Quando eu soube que essa temporada teria um episódio tributo (E aos que não sabiam, aí vai: Esse foi o tal episódio) ao Dan Brown, meu alarme disparou. Não que eu ache Brown um autor ruim, longe disso. Já li praticamente todos os livros dele e acho boas histórias, mas só. Ele consegue criar um bom suspense, jogando boas pistas aqui e ali, mas acaba pecando no final – pra mim – sempre previsível, o que termina estragando um pouco a leitura. Meu medo era que o caso inspirando no autor seguisse a mesma linha, o que felizmente não aconteceu. Where There’s a Will conseguiu se manter interessante até o último minuto e teve um desfecho satisfatório.
Seria um episódio que eu indicaria sem medo a alguém que não é fã da série, mas é fã do Brown, caso a aparição da Agente Matthews não tivesse acontecido. Mas eu fiquei feliz que o show – mesmo em um episódio tributo – não esqueceu de sua história central e deu um novo movimento no tumultuado jogo que a premiere da semana passada criou. Era óbvio que o Neal tentaria seduzir a agente para conseguir algo – como também já era esperado que ela cairia na lábia dele. Ainda assim, o recurso funcionou mais uma vez e conseguiu criar uma tensão para o episódio da próxima semana.
Particularmente, eu tenho quase certeza que o Neal conseguiu avisar o Mozzie a tempo de o pedaço da arte roubada não ser vendido. Ainda estamos no começo da temporada e a descoberta de todo esse plot certamente é algo que os roteiristas vão querer prolongar um pouco mais. Com isso, o Caffrey fica um passo a frente do Peter no jogo de gato e rato. Mas é claro que o (ex?) golpista não vai deixá-lo saber disso e eu agradeço. A desconfiança mútua que se instaurou entre os dois deu um “quê” a mais nas investigações e as ironias estão cada vez melhores.
Passando para o caso, achei excelente o modo como ele foi construído e como tudo foi se juntando aos poucos, levando a gente a descobrir os novos pedaços junto com Peter, Neal e Cia. A investigação foi cheia de twists desde o começo – acho que foi o caso de White Collar com mais viradas na trama. E o bom foi que nenhuma se mostrou previsível. Eu já comecei a esperar isso quando o começo do episódio trouxe logo a primeira, com os dois testamentos sendo falsos e formando um mapa. Não sei se o fato de eu adorar essas tramas de tesouro ou de ter jogado muitos games de tabuleiro na minha infância influenciou para que eu me apegasse a situação, mas de alguma forma tudo funcionou muito bem pra mim.
Foi ótimo a série não investir no clichê de um dos irmãos ser o seqüestrador da garotinha. Ok que com isso ela acabou usando outro clichê, o do motivo do seqüestro ser uma vingança tramada por alguém que não quis ajudar o Roland pai. Mas isso também funcionou aqui e em meio a um episódio com tantos acertos, é algo que dá pra ser considerado.
Misturar astronomia com a trama foi outro acerto. Quando o Neal e o Peter resolveram o anagrama logo no começo e chegaram ao nome do Tycho Brahe, meu sensor apitou, porque não me era um termo estranho. Uma pesquisa no Google e logo eu vi que se tratava de um astrônomo. As cenas da investigação no planetário foram muito bem feitas – eu tinha medo de soarem artificiais demais, mas a equipe de produção conseguiu dar conta do recado e o negócio pareceu bem real mesmo.
O Moz e o Neal tentando passar as páginas do livro do Brahe foi sensacional, mas a sequência mais engraçada foi, de longe, a do relógio de sol. O Peter comandando a Elizabeth e o Moz com os espelhos foi hilário, o modo como o Neal olhava surpreso e como o Moz perguntava se aquilo tudo era uma piada… As tiradas entre o Burke e o Caffrey também merecem destaque, eu ria muito toda vez que um tentava descobrir a próxima pista primeiro que o outro e falava “Told you so”.
A resolução do caso foi muito boa. Geralmente soluções combinando muitas coisas (no caso aqui, linhas dos testamentos, fotos antigas e paredes) não fazem sentido, mas White Collar conseguiu explicar tudo sem furos. Eu meio que já esperava que o tesouro fosse as verdadeiras anotações do astrônomo e que os irmãos fizessem uma doação, mas acho que isso aconteceu porque eu leio muitas histórias desse tipo.
No fim das contas, eu gostei bem mais de Where There’s a Will do que de On Guard. Foi mais divertido, teve um caso mais instigante e ainda deu seguimento ao plot das artes roubadas. Esse episódio tributo era o único da temporada que eu temia, então de certa forma fiquei bem aliviado agora.
E que venham os próximos!