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Lost – 6×15 Across the Sea

Por: em 12 de maio de 2010

Lost – 6×15 Across the Sea

Por: em

No final de tudo, Lost não passa de um belo estudo e de uma sempre presente análise do ser humano e da sociedade em geral. Após o ótimo Across the Sea, (tudo bem que eu esperava mais respostas) isso fica evidente.

Desde que o mundo é mundo se discute a alma do homem. O que há lá dentro, o quão bom e ao mesmo tempo, o quão má uma pessoa pode ser e quanto disse vem pronto desde nosso nascimento. Antigamente, quando apenas existia a natureza e sua flora e fauna, o mundo era um lugar de paz, sem espaço para brigas, guerras, egoísmo. A partir do momento que o homem inseriu-se nesse meio, e o conceito de sociedade tomou forma, nasceu a possibilidade do mau. Vários estudos existem sobre o assunto, sobre se tal “escuridão” já vem dentro de nós, ou é algo que aprendemos com o convívio humano.

Quando Claudia chegou a ilha, (fontes dizem que foi em 23 A.C.) foi recebida por alguém, que para mim, personifica a Mãe Natureza. Essa mãe, ao perceber que os irmãos recém nascidos tinham um importante papel a interpretar (ou apenas aproveitou a oportunidade, como bem apontou o Guilherme), matou a progenitora, pois se eles fossem levados e convivessem com os homens poderiam perder suas boas e puras naturezas. Preciso comentar aqui que, mesmo com poucos atores no episódio, todos eles se saíram brilhantemente. Os pequenos atores Kenton Duty e Ryan Bradford souberam interpretar versões jovens de Jacob e do homem de preto com tanta maestria que as ótimas atuações de Mark Pellegrino e Titus Welliver não me espantaram. Mas claro, a atriz Allison Janney como a Mãe foi incrível, e apenas ali, aterrissando na série para um simples episódio, ficará marcada para sempre.

O jogo achado pelo garoto de preto é chamado de Senat e é um dos mais antigos da história. Foi ele que deu força ao garoto para procurar por respostas, pois parecia existir algo a mais do que a ilha. Para tudo precisa-se de equilíbrio e a Mãe o encontrou bem ali, na fonte do mundo. A ilha, com seu coração, pode não parecer razoável para milhões de fãs que assistiram ao episódio, mas pensem comigo: Nós, como seres humanos, queremos respostas para tudo, mas não as temos e nunca teremos, então por que uma série, que fala essencialmente sobre nós e nosso mundo, precisa dá-las? O fato de existir em Lost algo que dê força ao mundo, que mantenha as coisas boas intactas e que prenda as más, é grandioso e de fato o que podemos aprender é que não devemos tentar compreender tudo, porque nem tudo é compreensível.

Após ver o passado do homem de preto, ele realmente não era de todo mal. Era curioso, duvidoso e queria saber a verdade a todo custo, mesmo que isso significasse matar a pessoa que o criou, e sim, o amou, pois a Mãe tinha fé no garoto. Nisso tudo descobrimos os objetivos primários dos poços e da construção da roda que serve para poder tirar alguém da ilha através de viagens temporais. O que incitou o garoto de preto a ir atrás disso foi o aparecimento de sua mãe morta, mas o por que dele poder vê-la e Jacob não, não consigo responder. Destino, talvez?

Veja a ilha como nosso planeta terra, a Mãe como a natureza e seus filhos como a capacidade do homem de ser bom ou mal. Nossa fome de querer saber tudo, como tentar recriar o Big Bang e outros estudos, podem ser catastróficos. Compare tal fome com a vontade de sair da ilha do homem de preto. Isso também não seria catastrófico para aquele lugar? Pois bem…

No mais, o episódio nos forneceu outras duas repostas de dois mistérios antigos da série. Até os momentos finais víamos o homem de preto querendo sair, mas ele não era um vilão. Do contrário, amava Jacob e respeitava a Mãe, e sabia que a sociedade era ruim. Porém, quando pisaram em seu caminho, o homem de preto usou de sua força e foi jogado por Jacob para dentro do coração da ilha, que de acordo com a Mãe, é pior do que a morte. E realmente, o que pode ser pior que morrer? Virar uma fumaça sem corpo, sem alma, sem humanidade, onde apenas a raiva e o ódio prevalecem e continuar “vivendo” por milhares de anos sem poder sair do lugar que lhe assusta. No momento em que o homem virou fumaça foi que o vilão deve ter nascido, e aquele que hoje vemos com o corpo de Locke é sim, um grande vilão.

A outra resposta foi sobre Adão e Eva. Os esqueletos que foram vistos pela primeira vez no episódio 1×06 House of the Rising Sun, e que a maioria acreditava serem Rose e Bernard, acabaram sendo o homem de preto e a Mãe. Uma bela resposta, ainda mais com as pedras do jogo do garoto e terem sido colocados lá por Jacob, no local em que mais tarde, os sobreviventes iriam morar. O que ainda fico me perguntando é se Richard, ao tomar o vinho, que transferiu a obrigação de cuidar da ilha, da Mãe para Jacob, também leva tal tarefa nas costas, ou se tudo isso caiu por terra quando o homem de preto quebrou a garrafa.

Agora só falta mais um, o What They Died For semana que vem, e então dia 23, um domingo, damos adeus ao drama dos sobreviventes, dessa vez para sempre.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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