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Studio 60 on the Sunset Strip – Model of network tv show

Por: em 9 de novembro de 2010

Studio 60 on the Sunset Strip – Model of network tv show

Por: em

Muitas vezes para nós, apaixonados por séries, é curioso pensar em como um programa é feito, do momento em que o roteiro é criado até a gravação final. Imagina poder assistir os ensaios dos atores, a geração de ideias dos roteiristas, o trabalho de produção dos cenários, da gravação… Um Making off? Não. Studio 60 on the Sunset Strip é uma metalinguagem, uma série que fala sobre série.

Studio 60 (para os íntimos) é sobre um programa de TV ao vivo do canal NBC, chamado Studio 60 on the Sunset Strip. Mostra justamente o bastidor desse programa semanal. Foi inspirado no famoso Saturday Night Live, com quadros de humor, convidados musicais e  um apresentador convidado especial a cada semana. Isso tudo é mostrado em Studio 60, mas não pára por aí, a série é cheia de referencias à cultura popular e ao mundo político.

Criada pelo premiadíssimo Aaron Sorkin (tão aclamado que de tempos em tempos é citado em outras séries, como Entourage) Studio 60 é uma comédia e um drama ao mesmo tempo. E não pense que por tentar ser os dois, ela é mediana em algum desses quesitos. Sorkin consegue encaixar todas as peças com perfeição em cada episódio. Studio 60 é hoje, para mim, sinônimo de perfeição, de como trabalhar tudo ao mesmo tempo e muito bem, com excelentes atores, diretores, escritores, roteiristas e editores. Após cada episódio, nós saímos da frente da TV melhores por assistir algo brilhante, com diálogos inteligentes e com conteúdo, capaz de rir e emocionar. Literalmente, um Modelo de programa de TV, como diz a música.

E porque a série foi cancelada na sua primeira temporada? A NBC, apesar de ser uma grande emissora, não é apropriada para tal série e não conseguiu sustentar a sua audiência inicial. Talvez em uma emissora fechada, como HBO ou Showtime, Studio 60 tivesse mais chances de sobrevivência. Durante a mesma época outra série sobre os bastidores de um programa de sketchs também foi produzido na NBC, 30 Rock, que ainda está no ar. Ou talvez tenha sido somente a maldição de Friends.

Os Personagens:


Exibida nos Estados Unidos de 2006 à 2007, a série foca na dupla de executivos de Studio 60, Matt Albie (Matthew Perry) e Danny Trip (Bradley Whitford) que assumem o programa novamente depois de um episódio desastroso em que o antigo produtor executivo é demitido. A dupla é chamada pela nova presidente de programas de entretenimento, Jordan (Amanda Peet) como seu primeiro ato para tentar salvar o programa de maior sucesso da emissora.

No piloto da série os personagens são apresentados por blocos, claramente divididos com títulos para cada núcleo que é importante para o seriado.

Matt e Danny já trabalharam no programa em anos anteriores. Matt é roteirista e Danny produtor executivo. Os dois não saíram em paz com a emissora, mas depois do episódio desastre, Jordan acredita que são o recomeço que o programa precisa, e ao que parece o público também. Guiados pela curiosidade a audiência do programa vai às alturas, bom para a emissora e um desafio para a Matt e Danny, que tem a tarefa de manter a maioria da telespectadores no próximo programa. Matt passa a escrever o programa sozinho, criando conflitos com os escritores veteranos, dando pouco (ou quase nada) para eles trabalharem.

Matt não tem um conflito só com os escritores. Ele teve um relacionamento com a principal atriz do programa, Harriet Hayes (Sarah Paulson). Harriet é a atriz bonita e engraçada do show, era sempre alvo de piadas por ser muito religiosa. Mas Harriet era realmente engraçada, embora não soubesse contar piadas! Matt passa a levar o show nas costas, escrevendo os roteiros por completo e passa a ter problemas com remédios. O personagem é muito complexo, entre seus sentimentos pela Harriet e o compromisso em fazer um bom programa, com uma grande audiência para salvar seu amigo Danny. Matt procura a todo o tempo não decepcionar a si mesmo e aos seus colegas, que esperam muito de todo o seu potencial criativo. Em todos os episódios podemos sentir a pressão que vai caindo sobre ele.

