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Smallville 10×21 e 10×22 – Finale (Series Finale)

Por: em 14 de maio de 2011

Smallville 10×21 e 10×22 – Finale (Series Finale)

Por: em

Para um fã, o momento de dizer adeus à sua série favorita é sempre difícil. São tantos detalhes a lembrar, cenas favoritas, personagens inesquecíveis, erros inaceitáveis que muitas vezes se despedir fica praticamente impossível. Mas quando o capítulo final faz uma espécie de retrospectiva de tudo o que se passou antes do fim tudo fica um pouco mais simples. Esse foi o caminho escolhido pelos roteiristas de Smallville, a melhor escolha, na minha opinião.

Pra não dizer que Finale foi perfeito, tiveram sim momentos que, se fosse eu a roteirista, seriam varridos da história, como a monótoma discussão da relação entre Clark e Lois, e à beira do altar, ainda por cima. Que eles são um casal complicado e que por qualquer coisa decidem colocar um fim na relação isso já sabemos, e em vários episódios ao longo dessa temporada foram essas discussões que eliminaram vários dilemas de Clark, mas hoje não era o momento para isso.

Tinham tantas coisas a resolver, tantas peças a encaixar que perder 15 ou 20 minutos de um especial de uma hora e meia (duas horas na transmissão oficial, com direito a vários e intermináveis intervalos comerciais…) com uma discussão dessas foi praticamente uma heresia. Se bem que o momento em que os dois lêem seus votos nupciais compensou toda a enrolação. Segurei várias lágrimas ali.

Já que estou falando de coisas que não gostei, vamos à possessão de Oliver. Os roteiristas demoraram tanto para permitir que ele cedesse ao lado negro que quando finalmente aconteceu eu esperei uma atuação memorável, junto com uma luta em que a vitória viesse depois de muito esforço, mas o que eu vi no final? Só alguns socos, uma parede quebrada e muita conversa, para tudo ficar bem no final.

Ahh, sem esquecer também das lágrimas negras que retiraram de dentro dele a escuridão. Tudo muito fácil, assim como o momento em que Clark se encontra cara a cara com Darkseid, ou melhor, com um Lionel Luthor assustadoramente possuído (aqui o pessoal da maquiagem merece os parabéns: a primeira vez que vi a sequência senti aquele frio na espinha).

O vilão da temporada tanto prometeu que, de novo, eu esperava o combate do século, mas fiquei só na expectativa, mais uma vez, até porque aqui a luta mais importante não era de Clark com um inimigo em especial, e sim com ele mesmo.

Em boa parte do capítulo os roteiristas se preocuparam em mostrar, sem pressa, os passos que faltavam na conversão definitiva do homem no mito, com a participação decisiva de Jonathan Kent, como não poderia deixar de ser.

A cada sequência que o personagem aparecia, a cada diálogo seu com Clark eu vibrava, porque ficava claro que a distância que o separava do Superman ia caindo por terra, e isso ficou evidente nas últimas cenas pré-transformação, quando ele aconselhou Clark a deixar-se guiar por Jor-El, mais uma vez personificado apenas pela voz de Terence Stemp, para mim mais um dos grandes pecados que a série cometeu, afinal esse era o momento de vermos o patriarca kryptoniano em “carne e osso”, ou pelo menos seu rosto, como costumava acontecer nos filmes do herói.

Os filmes, por sinal, foram um grande referencial para os roteiristas, especialmente na segunda parte do capítulo final, às vezes com detalhes sutis, como no momento em que, em desvantagem na luta contra Darkseid ele foi, digamos, transportado por Jor-El para a Fortaleza da Solidão e ali experimentou um dos mais emocionantes flashbacks do capítulo.

Praticamente todos momentos importantes dos dez anos de Smallville foram relembrados na cena, descritos por Jor-El como testes superados por Clark antes de sua transformação final. Nem no último capítulo o kryptoniano perde a chance de dar uma lição de moral. Mas tudo bem, aqui a demora foi perdoada, porque tudo foi tão perfeitamente combinado que, apesar de longa, a sequência foi emocionante.

