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Shameless – 2×04 A Beautiful Mess

Por: em 2 de fevereiro de 2012

Shameless – 2×04 A Beautiful Mess

Por: em

Até que enfim!! Shameless apresenta um episodio recheado de informações, introduz tramas fortes, traz conclusões e da espaço para todos os seus personagens. Tudo isso com um roteiro ágil e inteligente.

O foco voltou a ser o desenvolvimento psicológicoe sentimental dos irmãos Gallagher, e isso nós sabemos como a série faz bem. Teve um momento no episódio – quando Fiona entra no banheiro e tenta ligar para Steve – no qual eu fiquei sem saber o que pensar. A interpretação de Emmy Rossum foi tão brilhante que conseguiu passar a sensação de desespero, mas diferente do que havíamos visto até agora. Sempre existiu esperança nos olhares dos personagens, mas quando Fiona se olhou no espelho, estava literalmente perdida, nos levando a perguntar: os Gallagher têm salvação?

Por mais diferentes que tentam ser do patriarca Frank, estão indo pelo menos caminho. Fiona sempre responsável, mãe e pai de todos, percebeu que não está dando conta. Ela não sabe onde Carl está e com quem anda; não percebe que Debbie é solitária e está agindo como adulta porque a situação da família exige isso. Mas Debbie tem apenas 11 anos e é exatamente como a irmã mais velha. Em Shameless, a máxima de que o meio é fator decisivo para a formação da personalidade da pessoa, é realmente estuada, e presenciada. Steve é quem passava uma sensação de normalidade na vida de Fiona, e quando tudo está uma bagunça, ela tende a ligar para ele. E por mais irônico que seja – e eu dei muitas gargalhadas com Frank todo feliz se escondendo embaixo da mesa com a filha – ela está se tornando uma “Frank”. Tanto o pai, como a melhor amiga V, falaram que ela só gosta de traste. O tal Craig contou a esposa Lucy Jo sobre o caso com Fiona (a atriz Brit Morgan parece só interpretar barraqueiras, além da ironia de que tanto ela, quanto o marido em Shameless, o ator Taylor Kinney, interpretaram lobisomens em suas séries recentes, True Blood e The Vampire Diaries, respectivamente).

No começo foi bem chocante e divertido acompanhar Lucy Jo atrás de Fiona, mas acabou enjoando ao decorrer do episódio, culminando com o pedido de desculpas na casa dos Gallagher. O fato é que Fiona só faz escolhas erradas. Ela tinha Tony em mãos, um policial correto e gente boa, mas preferiu Steve, e agora sai com um homem casado; com os parceiros que a chata da Jasmine lhe joga, e com Adam – que até agora não pareceu ser um traste, mas um cara legal. Porém, Adam é a cópia fiel de Steve, com seus carros modernos, bebidas, velocidade e sexo em lugares inóspitos. Mas com Craig, Fiona passou dos limites, fugindo do que ela costuma tentar ser: um bom exemplo. Pelo menos ela percebeu que isso está começando a afetar seus irmãos. Sem ajuda, eles estão perdidos e cometendo erros. Vejam Debbie, ela tem o nerdgente boa Simon aos seus pés, mas quem ela prefere? O pequeno Hank, um ladrão em miniatura que está empurrando Carl com mais força para “o lado oculto da força”. Como amiga, ela quer uma garota mais velha, sexy e nojentinha, mas que seja popular. Há quem diga que a tal de Holly é a versão pré-adolescente de Jasmine.

Todo o trabalho, e o estresse para ajudar com as contas da casa, fez Debbie crescer sem ela querer. Age como adulta, presa em corpo de criança, com uma mentalidade bem dividida, dependendo da situação. Sem amigos e cheia de preocupação, o modo de vida Gallagher, está empurrando a garotinha para o fundo do poço, pois sua modelo de vida – Fiona – está fazendo tudo errado. E é aí que eu pergunto: eles têm salvação? Carl está cada vez mais pirado, sem limites. É um pequeno Frank, sem se perguntar se o que está fazendo é certo ou errado. Já enfrentou Fiona e os outros irmãos, mostrando que não tem respeito. Agora está andando com o pequeno Hank, um garotinho delinquente que se aproveita dos outros para se dar bem. Onde estão os mais velhos para perceber o que está acontecendo? Fiona está trabalhando ou saindo com caras casados; Lip está preocupado em ganhar Karen de volta; e Ian está tentando entrar para a academia militar. Não há ninguém para barrar os atos dos mais novos, e isso só tende a piorar.

Outro ponto alto do episódio foi Lip. O confronto entre ele e o irmão Ian foi sensacional. E não é que o ruivo pode estar certo? E se essa for a chance de Karen ter algo “normal” em sua vida? Alguém que seja correto e goste dela de verdade, pense em casar, ter filhos. Lip ama Karen, e a gente sabe que ele não quer só sexo. Mas se quer exclusividade, precisa perceber que as pessoas mudam, e que Karen está tentando ser diferente. Passou o episódio inteiro tentando achar podres de Jody, enquanto o cara é o mais normal e correto possível – ok, ele exagera em sua “naturalidade”, Frank que o diga. Está torcendo por Sheila, e só quer ver Karen feliz, qual é o problema nisso? O que Lip quer? Continuar um relacionamento com a antiga Karen, que – assim como Ian disse muito bem – tem “puta” tatuado no braço e tentou “animar” Ian porque o irmão pediu? E todo o lance de transar com Frank, ele se esqueceu? Karen está mudada, e isso é bom para ela. Mas claro, o twist mindblowing que eleva a temporada por ter uma trama com tantas possibilidades é: Karen está grávida!E a pergunta que não quer calar: quem é o pai?

