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American Crime

Por: em 19 de junho de 2015

American Crime

Por: em

Os Estados Unidos, vida real, vive em um clima de tensão em virtude de notícias de absolvição de policiais acusados de matar pessoas negras , seja em virtude em abordagens mal sucedidas ou então por uso desproporcional da força. A temática em American Crime não é exatamente sobre isso, mas tem como componente importante do roteiro a tensão racial que há nos Estados Unidos.

 

Continuando as indicações de séries para você assistir enquanto suas preferidas estão de férias, hoje falaremos de uma série que recém terminou sua primeira temporada. American Crime já foi preliminarmente abordada aqui no blog no post sobre as primeiras impressões da série. Agora voltamos para dizer que vale a pena ser assistida.

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A série se inicia com uma gravação de ligação para o 911 denunciando um possível crime e posteriormente um outro telefonema, agora para Russ, pai da vítima Matt.  A partir daí se inicia a investigação do crime que desencadeou na morte de Matt e deixou sua esposa Gwen em coma. As vítimas são inicialmente apresentadas como um casal perfeito – ele ex militar e ela uma ex miss, loira, bonita e esposa exemplar.  Inicialmente aparentava ser um latrocínio, vemos inclusive um dos suspeitos comprando mercadorias com cartões de crédito das vítimas, mas com as investigações seguindo percebemos que na verdade nada é o que aparenta ser.  Em razão disso eu reafirmo o que foi dito no post de primeiras impressões de American Crime:  “A série funciona como uma boneca russa. O crime é o plot maior e guarda histórias menores, que são igualmente importantes para entender o que aconteceu naquela noite e compreender a dinâmica social que rege a série.”

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A tensão racial

Sabe aquela pessoa que diz que: eu não sou racista, mas “essas pessoas” tem que saber o seu lugar? e por essas pessoas, leia-se – negros e latinos? Pois então, em American Crime temos uma personagem que encampa exatamente esse tipo de pessoa, não se acha racista, mas 8 em cada 10 palavras que saem de sua boca indicam o contrário: estamos falando de Barb, mãe de Matt. Pois Barb inicia uma cruzada para tentar a todo custo relacionar o que aconteceu com seu filho a um crime de ódio, cometido em razão da raça dele. Como os suspeitos principais são um negro e um latino, Barb realmente parece crer que Mat e Gwen foram brutalmente atacados por serem brancos e isso a faz mover todos os recursos para que a opinião pública e as autoridades também acreditem nisso.  Mesmo estando diante de uma mãe que perdeu seu filho brutalmente assassinado, não há qualquer empatia em relação a ela, seja em virtude de sua posição arrogante e superior ou por suas palavras e atos totalmente racistas.

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Por outro lado temos o núcleo dos Guttiérrez, composto por Tony, sua irmã e seu pai Alonzo. Tony é um bom menino, ajuda o pai em sua oficina, frequenta a escola e protege sua irmã. Porém é envolvido no crime por ter alugado um veículo utilizado pelos supostos assassinos. Seu pai o força a contar tudo que ele sabe e isso o faz ser mandado direto para uma espécie de reformatório, onde há adolescentes acusados de cometerem todo tipo de crime (no Brasil chamamos de ato infracional os delitos cometidos por menores de idade), e isso causa um grande impacto no garoto. Além dele ser obrigado a se virar lá dentro, despeja sobre o pai toda a culpa por estar ali e isso causa um grande mal para toda a família.  Além disso, seu pai acusa publicamente um imigrante mexicano ilegal pelo crime, o que provoca a ira da comunidade mexicana – ilegais e legais – .

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Por fim temos o casal Carter e Aubry como suspeitos também do crime, os dois são viciados em drogas e vivem uma vida totalmente desregrada. Ela é filha adotiva de um casal com recursos, e ao passar dos episódios vamos conhecendo um pouco mais sobre o que poderia ter levado ela a se envolver com drogas e como conheceu Carter. O relacionamento dos dois é verdadeiro, porém a realidade não funciona muito bem para eles e eles vivem drogados. Com o passar dos episódios vamos conhecendo a família dos dois e tudo vai ficando mais complicado ainda.
american-crime-1 Observações

– A série tem boa direção e roteiro, porém peca um pouco no quesito ritmo. Temos muitos personagens importantes para a história e mesmo assim há a opção da inserção de muitos coadjuvantes e isso atrapalha um pouco, mas nada que comprometa a história e a qualidade da série.

– American Crime é uma série com aparência de investigação, mas cujo objetivo é mais psicológico e dramático do que possa inicialmente parecer.

– As locações são bem adequadas e a paleta de cores em tom amarelo contribui para sensação de sufocamento que muitos personagens sentem.

– As atuações são excelentes: os atores conseguem passar o sentimento de seus personagens. O destaque vai para Felicity Huffman (Barb) e Caitlin Gerard (Aubry).

O episódio final é sensacional e traz um fato que não era esperado, mas foi construído durante várias oportunidades.

– American Crime é uma série em formato de antologia e sua segunda temporada contará uma história diferente.


American Crime é uma série que incomoda, com temas que precisam ser discutidos e por isso Vale Cada Minuto!

 

 


Janaina Helena

Mineira vivendo em Maceió. Viajante por vocação. Advogada por profissão. Séries, cinema, livros, corrida e torresmo!

Maceió-AL

Série Favorita: The Good Wife e Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Arrow

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