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United States of Tara – 3×10 Train Wreck

Por: em 11 de junho de 2011

United States of Tara – 3×10 Train Wreck

Por: em

Organizando o cenário para os dois últimos episódios da série, Train Wreck não é necessariamente excelente, mas é forte…e triste.

É fato que United States deixou de ser comédia há um bom tempo, mas a série nunca esteve tão determinada a nos provar que é um drama capaz de nos abalar totalmente. Os rumos que essa terceira e última temporada estão tomando são tristes, e nesse episódio, nem a família mais compreensiva aguentou. Tara está sozinha, e perdida. Não é o caso de colocar a culpa em alguém, mas Tara precisava procurar ajuda mais cedo, tentar impedir que sua família passasse pelos problemas que estão enfrentando. Ela se viu em uma situação delicada: tomar os remédios (ou melhor, inalar) e ficar totalmente sem ação ou ser uma mãe para o filho que estava precisando. Qualquer que fosse a escolha, alguém sairia perdendo. E não dá para dizer que Marshall, Kate, Charmaine e Neil estão exagerando, pois eles realmente não estão.

Com a inesperada morte de Lionel, Marshall chegou ao fundo de seu poço. E por mais que eu tenha julgado diversas de suas ações durante a temporada, Marshall foi a vítima nesse episódio. Não só o personagem estava precisando de ajuda, como Keir Gilchrist pode ter espaço e roteiro para brilhar. As coisas não são perfeitas e existe uma grande dificuldade de aceitar essa ideia. Assim como sua família tem altos e baixos, seu relacionamento com Lionel também tinha. Os dois se amavam, mas não davam certo. Não tem como questionar o que o ex-namorado significava para Marshall, e uma morte repentina nessa idade e no contexto atual de sua vida, piora ainda mais as coisas. Quando ele mostra que precisa da mãe, e que apesar de tudo, ela é uma das coisas mais importantes para ele, Tara falha. Então entra em cena Bryce, tirando sarro de cartas de Lionel e da morte em si. O alter de 14 anos é daqueles vilões que desejamos ver sofrer, pois mexe com todos os outros personagens que amamos. Mas não existe a possiblidade fácil de, por exemplo, um soco sequer (bem que Neil tentou), pois o corpo é da Tara e no final das contas é ela que vai sair machucada.

Pelo visto, Bryce aproveitou a brecha de Tara e tomou o corpo de vez. Como e quando Tara voltará? O que ele fará com o corpo da “dona”? O que, de verdade, ele quer? Vê-lo cortando os cabelos de Tara e destruindo o quarto de Marshall incita raiva e não faço ideia de como irão lidar com isso, até porque, Max está sozinho sem saber o que fazer. Todos fugiram, e com razão. Kate escolheu outro problema para se importar. Está na hora de mudar de vida. Todos eles passaram esses anos arrumando a bagunça da mãe, sem que ela procurasse ajuda de verdade quando o problema piorava. Deixou passar até virar essa enorme bola de neve, e agora é tarde demais. Kate, Moosh, Char, ninguém pode fazer nada com Bryce no controle…eles tentaram de tudo e como bem disse Marshall, seus baldes estão cheios. Agora fica a responsabilidade para quem realmente escolheu conviver com isso. Isso fica ainda melhor representado pelo diálogo da excelente cena entre pai e filho:

Max: There is a flood of shit coming down the mountain. I need some men with buckets.

Marshall: My bucket’s almost full. I think I-it’s best for everyone that I not hang around.

Max: Then I…hereby withdraw your bucket. I’ll — I’ll hold ‘em for both of us. When you go, I want you to do something for me. When you ran around New York, you acted like you’d never seen a fucking building or a bagel before. Don’t ever lose that. Don’t give that up for him. Or her.

Marshall: Is she gonna be okay?

Max: That’s not your problem anymore.

Achei a reação de todos, apesar de tristes de assistir, sinceras. Kate precisa viver sua vida, e madura como está, tentará crescer ao lado de Evan e seu filho. Torço muito pelo casal, visto que Evan vem se tornando cada episódio mais carismático. Ele não é como os outros que exigiam tudo de Kate. Ele colocou os problemas na mesa e não pediu que ela tomasse uma decisão rápida nem que aceitasse tudo. Muito menos ficou dando conselhos de como ela deveria viver a vida ou como lidar com os problemas da mãe e da família. Kate sentiu-se livre, amada, e está certa em correr atrás disso tudo. Marshall também não está em posição de ajudar. Ele, assim como todos, ama a mãe, mas precisa ficar longe disso tudo. Tomar essa decisão é uma das coisas mais terríveis que a série nos fez presenciar. Nunca achei de fato que alguém (imagina então, todos) iria abandonar Tara.

Talvez ainda mais triste tenha sido a decisão de Charmaine. Ela ama Wheels e Neil, mas ama igualmente sua irmã. Estar nessa posição de escolha deve ser terrível, ainda mais no caso dela, que sempre foi defendida por Tara em seus problemas, principalmente no caso do meio-irmão Bryce. Por um lado ela tem a irmã que precisa de ajuda, aquela mesma pessoa que a protegeu quando criança e em todos os momentos que ela precisou – e por outro, sua filha, que corre perigo nas mãos de um alter possessivo e infantil. Foi interessante acompanhar a reação de Neil. Ele foi um dos que melhor demonstrou a vivência com um alter como se Tara não fizesse parte daquela entidade. Foi para cima de Bryce, esquecendo qualquer traço de Tara naquele corpo e atitude. Nem dá para culpá-lo, pois com a interpretação de Toni Collette, Bryce está fantástico. A cena em que desce as escadas e cumprimenta todos, e com um ar sacana diz oi para Kate e Charmaine foi realmente doentia. Aliás, as melhores partes desse episódio foram as cenas com Bryce e suas piadas de mal gosto, com Collette, para variar, arrasando.

Faltando somente dois episódios para o fim da série, como os Gregson vão se livrar de Bryce? Onde estão T, Alice e Buck? E principalmente, terão eles um final feliz?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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