meninas, esse também não me fez ter vontade de escutar denovo e denovo.
Os Mashups não me convenceram, não chegaram nem perto dos feitos na temporada passada, mas isso não significa que eles tenham sido ruins: o fato é que já vimos mais, ja vimos versões melhores e mais empolgantes, e sabemos que eles podem fazer melhor que isso.
O tema central do episódio, com as duas abordagens diferentes, o primeiro beijo de Kurt, que foi quase um ato de violência e o primeiro beijo de Beiste, que foi uma demonstração de amizade, foi feito com muita maturidade. Glee resolveu encarar de frente esse tema difícil que é o preconceito.
Glee é sim um seriado musical que na maior parte do tempo nos diverte com versões de músicas e histórias rasas: mas precisa ser sempre assim? Never Been Kissed mostrou um Glee diferente: menos música e mais realidade. Nem todos os fãs procuram por isso em Glee, mas eu, particularmente, ficaria bem feliz se fosse sempre assim.
