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Shameless – 1×05 Three Boys

Por: em 10 de fevereiro de 2011

Shameless – 1×05 Three Boys

Por: em

Após horas e mais horas sentado na frente do computador para escrever essa review, ainda não tenho uma ideia clara dos meus sentimentos quanto a Three Boys.

Divertido? Sim, foi. Mas apesar de tudo, achei um episódio mais parado que o normal, o que mesmo para Shameless é ágil o bastante. Senti que alguns plots que circundaram a história principal do casamento de Kev e Veronica foram um tanto quanto forçados, como a aparição do irmão. Talvez o motivo de ter achado o ritmo menos acelerado se deva ao simples fato de poucas cenas reunirem a família Gallagher inteira. Mas isso não significa necessariamente uma coisa ruim. Pois Three Boys abriu espaço para os fantásticos vizinhos e conseguiu aprofundar, mesmo que pouco, outras tramas interessantes como o relacionamento de Ian e Kash. A parte de Frank, de longe a mais distante da trama principal, não deixou a desejar e foi ridiculamente hilária.

Por sinal, William H. Macy continua mandando muito bem. O cinismo de Frank Gallagher é demais. Ele é uma pessoa horrível, cheia de preconceitos que só pensa em si mesmo e nos próprios benefícios, passando por cima dos filhos caso isso seja necessário para conseguir o que quer. Nem quando a água bate na bunda ele consegue mudar. Era para ficar triste com o encontro dos pacientes com câncer, mas me digam se foi possível com Frank lá no meio falando asneira e seus “três garotos”? Todas as situações na médica foram hilárias. Ela, interpretada pela atriz Sandy Martin, que eu conheço de Big Love, esteve impecável, e no final das contas os dois forjaram uma pequena amizade sincera e legal. Ele é tão sem noção que tem culhões o suficiente para perguntar aos quatro cantos por que algo ruim assim poderia acontecer a ele. “Because you’re an asshole, Frank” é a resposta mais sincera e incontestável. Ele não é todo mal, é verdade, apesar de que quando age de boa fé, é só para conseguir algo, mas senti que o discurso no casamento de Kev e Veronica foi sincero, mesmo que para uma verdade ter saído de sua boca livremente e longe de segundas intenções ele tenha precisado passar pelo medo de morrer e receber um diagnóstico positivo.

Antes de falar do arco principal, quero comentar os outros plots que tiveram menos atenção mas nem por isso deixaram de ser interessantes. Ian e Kash, por exemplo, é o relacionamento que pode gerar os melhores conflitos. Gostei da ideia de mostrar a casa da família de Kash para Ian. Qualquer um se sentiria desconfortável naquela situação, vendo as fotos da esposa e dos filhos e tudo que vem da cultura deles. Achei mesmo que veríamos a descoberta pela esposa de Kash chegando mais cedo em casa, porém é bom não terem mostrado isso tão cedo. Tem muita coisa para desenvolver do namoro escondido deles. Do pouco que lidaram com Ian no episódio pudemos tirar muitas coisas boas. Primeiro algo que acho difícil de encontrar em séries. O ótimo relacionamento entre irmãos, que mesmo em cenas nas quais só se tira uma frase válida, (“You’re a slut, man”) conseguem nos passar o sentimento de amizade e sinceridade de Ian e Lip. Além disso, sempre comento em minhas reviews que uma das coisas que mais me faz dar credibilidade a uma série é o retorno de personagens com participação pequena, mas que mesmo assim não são esquecidos. E isso aconteceu com Mandy, onde mostraram que os dois continuam ótimos amigos e fingindo um namoro.

Já Lip apareceu pouco. assim como os outros irmãos. Só sei que a rivalidade entre Frank e Lip cresce a cada dia a cada encontro dos dois na casa da Sheila. E com Karen dando em cima do sogro, imagino que a cretinice de Frank pode chegar ao auge com ele fazendo algo com Karen só para provocar e irritar seu filho. Gosto de como a série vem mostrando cada vez mais de Carl, mas de uma forma sutil há cada episódio. Em Three Boys foi a primeira vez que realmente gostei e acho válido ressaltar a atuação do pequeno Ethan Cutkosky. Primeiro com ele colocando o peixe no microondas e a família olhando incrédula, e claro, após “nocautear” o padre pedófilo, fazendo uma cara de missão cumprida. Como o próximo episódio se chama Killer Carl, imagino que o personagem terá ainda mais importância na trama. Ainda sobre outros personagens tivemos Sheila que continua fantástica. Não há o que comentar aqui sem ser repetitivo. Joan Cusack arrasa e quebra nossos corações quando sua agorafobia a impede de sair de casa, ainda mais depois que seu próprio ex-marido foi quem botou medo falando maldosamente sobre o sol. Já Debbie continua provando o quão inteligente é, acabando com os argumentos de Karen sobre como casamento é só um papel sem valor.