Não lembro se Frank mencionou alguma vez sobre ter feito vasectomia ou algo do tipo, então me desculpem se suspeito que o filho possa ser até do patriarca dos Gallagher. Pode ser de Lip, como pode ser de qualquer um dos diversos garotos que Karen fez sexo. Só não pode ser de Jody, já que eles nunca chegaram nos finalmentes. Mas isso não importa, e sim que somente uma gravidez pode gerar inúmeros conflitos que só continuem a mostrar quão perfeita é Shameless. Podem trabalhar com aborto e abandono; dando tramas para Karen, Lip, Jody e até Sheila; além de mexer com toda dinâmica dos Gallagher. Afinal, se o filho for mesmo de Lip, ele começou a seguir os mesmos passos do pai: não se cuidando, e não estando de bem com a mãe do filho. Fiona deverá ficar possessa com a possibilidade, pois Lip tem tudo para ter um futuro brilhante, mas sua personalidade – moldada de acordo com seu meio – o leva a cometer erros pelo caminho. Erros, esses, já conhecidos pelos familiares. E é isso que eu amo na série: o diálogo psicológico e de como esses personagens acabam afetados.

Aproveitando que estou falando de uma Jackson, deixem-me partir para Sheila. Joan Cusack é uma deusa da interpretação e isso nós já sabemos. Ela contando seus passinhos e pedindo para a mulher avisar a cabelereira que ela demoraria um pouco, foi ótimo. A única coisa que fiquei com um pé atrás foi ver que Sheila melhorou rápido demais. Eu sei como a adrenalina funciona e como enxergamos as coisas de uma forma mais simples quando enfrentamos os medos. Mas o “tiro” que Frank deu deveria ter assustado Sheila. Sem remédios ou um tratamento bem feito – não sabemos se ela faz, apenas terapia – os resultados não são tão rápidos assim. Só a menção dos casos de assassinatos deveriam – pelo menos – alertar a personagem. Mas ok, eu não fazia ideia de como iriam fazer a personagem continuar na série se ela conhecesse o Alibi, e muito menos imaginei que a fariam voltar para a casa. Mas sabe o que? Gostei!! Sheila é uma das melhores personagens da série, e saber que ela está de volta dentro de casa, com medo, significa mais tempo dela na série, com mais cenas sensacionais. Dessa vez o destino foi bonzinho com Frank, e mandou um pedaço de trem de pousocair do lado de Sheila!! Sensacional o trabalho da atriz ao mostrar o medo, em uma doença difícil de ser enfrentada.

Não fiquei assustado com Frank querendo dar um tiro para assustar Sheila, e pedindo àquele amigo que desse um susto nela (coitado do Jody). Afinal, ele matou Dottie no episódio passado, escondendo o bip, e depois disso, ele é capaz de tudo. Também não me incomodou o fato dele nem estar triste com a morte dela, pois como bem comentei, após ele encontrar o dinheiro na igreja, todo o passado fica para trás e nada mais importa. É bem Frank, e funciona para a série. Além do caso da Sheila, que comentei ali em cima, achei algumas coisas exageradas, como a nudez de Jody e a perseguição de Lucy Jo. Shameless não precisa apelar…toda a nudez até agora fazia parte do universo da série, existindo motivos para ela existir, como a cena entre Lip e Mandy nesse mesmo episódio. Cenas como essas fazem sentido com Shameless, então não são apelativas. Só precisam cuidar um pouquinho para que não fique exagerada demais, tanto em caricaturas como na comédia.

Além disso tivemos uma pequena história para Ethel. Ela também é fruto do meio em que vive. Pode ter suas crenças, mas já está agindo diferente. Isso é normal, e real, então foi muito bom vê-la ter uma queda pelo tal Malik. Quem sabe até Ethel consiga uma trama boa. E o que é melhor que a série voltar a caminhar corretamente? RENOVAÇÃO!! Pois é pessoal, com uma audiência sempre acima de 1.20 milhão de telespectadores, Shameless foi renovada para a 3ª temporada, com mais 12 episódios para 2013. Não poderia estar mais feliz.

P.S.1: Lucy Jo: “You better be on the pill, bitch! Huh? Craig’s babies are all ten-pounders. You push one out, it’ll tear you in two”! Fiona: I was chased from my own house, and now I’m hiding in yours. Holy shit, I’m you”. Frank: “I have waited for this day”.

P.S.2: Karen: “Give me his fucking wallet and phone, you retard”. Lip: “You know, that dyke chick on Glee says it’s not cool to use that word”.

P.S.3: Carl: “I already had my first woody in history class, talking about how Marie Antoinette’s head got chopped off”.

P.S.4: Lip usa havaianas!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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