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Grey’s Anatomy – 8×13 If/Then

Por: em 3 de fevereiro de 2012

Grey’s Anatomy – 8×13 If/Then

Por: em

As if they were just meant to be.

Pois é. Algumas coisas são simplesmente assim. Meant to be. É pra ser, não importa o tempo, o espaço – e no caso de Grey’s, nem a realidade. Foi a maior mensagem que If/Then passou, e com maestria. Foi não só um dos meus episódios favoritos da temporada, mas também da série inteira. O modo como ele foi construído, atentando-se a cada detalhe, cada coisa mínima, é louvável.

O maior poder de Grey’s Anatomy está nos seus relacionamentos, nos seus personagens, na forma como tudo convergiu para que estejamos onde chegamos hoje. E eu tinha um pouco de medo de o tão falado episódio de realidade alternativa destoar um pouco disso e acabar sendo estranho, mas aconteceu exatamente o contrário. Ele só fortaleceu ainda mais as certezas que a série JÁ nos passou. Além de, claro, também divertir um bocado. Ou vai dizer que você não riu quando viu, no começo, a Callie e o Owen com 3 filhos, a Bailey com aquele cabelo e o Alex com óculos de nerd?

Quando eu falo do cuidado com os detalhes, eu me refiro, por exemplo, as citações relacionadas à Izzie, George e Burke, que eu acredito que muita gente desejava ver aqui (Ok, Burke nem tanto, mas Izzie e George com certeza). Eu abri um sorriso quando contaram a história do Denny, quando o Alex se referiu ao O’Malley como 007 e no momento em que citaram o relacionamento de Burke e Cristina. São pequenas coisinhas, mas que reforçam o carinho que eu sinto pela série e por ela não ignorar esses acontecimentos que são pilares do que ela é hoje. Foi no momento da conversa no refeitório que eu comecei a cogitar a possibilidade do episódio trilhar este caminho – de mostrar como tudo, lentamente, acabaria convergindo para o cenário em que estamos hoje.

Claro, isso não tira o mérito da construção feita anteriormente, nos primeiros minutos, mostrando as diferenças gritantes entre este universo (vou acabar chamando assim mesmo) e o no qual a série se passa. Pelo começo, realmente parecia que veríamos Addison (Kate Walsh sempre linda, né? Sempre que ela aparece no SGH, me vem a certeza de que ela nunca deveria ter saído de Grey’s) e Derek como um casal perfeito, Ellis Grey como mãe atenciosa, Alex e Meredith juntos, Cristina (e aquela franja, ein?) isolada do restante dos internos, Bailey como uma pessoa fragilizada e por aí vai.

Miranda (ou eu deveria dizer Mandy?) Bailey foi uma das que mais me impressionou. Eu consegui perfeitamente comprar de cara Callie casada com Owen e na cardio (e aqui a gente volta pros detalhes, pra cena mínima dela falando que talvez se desse melhor na ortopedia ou algo assim), o relacionamento de Meredith e Alex e tudo o mais, mas foi muito estranho ver a nazista totalmente submissa à uma Ellis Grey, dominante em todo o SGH.

Gostei do relacionamento dela com o Alex e a cena final dos dois no elevador, pós demissão dela e flagra dele com a April, foi uma das minhas favoritas. O discurso dela de nunca desistir e construir o próprio destino me tocou. E o Alex se mostrou aquele cara que eu amo: Que só usa uma máscara de arrogância porque, no fundo, é tão frágil quanto qualquer outro e um ser humano que erra quando não devia. Mas quem não erra, não é? (E que fique claro aqui que não estou defendendo traição, nem nada).

Lexie drogada foi outra coisa que me surpreendeu e a cada momento em que ela desabafava com o Avery, eu me perguntava quando e como colocariam o Mark na história – porque, sim, eu tinha certeza que iriam, eles são soulmates e isso já tá mais do que provado. Então, eu abri um sorriso no rosto quando ele entrou com ela nos braços, clamando por socorro, depois da fuga. Além de também ter vindo pra provar por A + B que, não, Derek e Addison não são o casal perfeito. A cena em que ela conta que o filho não é do Shepperd foi meio que um revival do momento em que o Derek chega e flagra o Mark saindo do banheiro, né? Adorei.

Aliás, é interessante como o roteiro do episódio foi jogando pistas aqui e ali sobre onde iríamos parar. Callie dando olhares suspeitos para Arizona e depois elas trabalhando juntas, Cristina ajudando o Owen com os problemas dele, Cristina e Meredith brigando por uma cirurgia, drunk Lexie citando que tinha uma meia irmã, a tensão sexual de Kepner e Karev … Tudo sutilmente bem colocado.

Mas o destaque ficou mesmo por conta de Kate Burton e sua implacável Ellis Grey. Um dos grandes dramas de Grey’s Anatomy é Meredith sempre viver debaixo do estigma de perfeição e singularidade imposto por Ellis, como se esperassem dela o mesmo posicionamento. Pra quem esperava que uma realidade alternativa trouxesse algo diferente, ledo engano. No começo, até pareceu que teríamos realmente Ellis como uma mãe amável e atenciosa, mas pouco a pouco, todos os caminhos levaram a uma reconstrução da figura que já conhecemos muito bem há 8 anos, que coloca sua carreira acima da vida pessoal e da filha.

A cena da explosão da Meredith com ela, após o “roubo” da Yang na OR, foi minha favorita do episódio. O modo como a Mer descarregou tudo, acusando-a do que nós sabemos que ela é, foi incrível e a Ellen Pompeo estava excelente. Ellis será sempre Ellis e não é uma realidade diferente que vai mudar isso.

No fim das contas, foi uma realidade alternativa nem tão alternativa assim e é aí que está a mágica da coisa. É como se a própria Shonda Rhimes quisesse nos mostrar que é assim que tem que ser. As sensacionais conversas no bar na última cena, entre Meredith e Cristina e Meredith e Derek, mostram bem claramente. Estes dois relacionamentos estão interligados à série, não é possível separar. Assim como Mark e Lexie, Callie e Arizona, Cristina e Owen, um Richard paternal, uma Ellis dura, um Alex que comete erros e daí por diante. Acho que a maior lição que o episódio nos passa é a de que, sim, nós escrevemos nosso destino. Mas quando uma coisa é pra ser, ela será. Não importa a circunstância, mas será. E eu terminei o episódio com um sorriso no rosto ao pensar nisso.

PS. Só mais duas coisas que eu queria comentar e não encontrei espaço no texto: Adorei Meredith chamando April de my person, bem engraçado. E também curti ver o Charles de volta. A despeito de tudo, eu até que gostava dele.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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