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Downton Abbey – Vale cada minuto!

Por: em 6 de dezembro de 2011

Downton Abbey – Vale cada minuto!

Por: em

Welcome to Downton!

Quando Downton Abbey estreou em setembro de 2010, rapidamente me vi instigado a conhecer a proposta da nova série inglesa. Porém, acabei deixando de lado com a fall season 2010/2011 chegando. Em poucas semanas, a crítica especializada ovacionava a produção, enquanto o público começava a investir com força na vida da família Crawley. Duas temporadas depois, uma limpa no Emmy, e um lugar no Guinness Book 2012, é fácil dizer que Downton Abbey vale cada minuto.

Para os que ainda não assistem, DA é uma produção inglesa que vai ao ar no canal ITV. Criada por Julian Fellowes (vencedor do Oscar de melhor roteiro original por Assassinato em Gosford Park), a série segue um roteiro parecido com o filme, porém, sem a parte do assassinato. Vivenciamos os acontecimentos da família Crawley, em sua casa no condado de Yorkshire, na Inglaterra, que leva o nome da série: Downton Abbey. O drama nos apresenta a rotina dos donos e dos empregados da casa, mostrando os diferentes relacionamentos entre quem manda e quem obedece.

Mas a série tem uma trama além da vida básica dos  personagens? Claro que sim, mas acreditem que com o roteiro de Fellowes e a interpretação dos atores, acompanhar a vida “monótona” dessas pessoas já é um passatempo mais do que interessante. A série se inicia no ano de 1912, logo após o naufrágio do Titanic. É nesse desastre que o herdeiro de Downton, o primo James, acaba morrendo, assim como seu filho, Patrick. Sem conhecer a próxima pessoa na linha de sucessão da casa, o Conde Robert, sua esposa Cora e toda a família Crawley entra em desespero quando descobre que o futuro dono do lugar é um primo distante, e “simples” advogado, Matthew Crawley. Mas por que o desespero? Simplesmente porque existe uma obrigação no contrato da propriedade, de que o herdeiro fique também com todo o dinheiro da família, que nesse caso veio de Cora. Como a filha mais velha do Conde e da Condessa – Lady Mary – estava noiva de Patrick, seria ela quem herdaria o dinheiro da mãe, mas com a morte do primo, um desconhecido tomaria “posse” de Downton, e do dinheiro.

Ao passo que Matthew e sua mãe Isobel recebem a notícia e se mudam para Yorkshire, somos levados a conhecer o andar de baixo da enorme casa. Lá trabalham e moram os empregados dos Crawley. Como em todo lugar, encontramos criados mais do que fiéis, amigos, e íntimos de seus empregadores, mas também aqueles que só querem arranjar confusão, e invejam a posição dos outros. Esse aspecto é trabalhado de forma brilhante na série. Não só a burguesia tem uma pirâmide hierárquica, mas também os criados. Acostumados com os patrões, eles não gostam nada da possibilidade de servirem uma pessoa desconhecida.

Personagens principais (da esquerda para direita):

  • Charles Carson (Jim Carter) – mordomo de Downton.
  • Sra. Elsie Hughes (Phyllis Logan) – governanta.
  • Sarah O’Brien (Siobhan Finneran) – lady’s maid. É uma criada que cuida especificamente da Sra. da casa. Chamada pelo último nome pelos seus superiores e por Sra. pelos outros criados.
  • Sra. Beryl Patmore (Lesley Nicol) – cozinheira.
  • Daisy Robinson (Sophie McShera) – ajudante de cozinha.
  • Gwen Dawson (Rose Leslie) – empregada.
  • William Mason (Thomas Howes) – 2º lacaio.
  • John Bates (Brendan Coyle) – valet. É o criado que cuida especificamente do Sr. da casa. Equivalente masculino a lady’s maid.
  • Anna Smith (Joanne Froggatt) – chefe das empregadas.
  • Thomas Barrow (Rob James-Collier) – 1º lacaio.
  • Sr. Matthew Crawley (Dan Stevens) – herdeiro de Downton.
  • Violet Crawley (Dama Maggie Smith) – mais conhecida como Condessa-Viúva ou Lady Grantham, mãe de Robert.
  • Robert Crawley (Hugh Bonneville) – Earl de Grantham, título já extinto, mas que indicava o dono atual da propriedade. Normalmente chamado de his lordship.
  • Cora Crawley (Elizabeth McGovern) – Condessa de Grantham. Casada com Robert, é mais conhecida como her ladyship ou milady.
  • Sra. Isobel Crawley (Penelope Wilton) – mãe de Matthew.
  • Lady Mary Crawley (Michelle Dockery) – filha mais velha de Robert e Cora.
  • Lady Edith Crawley (Laura Carmichael) – filha do meio de Robert e Cora.
  • Lady Sybil Crawley (Jessica Brown-Findlay) – filha mais nova de Robert e Cora.

