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Pan Am – 1×02 We’ll Always Have Paris

Por: em 5 de outubro de 2011

Pan Am – 1×02 We’ll Always Have Paris

Por: em

Com o Clipper Majestic aterrizando em Paris, Pan Am faz um bom segundo episódio, concluindo tramas do piloto e fazendo jus a sua principal alcunha: charmosa.

Quem continuou gostando da série nesse segundo episódio há de concordar comigo: Pan Am sabe chamar atenção. O cenário digitalizado passa uma imagem de fantasia, ao mesmo tempo que nos incita a viver aquela época. Os atores conseguem encenar de forma carismática e o modo de vida dos trabalhadores da Pan Am consegue dar inveja, apesar de todos os pesares.

Esse segundo episódio serviu para amarrar algumas pontas soltas do episódio piloto. Nada de tramas realmente novas ou futuros promissores. Os rumos de Pan Am ainda se formarão. Por agora, We’ll Always Have Paris continuou mostrando quem são aqueles pilotos e comissárias, seus passados e personalidades. Apesar de cada um ter tido sua história, esse episódio teve um foco maior nas irmãs Kate e Laura. E que química Margot Robbie e Kelli Garner tem, não? Elas conseguiram interpretar irmãs com passado, presente e futuro, forjando uma relação que por vezes demora episódios – ou temporadas – para ser conquistada. Antes quero falar do uso dos flashbacks. Por vezes eles foram desnecessários, como mostrar a cena no bar novamente para explicar a história de Bridget. Palavras conseguiriam explicitar a situação. Mas fora essa parte, o uso desse elemento narrativo ajuda a série a nos fornecer detalhes do passado desses personagens. Como em Lost, os trabalhadores da Pan Am estão confinados a um espaço que é o do Clipper Majestic em boa parte do episódio, e então em um local diferente. Eles não voltam para a casa para conhecermos seus passados. Os flashbacks são necessários, então, nesse contexto. E a série está fazendo bom uso deles na maioria do tempo.

O relacionamento de Laura e Kate é conturbado devido a mãe. Foi interessante acompanhar a Sra. Cameron no avião, e ela quase me enganou. Na conversa que teve com Laura, senti que a mãe queria mesmo reparar os erros e estragos que fez nas vidas das filhas. O fato é que ela se sente envergonhada com duas filhas aeromoças, mesmo que uma delas seja capa da revista Life. Essa não é a vida que ela deseja para elas – ou para Laura. Não é por mostrar que fez um passaporte logo depois de Kate virar aeromoça que ela consegue fazer o passado ser esquecido. Não sou noveleiro e se passo meia hora por semana assistindo novela, é demais. Mas acompanhei um pouco da trajetória da personagem de Natália do Vale na novela Insensato Coração. Por mais que amasse os dois filhos, ela tinha uma predileção, por achar que um deles precisava de mais atenção, por ser menos sucedido, ou qualquer outro motivo que sua mente fosse capaz de criar.

O mesmo se aplica nessa história de Pan Am. A Sra. Cameron acredita que Laura precisa dela; que não sabe o que quer da vida e necessita de orientação. Chega ao ponto de culpar a outra filha, Kate, de manipular a vida da irmã. Não estou dizendo que ela é obsessiva, mas naquela época, aparências eram tudo – e hoje ainda são em muitos lugares – e se uma filha sabia bem o que queria da vida e não havia o que fazer, por que não tentar salvar a filha indefesa? O bom é que o ex-futuro marido Greg é um homem bastante simpático e entende as aspirações de Laura. Eu ainda não comprei a ideia de que é realmente isso que ela quer fazer da vida. Afinal, Laura é bastante indecisa, mas por agora, aeromoça é o que tem para ela.

