Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Walking Dead – 1×05 Wildfire

Por: em 30 de novembro de 2010

The Walking Dead – 1×05 Wildfire

Por: em

No penúltimo episódio da temporada, The Walking Dead continua mostrando a que veio, trabalhando a vida humana em ambiente incomum e questionando a linha tênue entre entre homem e animal. Parafraseando Alvo Dumbledore em Harry Potter e o Cálice de Fogo, existem certos momentos em que precisamos “escolher entre o que é certo e o que é fácil.”

Antes de mais nada acho interessante dar uma notícia aos fãs mais fervorosos dos quadrinhos. Desde o começo da série vimos diversas mudanças na trama de The Walking Dead, o que é essencial em uma plataforma de entretenimento diferente e que até agora foram muito bem vindas. Porém, mesmo com as mudanças, a cronologia principal da série permanecia intacta, mas com o final de Wildfire, inúmeros fãs dos HQ’s estão chateados com o andamento da história. Para tanto, o site EW fez uma entrevista com o criador dos quadrinhos Robert Kirman na qual ele comentou algo bem válido para essas questões:

“Mas quando Frank (Darabont, produtor da série) trouxe essa ideia, eu disse que seria ótima. (sobre a trama do grupo ir até o centro de controle de doenças e do cientista morando lá dentro) Gosto do fato de estarmos divergindo dos quadrinhos em alguns pontos. Para as pessoas que se assustam com isso, tudo que posso dizer é: nós sempre voltaremos ao caminho original. Frank sempre se ateve ao fato de que o caminho original é a história dos quadrinhos, mas não estamos presos a ela. Se uma ideia diferente aparece e vale a pena, deixaremos o caminho original por um episódio ou dois, mas sempre voltaremos a ele. Tenho certeza que existirão pessoas comentando: O Centro de Controle de Doenças? Que história é essa? Isso não existe nos quadrinhos. Não é legal. Tudo o que posso falar para essas pessoas é: tenham calma.”

Satisfeitos? Acho que agora não existem mais sombras de dúvidas sobre o destino no qual os roteiristas pretendem chegar, mesmo que existam certas mudanças no caminho. Isto posto, para quem nunca leu os quadrinhos essa discussão é sobre o final do episódio em si. Dr. Jenner e a viagem ao CCD nunca existiram, mas confesso que fiquei bem intrigado quanto ao que isso pode trazer para a trama. Não sei se isso significa que tentarão explicar a origem do surto dos zumbis, algo que nunca tentaram explicar nos quadrinhos e realmente não vejo necessidade. Foi curioso acompanhar as gravações de Dr. Jenner e vê-lo perder a cabeça com sua única amostra boa sendo queimada (atentem ao fato da amostra ser chamada de TS-19, nome do próximo e último episódio). Imagino como deve ser complicado estar sozinho, longe de tudo e todos, tentando achar uma cura para algo que parece impossível. Me lembrou de “Eu Sou a Lenda” com Will Smith e sua fascinação para encontrar a cura e o desespero mental de estar sozinho. No final das contas não sei qual será a do Dr. Jenner. Existem duas possibilidades legais: 1) Ele ser realmente do bem e ajudar o grupo no que precisam enquanto eles podem até ajudá-lo dando, quem sabe, parte do cérebro de Jim, voltando e buscando para dar uma nova amostra fresca ao Dr. ou…2) Ele está completamente pirado e acabará tentando pegar nosso grupo de sobreviventes como cobaias para seus experimentos. Afinal, ele queria eles fossem embora, mas acabou deixando-os ficar (Aliás, cena que me deixou preso na cadeira de tanto nervosismo de Rick para com a câmera e o grupo tentando pará-lo – e que sim, lembra a luz da escotilha de Lost).

Wildfire foi um episódio que tratou de lidar com as consequências da morte. E da culpa que os que ficam assumem. Todos ali sentiram culpa, pena, raiva, tristeza durante todo o episódio. Como disse Rick: “We don’t kill the living. If we start down that road, where do we draw the line?”. E foi bem isso que discutiram durante todo o episódio, cada personagem a sua maneira. Em que momento paramos de ser humanos e começamos a nos comportar como animais? Comento de cada personagem abaixo, mas preciso falar que Lori, apesar de não ter prestado para muita coisa, ajudou nessa discussão ao acabar de uma vez por todas o assunto de enterrar os que morreram. Mesmo nesse mundo caótico as pessoas precisam continuar se comportando como pessoas. E o que elas fazem perante a morte de pessoas queridas? Ficam de luto, e mesmo que o tempo para isso seja pouco pois outras decisões importantes precisavam serem tomadas, é necessário que cada um tire um tempo para prestar respeito. Não é assim que gostaria que fizessem com você?

