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Shameless – 1×10 Nana Gallagher Had an Affair

Por: em 17 de março de 2011

Shameless – 1×10 Nana Gallagher Had an Affair

Por: em

E não é que Shameless consegue mais uma vez? Apesar do número abundante de tramas, a série encontra espaço e agilidade para tratar todas com a carga dramática (ou cômica) necessária, nos entregando um ótimo episódio.

Depois do episódio ir ao ar, vários sites e grupos de conversação comentaram sobre Shameless perder um pouco a credibilidade por apresentar uma trama irreal. O fato é que pais brancos podem sim ter filhos negros. A série não mentiu ou fantasiou mostrando que Liam é filho biológico de Frank e Monica (apesar de eu jurar que não era). Não vou ficar explicando, mas é só lerem esse curto artigo sobre o assunto e vão ver que existem casos semelhantes ao redor do mundo. Raro, mas verdadeiro. Tirando isso, ninguém teve motivos para reclamar do andamento de Nana Gallagher Had and Affair. A história da volta de Monica foi tratada de forma inteligente e dramática, nos fornecendo os melhores momentos do episódio. Ela não bate bem da cabeça. Também não acho que a culpa seja de Frank, afinal, para casar com ele já é preciso um parafuso a menos. A culpa sempre irá corroer Monica por dentro e ela terá de viver com isso o resto da vida. Porém a razão falou mais alto e ela fez a coisa certa, apesar de Bob não ter gostado muito (em diversos momentos eu queria que alguém colocasse a mulher em seu lugar). O interessante da estadia de Monica foi mesmo acompanhar o estrago de sua ausência nos filhos. Fiona é a mais abalada. Não adianta jogar a culpa em como a mãe estava cuidando das crianças. A raiva que ela sente é muito maior que qualquer coisa. Estava claro que não abandonaria os irmãos. Vimos sua busca pela guarda legal de todos eles e de como ainda estava cuidando deles pela babá eletrônica (aliás, cena divertidíssima). O desespero de Fiona na possibilidade de perder o irmão foi passado com muita facilidade por mais um excelente trabalho de Emmy Rossum. A cena final em que Monica coloca Liam nos braços de Fiona é praticamente inenarrável. Toda a raiva se confunde a necessidade de carinho e a garota precisou ser forte para não cair em tentação, por assim dizer.

Se Rossum continuou seu belo trabalho, preciso dizer que esse episódio foi de Jeremy Allen White. Lip precisou ser muito, mas muito forte para não ser levado pelas tentativas de Monica de cuidar dos filhos. A cena em que ela corre atrás de Lip e diz todas aquelas coisas que ele sempre quis escutar, mas nunca teve ninguém que se preocupasse o suficiente para dizer, foi de quebrar o coração, e o ator soube expressar muito bem a dor do personagem. Lip é o mais seguro de si, ou pelo menos o que melhor esconde as dores e decepções pela vida que teve. Ele é inteligente, mas quem pode culpá-lo quando aceita ajudar Steve em seu trabalho? Com que base Lip pode discernir facilmente o que é certo e o que é errado. Não é só ele…quem de nós nunca escolheu pelo mais fácil e errado do que o difícil e correto? Não tem como cobrarmos essas coisas dos personagens, afinal só conseguem sobreviver ao dia-a-dia optando por coisas ilegais. Só espero mesmo que Lip não acabe se dando mal por isso, enquanto Steve, que vive num mundo de mentiras, sai ileso. Sei que a cena em que Fiona e os irmãos confrontam Frank no bar era para ser um tanto quanto mais cômica com as tiradas do patriarca e tudo mais, mas eu fui levado pela atuação de Allen White e senti junto a dor na mão após o soco e o misto de raiva e alívio que Lip sentia. Não é fácil conviver com alguém como Frank, ainda mais que nesse episódio ele finalmente colocou as asinhas para fora.

Apesar de muitos não gostarem mesmo de Frank, eu acho o personagem simplesmente demais, assim como adoro a genial atuação de William H. Macy. Confesso que ainda existia um pingo de esperança sobre Frank gostar dos filhos, mas depois do confronto com Fiona ficou claro que não há nada mais importante para ele do que dinheiro. Enfrentou Fiona, apesar de tudo o que ela fez na vida que deveria ser obrigação dele; iria deixar Liam ir embora…mas o cúmulo mesmo é o que fez com Carl. O pequeno psicopata e suas diversões suicidas me fizeram rir, até o momento que Frank usou dele para ser deixado em paz pelo homem que queria provar a capacidade de Frank de poder trabalhar. Quem faz aquilo com o próprio filho, sério, quem? Tudo bem que Carl nem liga e agora pode rabiscar o gesso e tentar fumar a maconha do Steve (sério, ri muito das tentativas do garoto). Frank é cínico ao extremo. Vejam, sua maior preocupação é de que Monica o traiu com um de seus irmãos e de que usou PCP sem ele, do que a reação esperada de saber que não é pai de alguém. Desde o começo da série já sabemos que não dá para levar o personagem a sério, mas mesmo assim a gente sempre espera algo diferente quando tratam de assuntos tão dramáticos como em Shameless. Isso não é ruim, muito pelo contrário…Frank é genial do jeito que é. O ruim disso tudo é que eu já sabia sobre Ian por ter lido sem querer quando pesquisava sobre a versão original, então não foi um choque descobrir que ele não é filho de Frank.