Já Kate é o clássico exemplo de superação. Vejo nela um grande contraste entre independência e apreensão. A mãe não foi atrás e pareceu não se importar com a escolha dela de virar aeromoça, mas Kate tenta aparecer. Foi evidente a pequena faísca de inveja de ver a irmã da capa da Life, mesmo estando na Pan Am por muito mais tempo. Ela deseja viver a vida perigosa de espiã do MI6, que atua, principalmente, fora da Inglaterra. Parece querer provar algo com essa ideia. Provar para a mãe, para a irmã, para o mundo, que, com suas escolhas, ela consegue ir longe, mesmo sabendo que o caminho possa ser perigoso. Afinal, a cena na igreja com Bridget tinha tudo para fazer Kate pular fora do barco, mas ela preferiu continuar.

Toda essa história de espionagem é bastante curiosa. É interessante acompanhar os passos de Kate dentro da Pan Am quando sabemos que a qualquer momento um dos contatos pode aparecer e perguntar as horas. Foi uma grata surpresa ver Bridget sendo esse contato. Confesso que não estava ligando muito para o sumiço dela, afinal, parecia apenas o caso amoroso de Dean. Mas Bridget ganhou espaço nesse segundo episódio, apenas para – aparentemente – ter sua despedida. Por um pequeno erro, ela foi desligada do MI6, e Kate entrou em seu lugar. Agora ela deverá se mudar e viver uma vida de mentiras pelo erro que cometeu, em um trabalho que sabia ser perigoso. Para Dean, ela era uma aeromoça casada, que escondia os laços matrimoniais para continuar voando.

E é aí que entramos em Paris. Amizade ou romance entre Dean e Colette? O fato é que a aeromoça francesa não teve muita história dela mesma. Mas Karine Vanasse tem um talento incontestável no quesito formosura. Ela é charmosa demais, principalmente falando francês. É uma boa moça e grande amiga. O início do episódio, com os diálogos entre ela e Dean foram maravilhosos, cômicos. Inegável também o mesmo talento charmoso de Mike Vogel. Dean pode até parecer superficial, mas sua paixão…seus sentimentos são puros, e isso o transforma em um personagem crível, mesmo para uma época em que homens não deveriam sentir-se dessa forma. Não sei se gostaria de um romance entre ele e Colette, mas quero mesmo que aprofundem a história da francesa, para que Vanasse tenha chance de brilhar além do que uma sidekick para os outros personagens.

Christina Ricci recebeu um pouco mais de atenção nesse episódio, mas a série ainda mantém Maggie no escuro e espero que isso seja por um motivo. O fato é que não se mexe com Maggie Ryan. Cedo ou tarde a série teria que mostrar um plot com um passageiro dando em cima de uma aeromoça de forma mais agressiva. E escolheu a pior. A comissária de bordo é forte e sabe se impor. Maggie é uma leoa indomável e Christina Ricci sabe passar isso. Aliás, a cena em que ela espeta o garfo no passageiro foi uma das minhas preferidas. “I am not included in the price of your ticket”, disse Maggie. E não posso mentir, amo ver Ricci em cena e qualquer momento dela consegue chamar atenção. Ela tem presença. Mas foi com essa pequena parte que Pan Am trabalhou rapidamente com algo importante.

A companhia diz que as aeromoças estão lá para serví-los como bem quiserem. Elas devem sorrir, ter menos de 32 anos, um peso ideal – outra cena que Ricci brilhou, ao confrontar a mulher da checagem das aeromoças –. Elas precisam ser perfeitas. E Maggie sabe fazer isso. Mas com certos passageiro, passa-se uma imagem errada. Ele era homem, dono das mulheres, dono de si, cliente que pagou pelo serviço. O abuso está claro, mas claro para quem? Reportar o acidente que foi apenas em defesa de sua própria integridade, custaria o emprego de Maggie. Então o co-piloto Ted precisou usar a verdade dos negócios: o cliente tem sempre razão. Com isso, ele estragou a amizade de Maggie. A verdade é: Pan Am mostra as mulheres ganhando espaço, mas nunca da forma mais fácil.

A tristeza é saber que a série perdeu cerca de 3 milhões de telespectadores entre piloto e esse segundo episódio. Séries charmosas não tendem a chamar a atenção do público, mas Pan Am adiciona romance e espionagem em sua mistura. Espero mesmo que a audiência estabilize. Ainda quero visitar muitos lugares com o Clipper Majestic.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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