Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Grey’s Anatomy – 9×02 Remember the Time

Por: em 6 de outubro de 2012

Grey’s Anatomy – 9×02 Remember the Time

Por: em

A maioria dos comentários que eu li a respeito desse episódio foi que ele deveria ter sido a season premiere. E eu vou me dar ao direito de discordar. Uma das coisas que mais reclamam a respeito de Grey’s Anatomy é do excesso de melodrama que a Shonda às vezes coloca sobre os seus personagens e eu sou capaz de apostar que se tivéssemos começado a temporada com esse episódio, muita gente ia argumentar isso. Que não tivemos tempo pra absorver o acidente, que já veio mais drama e tudo o mais…. Então, ao menos pra mim, a medida tomada pela produção funcionou. Achei esse segundo capítulo tão intenso quanto o primeiro e acho que GA continua com tudo e tem a faca e o queijo pra fazer outra temporada tão boa quanto a passada.

Remember the Time nos levou aos momentos iniciais pós acidente. Curti bastante a estrutura do episódio – basicamente, um bloco pra cada personagem que estava no avião. O tom de sépia em algumas imagens (embora desnecessário, porque acho que não havia ninguém que não soubesse que estávamos vendo algum tipo de flashback) ajudou bastante a criar o clima de lembrança, tristeza e drama que era necessário pra que a história funcionasse.  Ponto para a produção, que estava mais afiada do que nunca. Trilha sonora, direção… Tudo aqui pareceu mais cuidado e contribuiu pra um casamento praticamente perfeito.

O que eu mais gostei foi ver como o lado psicológico dos personagens está sendo bem tratado. E os atores (todos, sem exceção) estão dando um show, diga-se de passagem. É chover no molhado elogiar Sandra Oh, mas depois da cena da banheira, não tem como não se rasgar novamente. A composição que ela deu a essa fase sombria da Cristina é de cair o queixo. A sequência foi maravilhosa. Sem uma trilha sonora ao fundo, se sustentou exclusivamente no roteiro e na atuação da Sandra e do Kevin. O modo como ela dizia cada palavra, como relatava aqueles 4 dias na floresta, a dor, o desespero… Foi tudo tão real, tão sincero que chegou a doer de verdade. A Cristina é uma mulher admirável. Operou com uma arma na cabeça há pouco tempo e agora teve que passar por uma situação dessas. Não é de admirar que tenha ficado todo aquele tempo em choque psicológico. O Kevin McKidd também não deveu em nada a Sandra. A impotência estampada no rosto do Owen foi de dar dó – e aqui eu finalmente aceitei que, sim, eu aprendi a gostar do personagem, de verdade.

E ela não vai ficar muito tempo longe da Mer. Isso é óbvio. Uma não funciona sem a outra e aquela cena final é a prova disso. Não tem relação melhor trabalhada em Grey’s Anatomy inteira e eu vou repetir o que falei semana passada: Não dou meia temporada pra Yang estar de volta a Seattle, aterrorizando os internos junto com a Meredith e apagando da cabeça deles a imagem de uma mulher jogada à cama como uma boneca de trapos, rasgada e estilhaçada.

A força que a Meredith mostrou foi algo que me surpreendeu. Embora ela seja durona, sempre vi a personagem como alguém frágil por dentro, a ponto de se quebrar ao menor toque e eu achei que depois da morte da Lexie, seria impossível pra ela continuar trabalhando no Seattle Grace. O meu medo é que ela esteja criando uma máscara que eventualmente vai cair e trazer toda a dor exponencialmente elevada. O Derek tá sofrendo pra caramba (por mais que ele não aparente, ele com certeza está). Pra alguém que era um renomado cirurgião, descobrir que só vai ter 80% das funções da mão  deve ser um baque gigantesco e não me surpreendeu que ele preferisse ensinar e ficar distante da ação . Ele é do tipo que não aceita fracassos e que provavelmente prefere não fazer a fazer mal feito.

Voltar com a história do Mark foi pesado, especialmente pelo tratamento diferente que foi dado a ela aqui. Semana passada a gente já encontrou o cara em coma, a beira da morte, só esperando o momento de partir. Vê-lo feliz, sorridente e fazendo piadinhas com o Jackson e a Callie foi bem pior sabendo o que o esperava no futuro. Acho que foi uma forma da gente se despedir do personagem do jeito que ele era – feliz, alegre, brincalhão e não um corpo silencioso que estava apenas esperando o momento de partir. Uma das cenas mais fortes do episódio foi  o momento em que o Jackson chega com a Sofia no colo no exato momento em que o Mark piora de vez.  De cortar o coração.

Eu entendo que a Arizona passou por um trauma gigantesco e que não deve estar sendo nada fácil superar tudo. Perder a perna não é uma situação agradável, não seria fácil pra ninguém e os ânimos dela podem estar exaltados o quanto for, mas nada dava a ela o direito de falar com o Alex do jeito que ela falou. Não tem personagem nessa série mais ferrado do que ele, podem notar. Sempre que ele tá conseguindo ficar genuinamente feliz, acontece algo e o joga pra baixo. Ele só se faz de durão, mas no fim do dia, é um dos mais frágeis naquele hospital. E já estava se sentindo um lixo pra chegar a Robbins e passar na cara dele que ele é um idiota e que se ela está assim, a culpa é dele que não estava no lugar que devia estar no avião. Eu torci muito pra que o Karev se revoltasse na hora e falasse umas coisas, mas não seria do espírito dele. Como ele não foi embora de Seattle, eles ainda vão ter muito o que conversar e antes de se entenderem (porque eles vão, isso é esperado), eu espero que ele diga a ela que o mundo não gira ao redor do trauma que ela passou.

A situação toda vai ser potencializada agora que ele foi o amputador da perna dela. A raiva da Arizona vai ser transportada também para a Callie (como já deu pra ver pelo fim do episódio passado) e por mais que eu entenda a situação que ela está passando, eu acho injusto essa barreira entre ela e a Callie e o Alex. ESPECIALMENTE com a Callie, que está tirando forças de onde não tem pra aguentar toda essa barra. Perdeu o melhor amigo e teve que mandar cortar a perna  do amor de sua vida pra que ele pudesse continuar vivo. Espero que essa ‘briga’ não se estenda por muito tempo.

E, mais uma vez, eu preciso fazer elogios a Sara Ramirez. Ela está incrível. Nada menos do que isso. E se eu tivesse que apostar em um nome pra temporada, esse seria Callie Torres.

Os minutos finais desse 9×02 provavelmente estão entre os melhores da série. A narração da Meredith foi uma das mais emocionantes das 9 temporadas. O modo como ela falou do Seattle meio que trouxe de volta tudo que nós já vivemos com esses personagens durante oito anos e foi um discurso que poderia ser feito por qualquer fã. Por mais que coisas ruins aconteçam a série, por mais que a gente xingue, reclame e queira matar a Shonda, nós aprendemos a ‘sobreviver’ a tudo isso e vai ser complicado se desapegar quando a hora chegar. Apesar de tudo, Grey’s ainda é Grey’s. E vai ser por um bom tempo, se o nível assim continuar.

Semana que vem não tem episódio por causa do debate presidencial, mas no dia 18/10, Grey’s tá de volta. Até lá!

2 adendos:

– Ainda não consigo me importar com a Kepner. É mais forte do que eu.

– O Jackson brigou com o cabeleireiro? Pelo amor de deus, aquilo que ele chama de cabelo tá ridículo.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×