Jordan é a diretora novata, ainda tem sonhos com uma programação de qualidade para a emissora, superestima o público que tem. Compra séries sobre temas que não são comuns à TV aberta americana, e seriam mais adequado à uma HBO. Uma delas, que gerou uma discussão com o seu superio,r foi sobre o dia a dia da ONU. Sim, a Organização das Nações Unidas. Harriet ficou um pouco insegura quando a diretoria contratou uma diretora só para realyts shows, ainda mais quando ela não concorda com a qualidade dos programas sugeridos pela novata. Como o drama da série não é só relacionado ao ambiente de trabalho, Harriet tem mais uma complicação na sua vida, ao descobrir que está grávida de um ex-namorado.

Danny só aceitou voltar ao programa porque foi chantageado pela Jordan, que sabia de seu problema com drogas. Matt foi junto porque são amigos e trabalham juntos. Na verdade quem aceitou foi Matt, porque sabia que o Danny nunca aceitaria este acordo. Ele é sincero quase todo o tempo, luta pelo que quer, e o elenco todo sabe disso. Mesmo com todos os problemas ele tem o respeito de todos que trabalham com ele, que confiam na sua capacidade de fazer um bom programa.

Big Three, são os três atores principais que sustentam o programa, Studio 60, e que dão a visão do ator, de como eles ensaiam, como é a relação deles com os roiteiristas, com contra-regras. Os improvisos são sempre necessários, é um programa ao vivo, coisas acontecem. O Big Three é formado pelos atores: Harriet Hayes, Tom Jeter e Simon Stiles.

Harriet já foi citada antes. Cristã praticante, é sempre procurada por jornalistas e pelos colegas para comentar temas polêmicos, falar sobre os sketchs que envolvem piadas com religião. Mas Harriet não é uma pessoa comum, não impõe sua crença à ninguém, embora fale muito sobre Deus. É curioso ver como uma pessoa criada nestes moldes se tornou uma grande comediante e uma mulher incrivelmente sexy. No 4º e 5º episódio vemos  a chegada de uma jornalista da Vannity Fair, Martha (Christine Lahti), com total acesso à tudo, fazendo perguntas e tentando compreender a cultura popular e o que acontece no programa. Para Martha, Harriet conta como foi que tudo começou:

Era uma pequena casa e sete crianças. Uma mãe devota e um pai longe de devoto que começava a beber quando era dispensado da fábrica de papel. Eu era boa em quebrar a tensão. Minha mãe me botou nas peças da Igreja. Uma vez eu esqueci uma fala e tive que improvisar, fiz uma imitação da Judy Holliday. Todos ficaram em silêncio até que o ministro estourou de rir. Aí eu olhei e vi o orgulho no rosto de minha mãe. E eu lhe disse que estava pronta para receber Cristo. E eu fui batizada.

Tom Jeter (Nathan Corddry) sofre com o seu pai, que não aceita a profissão do filho. Seu irmão está no Afeganistão pelo exército, teve problemas por lá, mas Tom nunca se aproveitou do fato para se beneficiar, nem mesmo quando foi preso. É também um cara honesto, que tenta fazer tudo dentro dos padrões para ninguém ter problemas. Já Simon (D.H. Hughley) é o representante dos mulherengos, embora sempre tente levar mais a sério as questões raciais, buscando fazer quadros que falem do assunto, ele assume totalmente o título “o cara negro”.

Além destes principais, vemos muito Jack Rudolph (Steven Weber), chefe da Jordan que no inicio implica com o programa, com a contratação de Matt e Danny e com a própria Jordan. Cal (Timothy Busfield), diretor do programa, foi o responsável por deixar Wes no ar por 53 segundos, dizendo tudo que queria sobre a TV norte americana.

Rick e Ron são antigos roteiristas do programa, desafetos dos novos produtores, Matt e Danny. Passam grande parte da série tentando fazer com que Matt aceite alguma das suas propostas de roteiros para o Studio 60, sem muito sucesso, até que decidem pular fora.