Mas não tanto quanto o melhor momento do capítulo: a hora em que Jonathan entrega a Clark o uniforme e ele, enfim, segue rumo ao céu para salvar o dia dessa vez não como o “Borrão”, e sim como Superman. Apesar de ter adorado esse momento, tenho uma crítica imensa a fazer: esperei tanto tempo para ver Clark como Superman e, na hora H, tive apenas algumas sequências distantes, claramente computadorizadas. Custava ter mostrado Tom Welling usando de fato o uniforme? Nesse detalhe, os roteiristas de Smallville pecaram, e muito.

Se eles falharam ao mostrar o herói em toda a sua glória, foram extremamente eficientes ao representá-lo em ação. O momento em que ele salva o avião presidencial e se revela para Lois foi mágico, assim como vê-lo salvando a Terra do planeta errante e impedindo que o apocalipse se tornasse realidade. A cena, muito bem construída, trouxe de volta à minha mente vários episódios de Lois & Clark, e alguns filmes também.

Falando em Lois, hoje ela mostrou que não é só o alicerce afetivo dele, mas também uma competente assessora de imprensa, vide a sequência do salvamento no avião presidencial. Foi ali que ela começou a construir a imagem do Superman e conquistando as entrevistas exclusivas e as muitas fotos que ilustram as edições do Planeta Diário.

Agora, vamos deixar de enrolação e falar daquele que todos estavam esperando: Lex Luthor. Demorou, mas quando o arquiinimigo de Clark apareceu, eu vibrei. A interação entre os dois foi pouca, mas os diálogos foram perfeitos, especialmente o momento em que ele diz que os dois estão destinados a serem grandes homens com destinos importantes, por causa do outro, porém com destinos opostos.

Senti muita falta da inteligência de Lex. Aliás, foi nesse momento em que pensei em largar a série, mas o carinho por Superman me fez voltar atrás. Tirando uma ou outra temporada, como a que trouxe Tess, não me arrependo.

Já que falei nela, desde o início deixei claro que não simpatizo com a personagem, mas apesar disso lamentei muito o desfecho dado a ela. Apesar de ser uma Luthor, não acho que ela deveria morrer. Se bem que foi sua morte que resolveu um dos problemas da história: o fato de Lex conhecer a identidade de Clark, um outro momento em que os roteiristas abusaram da nostalgia, trazendo de volta à mente de Lex os momentos mais importantes da participação dele na série.

Uma sequência para suspirar, mas não tanto quanto os minutos finais. Ouvir o tema de Superman tocando enquanto Clark se dirigia ao telhado do Planeta Diário e ver o capítulo se encerrando com a sequência em que ele abre a camisa e deixa aparecer o uniforme é um teste para o coração de qualquer fã. O meu agüentou bem, mas ficou difícil segurar as lágrimas.

Ao longo destes dez anos Smallville teve mais erros do que acertos, mas no final os roteiristas costuraram tudo de forma tão convincente que até o ritmo mais lento em boa parte do capítulo compensou. Tudo foi explicado sem pressa, como deveria ser, e o melhor: em uma história em quadrinhos, de longe a melhor sacada que eles tiveram até agora.

Clark começou como um adolescente inseguro e que não controlava seus poderes para terminar a história transformado no Homem de Aço. Esse era o final que eu desejava ver, e vi. Obrigada.

Muito obrigada a todos que acompanharam minhas reviews nestas duas temporadas que cobri a série e compartilharam comigo (ou não) suas opiniões. Nos vemos em outros textos e, como disse Jonathan Kent, nunca esqueçam Smallville.

Até uma próxima.


Rosangela Santos

São Paulo - SP

Série Favorita: Smalville

Não assiste de jeito nenhum: Grey's Anatomy

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