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A construção de uma série de sucesso

Por: em 19 de junho de 2013

A construção de uma série de sucesso

Por: em

Audiência.

Essa palavra é muito importante quando pensamos em uma série que faz sucesso ou não. São números estatísticos de quantas pessoas pararam para assistir a uma determinada série ou programa, é interesse de todas as emissoras que este índice seja o maior possível sempre, todos trabalham para que ao lançar uma série a audiência seja crescente até o dia da exibição da season finale.

A televisão gira em torno dos números da audiência, entre diferentes públicos, mas ela precisa de altos números para manter uma série no ar. Algumas séries não tem números expressivos mas sobrevivem por conseguir criar uma relação mais íntima com os telespectadores que, por adorar uma série irão adquirir e interagir com outros produtos além da exibição regular dos episódios. É o caso de True Blood, por exemplo, e outras séries da TV a cabo, que possuem naturalmente números menores de telespectadores.Mas os métodos para medir interação do telespectador com uma série ou programa ainda são escassas e nebulosas para as emissoras, como os dados do Trendrrtv que captura a interação entre Twitter, Facebook, Getglue e Viggle, mas as bases e formas de interação são muitas, como mostra o gráfico do Trendrrtv:

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Mesmo com a crescente interação social, a audiência é o que ainda guia as emissoras. Ao lançar uma nova série, a emissora conta com alguns artifícios para começar com um número alto, divulgando vídeos promocionais, propagandas, fotos, e fazendo uma extensa campanha de marketing para ganhar a atenção do telespectador. Dois eventos são importantes para a emissora antes do início da Fall season: o primeiro são os Upfronts, onde divulgam as sinopses oficiais da séries (é o que temos acesso) e para a crítica especializada é distribuído um material com os pilotos das novas séries, jornalistas que também participam de festas com o elenco.

A crítica  é importante quando o grande público ainda não assistiu à série e está buscando o que ver entre as novidades. As grandes revistas norte-americanas e os portais divulgam análises e dão notas para o que viram, sendo então um termômetro para o que vai vingar ou não após uma temporada no ar.

O segundo evento é a grande convenção nerd, a Comic-Con, que está cada vez mais se firmando com um evento para a TV divulgar suas séries e exibi-las para um público pequeno, mas que representa um pouco melhor a grande audiência. É uma oportunidade para ganhar destaque nas mídias sociais.

Mas o episódio piloto tem que ser capaz de cativar o telespectador desde o início. Dentre tantas séries no ar, as primeiras impressões são importantes, e os mínimos detalhes farão com que uma série seja vista e outra não, mesmo com temas e histórias similares. As emissoras e os criadores das séries sempre vão na onda do que está fazendo sucesso, então vemos muitas séries de contos de fada, de vampiros, além das tradicionais médicas e policiais. Este ano parece que vamos ver muita ficção científica e viagem no espaço. E com tantas com tema parecido o que ver ou não?

Nessa hora os criadores de uma série tem que optar por fazer um piloto promissor, com excelente qualidade, ou ser descaradamente trash, que conquiste fãs por essa característica. Apresentar todo o elenco e falar para a onde a temporada irá caminhar, ou manter o mistério? Essa decisão pode fazer um piloto apressado ou não. Apresentar o elenco pode captar um fã de um ator, deixar o mistério pode fazer o curioso voltar. Mas não são escolhas aleatórias.

O criador tem que fazer estas escolhas com base na verba disponível, no canal para o qual a série está sendo desenvolvida, nos atores contratados, no horário que será exibida e na concorrência existente. Muitas vezes “xingamos muito no twitter” por ‘uma série boa ser cancelada’, ‘porque os americanos não veem como série x ou y merece ser assistida’, mas se a emissora não deu o espaço adequado, ela dificilmente sobreviverá. Como não assistimos ao vivo não percebemos estes erros de posicionamento.

Muitas séries tiveram pilotos que não foram um primor mas despertaram a vontade de ver mais um, os criadores tiveram então a chance de consertar erros e assistimos excelentes primeiras temporadas. Mas tudo o que as emissoras de TV esperam é que as séries continuem crescendo, ou pelo menos mantendo um público fiel. O terror é quando a segunda temporada não é tão boa quanto à primeira, e os números de audiência caem junto com a série, como Once Upon a Time, New Girl, 2 Broke Girls ou Last Man Standing.

