Era de se esperar que, tão perto do final da temporada, o aguardado encontro entre Alicia e Kalinda fosse adiado. E assim, só nos restou para In Sickness o confronto de Alicia e Peter. E, sinceramente, quem se importa? Não conheço ninguém que torça pelos dois e se você é essa pessoa, por favor se manifeste. Que eu tenha conhecimento, existem os que torcem pra que Alicia permaneça com a família (mas por Grace e Zach, sem dar importância a Peter), os que torcem pra que ela fique sozinha e foque no trabalho, os que não se importam com isso tudo, e, claro, os que torcem pra que ela se jogue nos braços de Will (#TeamWill).
E, ao que parece, Alicia dá tanta importância a Peter quanto boa parte da audiência de The Good Wife. A forma fria e racional com a qual ela lidou com o marido foi fantástica. Claro, ela teve direito ao seu mini-colapso, mas depois de saber que seu marido a traiu com a melhor amiga, era mais do que justo. Mas seu desabafo durou menos de um minuto que se seguiu a mudança mais rápida o mundo das séries, e, em menos de duas horas, Peter já estava devidamente realocado em um apartamento perto da Procuradoria. Só faltava contar a novidade às crianças.
Grace e Zach certamente não encarariam de forma tão fria a separação dos pais, mas daí a imaginar que Grace se debulharia em lágrimas na frente das mães vai uma grande distância. E é claro que, frente à tristeza da filha, Alicia cederia novamente as lágrimas. E, vendo a mãe chorar, natural que Grace se sentisse culpada e chorasse ainda mais. Não, essa não é uma review-resumo, mas foi particularmente interessante esse momento chororô em In Sickness já que não é exatamente comum ver os personagens se entregarem às lágrimas na série. Mas essa parece mesmo ser a tendência dessa reta final da segunda temporada, ou alguém duvida que o encontro revelador entre Kalida e Alicia também não será nada fácil? Dá pra ver pelo modo como a ex-Sra.Florrick (já podemos chamá-la assim?) passou a tratar a amiga, tentando, quase que inutilmente, disfarçar a sua mudança de sentimento em relação a ela.
Com essa tensão no ar, prestes a explodir no próximo episódio, talvez os momentos mais interessantes desse 2×21 tenham partido do caso do dia. Ou melhor, dos casos do dia. Martha Plimpton nos trouxe de volta um dos personagens mais interessantes dessa segunda temporada. A atriz, mais conhecida por filmes dos anos 80 como Os Goonies e O Tiro que não saiu pela Culatra (no original, Parenthood, filme que deu origem a série), está irritantemente impagável no papel da advogada que não hesita em usar a maternidade — e o que lhe convir — a seu favor. E o mais interessante em uma série como The Good Wife, cujo alvo principal é uma faixa etária mais velha e mais qualificada, é a confiança na inteligência e na maturidade do seu espectador. E o curioso é que, embora The Good Wife não provoque tanto buzz quanto uma série feijão-com-arroz como Grey’s Anatomy, ela tem em média 1/3 a mais de audiência, o que só nos leva a crer que o público que vê tv aberta (pelo menos o norte-americano) é mais qualificado do que se imagina.
Os personagens de The Good Wife não são planos e rasos, simplesmente bons ou maus. Eles podem até tender ao lado negro da força, mas sempre terão atitudes condizentes com seres humanos, e não arremedos estereotipados de gente. E o mais interessante é que são os coadjuvantes, as participações especiais, os personagens mais interessantes e redondos da série. Gente como Louis Canning (Michael J. Fox), Derrick Bond (Michael Ealy) e a própria Patti Nyholm, personagem de Martha, que de tão singular consegue divertir até mesmo Will. E foi por Patti que surgiram os dois casos mais interessantes do último episódio: a disputa pelo rim e o processo da advogada contra a sua antiga-atual-firma. E fico me perguntando se eu fui a única a ficar na dúvida se Patti realmente teve intenção, em algum momento, de processar a sua firma. Pior… Teria Patti realmente sido demitida ou fôra tudo uma jogada para conseguir informações desde o primeiro momento? A ética mandou lembrança.
Ética. Taí uma coisa que provavelmente não vai passar nem perto das intenções de Peter e Cary para com Alicia. Já vai fazer um ano que o advogado vem guardando mágoa da ex-colega e agora que ele encontrou alguém pra dividir esse rancor, provavelmente se tornará um cara ainda mais amargo. O engraçado é que tanto Peter quanto Cary gostam de Alicia. Peter está magoado e já bolou até mesmo uma trama imaginária que justifique a sua separação (e tire um pouco o peso dos seus próprios ombros), enquanto Cary demonstrou em vários momentos durante a temporada que reconhece as qualidades de Alicia mas, ao que parece, não está disposto a deixar pra trás o que passou no ano anterior. E deixar de voltar a Lockhart/Gardner única e exclusivamente por causa da possibilidade de se sentir inferior a Alicia é a prova de que muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte. O que Peter e Cary tramarão juntos, só o futuro o próximo episódio dirá.
P.S.: Atrasar review a dois episódio da season finale? Eu não tomo jeito mesmo… A review do 2×22, Getting Of, sai ainda hoje amanhã de manhã já está no ar aqui.