Esperança. É o que melhor define esse episódio em todas as vidas dos personagens. Começo falando de Andrea porque mais uma vez a série conseguiu traduzir com perfeição a dor humana da perda de alguém. Ainda mais em um meio ambiente tão diferente e que apesar de existirem diversas histórias de zumbis, é um ambiente sem precedentes porque isso nunca existiu de verdade. Ninguém sabe realmente como se comportar nessas situações. A esperança de Andrea foi maravilhosamente interpretada por Laurie Holden que novamente mostrou culhões com sua personagem ao apontar a arma para Rick. Foi um assunto tratado durante todo o episódio…o que fazer…como fazer…por que? Mas nada nem ninguém decide o destino de outra pessoa senão ela mesma ou alguém muito próximo. Andrea sabia que sua irmã voltaria como zumbi, mas lá no fundo sempre mantemos a esperança de que conosco a história será diferente. Juro que estava começando a reclamar quando zumbi Amy passou as mãos nos cabelos da irmã, mas minha raiva passou rapidamente ao ver que ela estava apenas louca para dar uma mordida no pescoço de Andrea. Um ótimo trabalho de Emma Bell, que apesar de ter durado pouco na série, pode mostrar essa transição de humana para zumbi, o que não é mostrado nos quadrinhos, e que mais uma vez, como já provado várias vezes, mudanças são válidas quando bem feitas. Com Andrea ainda preciso comentar da aproximação maior com Dale e do quanto gosto de vê-los juntos. A conversa entre os dois ajudou Andrea em um momento difícil, e todos sabem o que isso significará.

Enquanto você é humano existe o livre arbítrio. Precisa existir para que a humanidade funcione bem. Foi assim com Jim. Ele decidiu seu destino. Escolheu ficar na beira da estrada esperando a transformação. Mesmo já preparado para essa trama por ela existir no material original, confesso que fiquei surpreso ao vê-la em cores. O medo de Jim foi muito bem interpretado pelo ator Andrew Rothenberg, que com suas alucinações se despede da série. O legal aqui é que Jim não quis ser morto apesar de saber o que enfrentaria…toda a febre e as dores. Mas quis virar um zumbi já que sua família também se transformou, ou seja, é o jeito dele de se reunir com os que ama. As despedidas no episódio foram tristes. Seja Andrea e Amy; Jim e o grupo (especialmente com Jacqui, que foi quem delatou o amigo para todo mundo) e para minha surpresa, de Morales e sua família. Não faço ideia do motivo de separarem os quatro personagens do grupo principal, mas acredito que seja para diminuir ainda mais os sobreviventes de forma a poder concentrar mais o desenvolvimento dramático em quem realmente importa. A saída do acampamento e as ligações de Rick para Morgan reforçam ainda mais que veremos Lennie James ainda nessa temporada. E será outra mudança bem vinda, porque como vimos no piloto, o personagem é muito interessante e seria uma adição legal para a história. Quem sabe, ele poderia salvar o grupo do Dr. Jenner se ele for um louco como pode acontecer.

Também vimos esperança de outra forma. A cena em que Carol acerta a picareta várias vezes na cabeça do marido foi realmente perturbadora. Ela sentiu a necessidade de fazer aquilo e apesar de talvez existir um fiapo de carinho entre os dois, as picaretadas foram com vontade. Com a vontade de que, zumbi ou não, Ed nunca voltasse do mundo dos mortos e que lá ficasse para nunca mais bater nela ou ameaçar sua filha. São em momentos como esses que todos mostram seus lados mais emocionais. Até Daryl pareceu mais emotivo durante o episódio até a singela despedida com Jim. Continuo achando ele a melhor adição no universo da série e espero que fique por mais tempo, porque bate um contraste muito grande com Rick, mas é um contraste tão bem construído que vale cada cena. Glenn apareceu pouco mais se impôs quando quiseram queimar os corpos dos sobreviventes ao invés de enterrar. Foi seu lado humano falando, querendo continuar a manter a distância entre humanos e zumbis e de como eles são tratados.

Quanto a Lori, culpa foi a motivadora de tudo. Ao ser confrontada por Shane, resolveu apoiar o marido na decisão de irem até o CCD, mesmo que parecesse suicídio em sua mente. Incrível o que remorso pode fazer. O mesmo aconteceu com Shane em uma atuação muito boa de Jon Bernthal. Ao ter o amigo na mira da arma, sem ninguém por perto, a vontade de atirar e poder ter Lori para ele novamente foi muito bem interpretada pelo ator. O personagem vem sendo bem trabalhado, cavando seu próprio buraco. Ao perceber a loucura do que estava prestes a fazer, Shane acalmou os demônios internos e decidiu apoiar Rick para deixarem o acampamento. O legal foi mesmo Dale ter presenciado o acontecimento e imagino que isso é o que deve levar o personagem a ter a famosa conversa com Rick (que nos quadrinhos foi logo após a chegada do mesmo). Se assim for, confesso que a mudança caiu como uma luva e foi bem desenvolvida, encontrando melhor ainda seu lugar na história do triângulo Rick-Lori-Shane.

Pois é pessoal. Falta apenas um episódio e depois só em Outubro de 2011. Entendo a insatisfação de muitos pela falta de ação e de fato zumbis em cena, mas como adorador de tramas com um desenvolvimento direcionado a vida de indivíduos em ambientes hostis, não tenho nada, nada mesmo a reclamar. E com esse excelente episódio The Walking Dead marcou sua maior audiência até agora com 5.6 milhões de telespectadores!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×