Não estava nos meus planos deixar para assistir esses dois episódios juntos, mas acabou acontecendo e, curiosamente, mesmo que os dois apresentem tramas isoladas, eles têm uma constante: Voltaram o foco para personagens coadjuvantes e provaram o quanto White Collar é uma série versátil e que possui um elenco de primeira, tanto no núcleo principal quanto nos secundários, sem que um ofusque o outro. Isso é raro e eu considero um dos grandes trunfos da série.
Para os que, como eu, estavam sentindo falta de uma participação maior da Diana, o 3º episódio da temporada, Deadline, foi um grande presente. Foi ótimo ver a agente em ação e conhecer um pouco mais de sua vida pessoal. Não sei se é minha memória que está me deixando na mão ou se eu perdi alguma referência nos episódios passados, mas não lembro em nenhum momento de terem feito menção à homossexualidade da agente, então foi meio que um choque quando ela apresentou sua namorada.
A personagem serviu para os momentos mais divertidos do episódio, que envolveram o jantar das duas com o Neal e a Sarah. E aproveitando que falei da personagem, deixa eu abrir logo aqui um parêntese pra comentar sobre ela no plano geral da temporada nesses quatro episódios.
Quando anunciaram que a Hilarie Burton estaria no elenco fixo da série, eu me empolguei. Nunca fui muito fã da Peyton em One Tree Hill, mas sempre gostei da atriz e estava gostando das pequenas participações que ela fazia em White Collar. Mas o que anda acontecendo é uma regressão clara. Sarah não tem mais função alguma na história, só aparece simplesmente pra beijar o Neal, soltar uma piadinha aqui e ali ou coisa do tipo. Esperava vê-la envolvida na trama central da temporada ou pelo menos em algum plot paralelo.
Nunca imaginei a Diana fazendo cerâmica, então ri bastante quando descobri que ela conheceu a Christie numa aula. A dinâmica entre os dois casais funcionou muito bem, mesmo que o Neal estivesse ali mais pela lista das obras do que por qualquer outra coisa.
O modo como a série vem lidando com esse plot central me agrada bastante. É visível que a cada episódio que se passa, o cerco ao redor do Caffrey e do Mozzie se fecha um pouco mais. O Peter já anda com a pulga atrás da orelha e eu aposto que essa bomba vai acabar explodindo perto do Summer finale, onde a série vai parar para voltar apenas em janeiro do ano que vem. O bom é que, mesmo com a desconfiança mútua entre os agentes, a relação entre eles continua sensacional. O melhor momento dos dois em Deadline foi o Neal zuando o Peter por ele usar óculos como disfarce.
O caso da semana, como sempre, foi bem construído e muito bacana de acompanhar. No lugar da Diana, eu não sei se teria paciência com aquela chefe implicante e chata. Mas foi ótimo ver a agente se impondo a ela e protegendo-a em segredo. A participação minúscula da Elizabeth na trama também foi ótima e me fez ficar com vontade de ter uma festa com temática de cowboy espacial. Só mesmo a Elizabeth pra pensar numa coisa dessas.
E se a Diana foi a estrela de Deadline, Mozzie brilhou absoluto em Dentist of Detroit. Acredito que o personagem figure na lista dos preferidos entre os fãs, então deve ter sido bastante agradável para todos – como foi pra mim – descobrir mais do passado do grande amigo de Neal. Aqui, o caso da semana acabou ficando em segundo plano e estava no episódio com o intuito de sustentar a história do Moz.
Foi sensacional vê-lo, desde criança, com óculos fundo de garrafa. E arrumaram um menino que é realmente a cara dele! Fiquei impressionado. E não foi nenhuma surpresa descobrir que ele era uma criança prodígio e que aplicava golpes desde os 12 anos de idade. O modo como a narrativa em flashbacks foi se sobrepondo caiu como uma luva e em nenhum momento ficou cansativa ou coisa do tipo.
Quando o Peter falou que o “Dentista de Detroit” tinha vários crimes bárbaros em sua ficha criminal, eu torci o nariz, porque por mais golpista que o Mozzie possa ser, cometer crimes hediondos não é exatamente algo que dá pra esperar do personagem. Felizmente, tudo acabou sendo explicado e se encaixando de forma coerente. O roteiro de Dentist of Detroit, aliás, foi um dos melhores da série. Conseguiu amarrar todas as pontas da trama do Moz, sem deixar nada mal explicado.
Gostei de ver que o humor não foi esquecido. A Elizabeth jogando baralho com o Mozzie e o momento em que o Peter o “prende” foram sensacionais. Eu gosto muito de como White Collar consegue sempre fazer um equilíbrio entre sua trama central, seu caso da semana e seu humor.
A sequência final do episódio foi emblemática. O diálogo final do Mozzie com o Neal foi simples, mas impactante.
“Você e Peter: Aproveite enquanto dura.”
Eu sei que já falei isso aqui, mas não tem como não fazer elogios ao Matt Bomer. Ele nunca deixou de dar conta do recado, mas a construção que o cara vem fazendo da nova fase do Neal é simplesmente impecável. Em Deadline, quando o Peter citou que ele já era da família e agora, com o aviso do Mozzie, foi possível ver em nuances o quanto o Caffrey está confuso. De uma forma ou de outra, ele se apegou ao Peter e gosta de viver a vida de agente do FBI, por mais que seu sangue seja o de um golpista. Eu não faço ideia de como tudo isso vai acabar, mas sei que tô louco pra descobrir.
White Collar vem fazendo mais uma excelente temporada e se o nível se manter, não sei se vai ser tão fácil assim aguentar o hiatus que tá vindo por aí.
PS. Sensacional o Neal citando Oliver Twist pra se referir ao Mozzie.