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Média de telespectadores da 1ª e 2ª temporada das séries, 2 Broke Girls, Once Upon a Time, New Girl.

Esse padrão é novo para a TV americana, que está acostumada com suas séries de grande sucesso na primeira temporada continuar ganhando novos fãs no segundo ano. Isto assustou as emissoras, que decidiram que precisam de novos hits, com tantas séries grandes chegando ao fim.

Com esse choque, muitas séries foram canceladas este ano, foi até motivo de piada no twitter e facebook como a frase “NBC cancela a NBC”. Na próxima fall season teremos nada menos do que 50 novas séries tentando se tornar um novo hit. A ABC conta com os clássicos super herói, um tema forte, angariando os fãs já estabelecidos dos quadrinhos, Os Agentes da S.H.I.E.L.D. tentarão ser um grande sucesso, trazendo inclusive o elenco do cinema para as telinhas. Na tentativa de também contar com fãs já criados, a FOX ressuscita 24 Horas e traz de volta Jack Bauer e grande parte da equipe de produção original. Outra opção muito abordada atualmente pela emissoras são os spinoff  (série derivada de outra, como The Originals, baseada no sucesso de The Vampire Diaries), pelo mesmo motivo das outras soluções, contar com uma base de fãs de outras produções.

Uma outra opção das emissoras é comprar séries de criadores e produtores com experiências em produzir grandes sucessos. Jerry Bruckheimer, Shonda Rhimes (leia mais sobre a magia de Shonda Rhimes) e J.J. Abrams não deixam ninguém mentir. Na fall season de 2013/2014 Abrams vai emplacar mais 2 séries Believe, Almost Human, além da já em exibição Person of Interest, que foi uma exceção na fall season e sua segunda temporada teve audiência maior do que a primeira. Para provar que estes nomes são boas apostas, outra exceção que teve uma boa segunda temporada foi Scandal, da Shonda Rhimes.

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Média de telespectadores da 1ª e 2ª temporada das séries Person of Interest, Scandal.

Alguns executivos de publicidade e de TV concordam com motivos desse declínio, como Brad Adgate que afirma que a audiência das séries caiu por uma várias razões: criativas, por competição com TV a cabo ou por streaming, ou simplesmente porque o maior público, o jovem, está deixando de ver TV, estão procurando outras formas de diversão. Outro ponto que prejudica a volta dos telespectadores é o excesso de hiatos que se vê na TV aberta. Quando uma série dá uma pausa, a TV exibe reprises e programas que normalmente tem audiência mais baixa. Quando voltam, as séries podem perder parte do público já conquistado, como foi o caso de Revolution, que nunca se recuperou de um hiato de quase 4 meses.

A exibição corrida pode ser uma alternativa, já testada pela FOX com The Following, sem hiato e com número menor de episódios. Esta fall season a emissora irá repetir a fórmula, com as produções chamadas Series events, nesta Fall Season a nova série event será Wayward Pines. A ABC já anunciou que também vai diminuir o número de hiatos, as suas séries terão somente uma pausa no final do ano, sendo exibidas em dois blocos corridos de aproximadamente 12 episódios cada.

Dentre os problemas encontrados pelas emissoras para manter a audiência são as muitas mudanças de horário das séries, que deixam os telespectadores perdidos. A única emissora que mantém uma grade de programação um pouco mais consistente é a CBS, quase sem mudança de dia de exibição das séries. As outras emissoras pagam o preço por tantas mudanças. A CBS é líder de audiência em várias faixas de público e horário. Mas o que fazer quando uma série estreia e não tem o retorno desejado? muda de horário? Cancela? O que fazer com o horário recém aberto?

As emissoras estão atirando para todos os lados, o volume de novas séries é preocupante. Deveriam as emissoras escolher algumas poucas para investir mais dinheiro, tempo e pessoal, dando às mais promissoras maiores chances de sobrevivência? O volume de novas séries pode não ser um bom negócio.

Falta criatividade e audácia às novas séries para manter os telespectadores interessados e transformá-los em fãs.


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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