Fiona e Steve continuam com problemas no relacionamento. Na verdade é Fiona quem não sabe o que realmente quer. Ela adora a adrenalina, o medo de viver no perigo e isso a excita. Ou seja, pontos para Steve. Por outro lado, ela vê Kev e Veronica, e na vida honesta que ele vive e como os dois são felizes. E apesar de serem pirados, Kev nunca faltou para Veronica, algo que Steve, com seu trabalho, se torna imprevisível. Tony tem um emprego certo, é inteligente e bom garoto e nunca deixaria Fiona esperando. A melhor coisa para ela seria uma junção dos dois, mas enquanto isso não é possível ela aparenta escolher Steve, mesmo que sua mente se contorça de tantos pensamentos sobre a decisão. É engraçado como colocam os dos possíveis candidatos em dois lados totalmente opostos. Steve é o fora da lei que pode ser pego pelo policial Tony. Aqui o primeiro ainda sai ganhando porque tem mais malandragem e o segundo, apesar do emprego, é um tanto quanto ingênuo. Não consigo tirar da cabeça uma cena em que Tony, aos pedidos de Fiona, deixará Steve sair ileso de algum crime e acabará perdendo seu trabalho como policial (juro que não sei se isso acontece na original, só acho que um cenário bastante possível).

Como já comentei, senti falta dos momentos família dos Gallagher e de mostrarem mais como eles fazem para viver, apesar das ótimas cenas em que Fiona e Veronica roubam papéis higiênicos no banheiro e da troca de urina da filha mais velha por lasanha para todos da casa (aliás, eu tive que procurar o vídeo do David Hasselhoff comendo hambúrguer depois do comentário da V). Mesmo sem mais desses momentos, Shanola Hampton e Steve Howey conseguiram levar o episódio nas costas muito bem. Toda a história de Kev já ser casado foi resolvida tranquilamente. Só fico me perguntando se é só isso mesmo que ele disse, que ela era uma alcóolatra e que até cicatrizes de brigas com ela ele tem. Foram muitos vai-e-vem no casamento, mas era óbvio que após saberem do dinheiro que o pai deixou para uma nova casa, eles resolveriam levar tudo adiante. Gostei do jeito que deram para que tudo se encaixasse: o padre, o registro falso, enganar a fantástica mãe da V e tudo o mais. Porém, mais óbvio ainda era que o dinheiro seria pouco ou que nem existisse, afinal os vizinhos não iriam deixar a série tão cedo, e morando longe não iria ser a mesma coisa.

Nisso tudo, tivemos a aparição do irmão louco da V, que apesar de engraçado no começo com sua bipolaridade, alcoolismo e síndrome de Tourette, pareceu forçado demais. A entrada dele na trama deveria servir com algum propósito maior, ainda mais no quanto focaram nisso. Claro, foi divertido acompanhar a falsidade de Veronica convencendo o irmão a sair do banheiro para logo colocarem o cara para dormir e a atuação até que interessante de Anthony Anderson do filme Transformes. Mas toda a ideia de algemá-lo na privada era para que não estragasse o casamento fazendo alguma loucura e quando o vi quase saindo, claro que imaginei sua aparição final acabando com a festa de uma forma divertida. Porém tudo o que o irmão Marty fez foi bagunçar o banheiro e interromper a transa de Lip e Karen. Li que na original o irmão tem um papel maior, então espero que consigam arrumar essa história, nos oferecendo algo mais que promessas ou aparições que resultem em nada de importante.

A festa foi show, isso não posso negar. Foi um casamento divertido com direito a muita bebida e música, e partes bonitas como Kev tirando foto com a única família que ele tem. As despedidas de solteiro não mostraram muita coisa interessante além de Frank machucado e as fotos da diversão dos homens e das mulheres. E ah, alguém reparou que a contorcionista lá do bar da despedida de solteira de Veronica foi no casamento também? Ri muito com Debbie dando conselhos para ela.

Mesmo depois de ter escrito tudo o que achei de importante e meus sentimentos quanto ao episódio, ainda me sinto bem em cima do muro. O bom é que mesmo enfrentando o Super Bowl, Shameless teve uma ótima audiência, conseguindo 0,95 milhões de telespectadores. A renovação está demorando demais!!

P.S.1: Kev: “But what about the gay people?” Veronica: “They got their parades. They can wait.”

P.S.2: Father: “The Bible is the Word of God passed down from generation to generation.” Frank: “How can it be the Word of God if it was rewritten by King James? It doesn’t make any sense.”

P.S.3: Sheila na cena final, simplesmente genial: “Asshole”.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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