Os relacionamentos

Onde tem muita gente convivendo, é normal que alguns venham a namorar, pois como disse o Danny, é no estúdio que irão morar pelos próximos 2 anos. Tiveram os namoros complicados, como o Matt e Harriet, que tinham terminado pouco tempo antes deles assumirem o comando do programa. Matt ainda é apaixonado pela Harriet e isso ainda causa alguns problemas para os dois dentro do estúdio. Os dois se conheceram quando começaram a trabalhar juntos, e seus nomes não eram conhecidos dentro do show. Nas palavras de Matt:

Eu estava tentando impressionar a Harriet. Foi assim que estourei.

Lá pelo meio da temporada, Danny também se apaixona, mas não por alguma atriz do elenco, mas por sua chefe, Jordan. Como nada na vida é fácil e Studio 60 tenta se aproximar dos dramas da vida real, Jordan está grávida e reluta em manter um relacionamento com Danny.

Eu acho que estou me apaixonando por você. Se você quiser fugir, eu vou entender, mas é melhor começar agora, porque eu vou atrás de você, Jordan.

Após esta fala, nas vésperas de natal e ano novo, Danny cumpre sua promessa e não deixa Jordan esquecer dele nem por um minuto, ligando todo o tempo durante as férias da sua chefe. Depois ainda pede que muita gente, pessoas que trabalham na emissora ou não, escreva cartas de recomendação sobre ele e envie à Jordan “então ela saberá que sou bom entre pessoas”.

Também vemos os relacionamentos dos outros dois “Big Three”. Enquanto Tom pede até permissão para poder chamar uma das roteiristas para sair, Simon está sempre com mulheres diferentes, em certos momentos a sua confusão entre uma mulher e outra é uma boa dose de humor na série.

Temas polêmicos

A religião é assunto recorrente, tanto de sketchs do show, quanto de assuntos nos bastidores. Ao mesmo tempo que quadros intitulados “Crazy Christians” vão ao ar, uma roda de oração é feita antes de cada programa. Jack e Jordan discutem sobre a pertinência de uma revista religiosa estar na coletiva de imprensa do canal e a sua competência para abordar assuntos de cultura pop, e Harriet faz campanha para as “Mulheres Unidas pela Fé”.

Além de misturar religião em cada episódio que escreveu, Sorkin abordou diversos assuntos polêmicos, envolvendo a televisão e a cultura americana em seu seriado. Muitas coisas eram ditas friamente, uma alfinetada no público, outra nos produtores. O ultimo episódio de Wes, o piloto de Studio 60 tem logo no seu início um grande discurso do produtor sobre tudo que o incomoda na televisão hoje em dia:

Não vai ser um show muito bom esta noite. Acho que vocês deveriam trocar de canal.

– Troquem de canal. Agora! É melhor desligarem a TV, ok?

Não, sei que parece que era para ser engraçado, mas amanhã, vocês vão descobrir que não era e a essa hora, eu já terei sido demitido.
Não, isso não… não é um roteiro.

Este show deveria representar sátiras políticas e sociais, mas foi lobotomizada por uns idiotas com cú doce da rede de transmissão. E eles não fazem absolutamente nada que possa desafiar a audiência. Estávamos prestes a seguir um roteiro que vocês já devem ter visto umas 5000 vezes. Sim, ninguém vai confundir George Bush com George Clinton. Agora nós entendemos. Estamos todos sendo lobotomizados pela indústria de maior influência do país.

Eles estão apenas jogando a tolha sem esforço algum que não inclui a cortesia de garotos de 12 anos. Nem mesmo os garotos espertos de 12 anos, os estúpidos, os idiotas que são muitos graças à essa emissora. Então por que você não muda de canal? Desliguem as TVs! Façam isso agora! Andem!

Sempre foi uma luta entre a arte e o comércio. Mas agora, estou dizendo a vocês, a arte está tomando na bunda. Está nos fazendo mal. Está nos deixando putos. Está nos transformando em simples idiotas. Não é o que somos!

Pessoas estão concorrendo para ver o quanto podem parecer com Donald Trump! Estamos comendo vermes por dinheiro! Quem quer fuder minha irmã? Um homem que está morrendo numa guerra que tem música tema e um logo?

O controle na sua mão não serve para nada. Oh sim, de vez em quando, nós fingimos estar horrorizados.

Cal, quando está sendo mandado cortar a fala de Wes, responde:

Estou esperando que ele diga algo que não é verdade.