Quem é o pai deve ser história para os próximos episódios, afinal ele deve querer descobrir, mas outra coisa que me chamou muito a atenção nesse episódio é a evolução da química entre Allen White e Cameron Monaghan. Os dois atores realmente combinam e nada parece forçado, o que prova a amizade fora das cenas, o que torna tudo mais fácil quando se está atuando. A conversa dos dois sobre os relacionamentos de Ian foi ótima, pois Lip se prova um grande irmão, sem preconceitos e capaz de dialogar abertamente sobre a homossexualidade de Ian, afinal, aceitação e capacidade de conversar sobre o assunto são coisas completamente diferentes. Não só acho que Ian está apaixonado por Mickey, como vice-e-versa. Ele pode negar e posar de machão, mas mesmo na prisão, cercado de outros criminosos ele não deixa de ser complacente com a ideia de ficar com Ian, porque a gente sabe que apesar dos xingamentos, a expressão de Mickey dizia outra coisa. Como isso será explorado e se dará certo eu não sei, mas acho que se Mickey mudar, os dois podem se dar bem. Ainda nessa parte, só eu senti algo, mesmo que mínimo, entre Lip e Mandy na rápida cena dos dois? Para que usariam Mandy somente em uma cena insignificante no episódio se não fosse para falar alguma coisa? Caso esteja certo, taí um casal que eu gostaria de ver.

Jogando do lado oposto do campo esteve a história de Karen, e por mais que não tivesse conexão alguma com a trama principal, não é que foi muito bem construída? Pelo jeito que vinha levando a relação com Lip, Karen não era uma das personagens que eu mais gostava, mas não teve como não sentir pena dela. A reunião de re-purificação seria por si só algo risível com todas aquelas garotas retraídas pelos pais, além de muito mal informadas da realidade, que podem acabar se transformando em Sheilas da vida com seus brinquedinhos. O discurso de Karen ia cômico até Eddie levantar e acabar com a filha, chamando-a de puta. Não há nada no mundo que faça pai e filha terem uma relação saudável algum dia. Até então bem apagada do resto do elenco, Laura Slade Wiggins ganhou espaço suficiente para brilhar e sua cena quebrando tudo no quarto do pai foi sensacional. Sério pessoal, eu tento mesmo encontrar alguma coisa negativa para não bater na mesma tecla toda review, mas Joan Cusack não permite. Primeiro que só seu susto quanto Karen entrou em casa já valeu sua participação, mas a atriz esteve impecável mostrando a força de uma mãe. Na falta de Frank, Sheila se descontrola, pois tem medo de perder seu “bebê”, (mesmo que Frank a compare com herpes, agora temos a prova de seu carinho por ela) e deixou Eddie voltar, rapidamente, para sua vida normal com a família. Toda a história serviu para Sheila enxotar o marido de casa e descobrir algo que vença sua doença. A raiva por ver sua filha despedaçada foi o pontapé para ela começar a viver. Não espero que agora Sheila continue saindo de casa sem mais nem menos, porque uma doença como essas não se cura assim, então espero que Shameless trate isso de forma correta e que esse seja o começo de uma série de vitórias da personagem.

De mais aleatório, mas que construído aos poucos deve dar numa bela história, tivemos Tony e Steve. O policial está de olho no criminoso e não deve demorar para descobrir o que Steve faz para viver, e pesquisando o passado do cara, pode encontrar suas verdadeiras raízes. Não havia pensando, mas seria interessante Tony descobrir sobre Steve e contar para Fiona, ou quem sabe dar uma de malandro e mandar ele sair de cena ou então cadeia (apesar de desconfiar disso, pois Tony não faz esse tipo). É algo que estou ansioso para ver. E claro, saudades de Kev e Veronica que estão sendo usados rapidamente em cenas sem tramas para os dois personagens, o que é chato, pois sabemos como eles tem potencial.

Faltam apenas dois episódios para o final da temporada e já estou sentindo falta dos Gallagher. Agora sem o dinheiro, como Frank irá se virar? Os filhos é que não aguentam mais!!

P.S.1: Bob: “We having a problem, Phillip?” Lip: “I dunno… Bob! Let’s see. You’re camped out in my house, you’re fucking my mother, and you’re talking about stealing my baby brother. Why would we have a problem?”

P.S.2: Karen: “Um, there was a few times where I got high and started experimenting with guys and girls at the same time. I wouldn’t necessarily call it an orgy, but there were a lot of naked body parts flying around, which felt very good but kind of bad all at the same time.”

P.S.3: Carl: “How can two ladies get married?” Debbie: “They’re lesbians. Penetration isn’t required for sex to occur…What? It’s legal now in several states.”


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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