Um dos principais assuntos que Sorkin aborda é a dependência do programa à audiência conseguida. Nós, telespectadores, sabemos que a audiência está diretamente ligada à continuidade da série. Mas nos bastidores mostrados em Studio 60 vemos como essa pressão atua em cada um, como cada um reage. Seja quando alguém tenta levar um pouco mais de cultura à série e introduzir um número de uma comédia italiana que o público não entende, ou um quadro de perguntas que dá mais uma alfinetada no público.

Quando um episódio foi baseado naqueles grupos focais que fazem para saber o que agrada ou não o público, além de mostrarem a preocupação dos diretores com o público, mostram como os roteiristas as vezes tentam só fazer um programa engraçado, mas são influenciados pelas respostas que ganham. Os atores se deixam abalar, e todos tem que trabalhar a confiança. Mas, acima disso tudo, o que percebemos é como estes grupos são influenciados para ter as respostas que os executivos querem. Como disse o Matt:

Não me espanta que tenham respondido isso, me espanta terem feito esta pergunta.

Outros assuntos pertinentes à mídia, televisão e o jornalismo nos Estados Unidos também foram temas de dramas na série. Jack, presidente da emissora, sustenta uma briga com o grupo que controla a emissora para não se dobrar à FCC (Federal Communications Commission) , que aplica uma multa por um soldado dizer um palavrão durante um jornal ao vivo quando uma bomba cai próxima à ele, chamando estas ações de censura.

O uso de drogas também é outro assunto recorrente em Studio 60. Desde o motivo para Danny ter aceitado voltar ao programa à crise criativa do Matt. Como um homem brilhante como o Matt lida com uma crise dessas, quando ele tem que escrever 90 minutos de um programa toda semana, ser engraçado, garantir uma boa audiência e lidar com a sua vida particular? O uso de drogas não é a solução, e o Sorkin sabe disso. Ele sofreu isso na pele quando escrevia West Wing. Além disso, tiveram dois episódios que se passam em Nevada, com Tom e Simon presos por posse de droga.

Outros problemas norte americanos também foram tratados pelo seriado. O furacão Katrina desabrigou muita gente, e a cidade que tem grandes músicos deixou muitos deles desempregados. Até a reconstrução da cidade, como estas pessoas estavam sobrevivendo? Como conseguiam o básico? E como encaixar isso no seriado? Músicos começam a ficar em casa, indicando outros de New Orleans para substituí-los, para que não perdessem o seguro por ficar tanto tempo sem trabalhar.

A guerra no Iraque e o sequestro de soldados mantidos reféns por forças revolucionárias no Afeganistão também foram alguns dos assuntos tratados, de forma meio amarga, deixando as pessoas divididas entre a confiança no governo, que não pode falar nada, e a promessa de grupos particulares de resgate em manter informados e dar notícias que os parentes não conseguem de outra forma.

O racismo nos programas de TV é trazido a tona com reivindicações de Simon, que exige que hajam escritores negros no programa. O ator reclama que não consegue boas skechts porque não tem escritores negros. Dessa forma convence Matt a assistir uma apresentação de stand up num bar. Só um negro consegue escrever cenas engraçadas para negros? A comédia não privilegia uma raça ou outra.

Participações especiais

Uma das vantagens de se fazer um programa baseado num programa real, é que pode-se trazer convidados especiais como eles mesmos. Logo no piloto, a atriz que está na berlinda, no meio de um péssimo programa é a Felicity Huffman de Desperate Housewives, apresentadora convidada, que faz um monólogo de abertura que nunca chegamos a ver, mas Wes diz que não é engraçado.

A amizade de Matthew Perry e Lauren Graham (Gilmore Girls) também foi mostrada na série. A atriz participou de um dos episódios, como a apresentadora e ainda ganhou uma cantada do Matt:

Outras participações especiais incluem: Allison Janney, Masi Oka, Howie Mandel, Rob Reiner e Jenna Fischer como eles mesmo, apresentando o programa. No formato do show, muitos convidados musicais também puderam aparecer como eles mesmo: Sting, Corinne Bailey Rae, Gran Bel Fisher, Three 6 Mafia, e Natalie Cole.

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Pra você que não conhece, vale a pena investir nessa série que, apesar de tão curta (são somente 22 episódios), apresenta todas as características que uma grande série é capaz de ter. Você vai rir e se emocionar com os bastidores desse exemplar programa de televisão.


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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