Personagens secundários (da esquerda para direita):

P.S.: Ethel é parte do elenco principal da 2ª temporada, com a atriz Amy Nuttall sendo creditada entre os atores regulares. Porém, a foto do elenco do segundo ano pode conter spoilers, então a personagem está como secundária nesse post.

Com um elenco tão grande e poucos episódios por temporada – 7 na primeira, 8 na segunda – Downton Abbey consegue encontrar espaço e trama para cada um deles, até mesmo para os secundários. Na primeira temporada vamos conhecendo cada um dos moradores de Downton, a rotina da casa, os relacionamentos…enfim, quem é quem e por que eles são importante para a trama. A temporada foca em dois plots principais: a chegada do primo Matthew e a repercussão que isso causa na vida de todos; e um acidente envolvendo Lady Mary, Cora, Anna e Daisy. Já a 2ª temporada acontece no período da 1ª Guerra Mundial e mostra com excelência as dores e evoluções que a guerra trás para os personagens. “Mas como assim, a série começa em 1912, e a guerra acontece entre 1914 e 1919, então a história passa rápido”? Exatamente, meses – às vezes quase um ano – se passam entre um episódio e outro. Porém, isso não atrapalha em nada a continuidade da série, e os atores sabem passar muito bem esses saltos no tempo quanto aos acontecimentos.

Em algum momento você consegue simpatizar com todos os personagens. Claro, existem aqueles favoritos do público, como Bates, Anna, Lady Sybil, Violet, Carson, Daisy e outros…assim como os mais fáceis de odiar, como Thomas, O’Brien e Lady Edith. Mas todos eles mostram diversos aspectos psicológicos, e seus intérpretes – com precisão – nos fazem sorrir com até mesmo os mais perversos, mesmo que por alguns minutos. O roteiro decai na 2ª temporada, infelizmente. Porém, é errado dizer que Downton se tornou uma novela em seu segundo ano. A série sempre teve um formato novelesco, mas durante a época da 1ª Guerra Mundial, alguns plots e personagens beiraram ao clichê de novelas, daqueles chatos e pegajosos. Alguns perderam o controle, enquanto outros foram introduzidos sem necessidade alguma. Amores platônicos – daqueles ruins; vilões caricatos, e reviravoltas preguiçosas chegaram a acontecer. Mesmo assim, Downton Abbey consegue ser um dos melhores dramas em exibição, cometendo alguns pequenos deslizes no final de sua 2ª temporada, apenas.

O elenco é simplesmente apaixonante. Pode parecer forçado, só porque ela é uma atriz mundialmente renomada, mas Maggie Smith é a única atriz da série que permaneceu fiel a sua personagem 100% do tempo. A Condessa-Viúva Violet não é só o alívio cômico de Downton, mas também a voz da razão em situações extremas, mesmo que ela se assuste com a modernização durante os anos. As melhores frases também ficam para a personagem de Maggie, que com seus 76 anos, está na perfeição de sua atuação. Ao longo dos episódios, o roteiro permite que alguns personagens evoluam e acabem crescendo como pessoas. Tudo isso, porém, não aconteceria sem seus atores. As três ladys, Mary, Edith e Sybil são exemplos fáceis.

Michelle Dockery transforma sua Lady Mary de uma garota mimada e chata, para uma mulher apaixonante, forte e bem mais positiva. Algo parecido aconteceu com Lady Edith. Tudo bem, Laura Carmichael não é o ícone de ótima atuação, mas o desenvolvimento da personagem na 2ª temporada é algo notável, com um bom trabalho de Laura. Já Lady Sybil, passa de uma menina apagada para o que chega a ser mais parecido com independência feminina. Jessica Brown-Findlay é segura no papel de Sybil, e passa a verdade no olhar – assim como a maioria do elenco. Aliás, é preciso ressaltar isso rapidamente. Parece que o elenco todo teve aulas de como expressão emoções com os olhos, algo difícil. Uma das qualidades de Downton é fazer o telespectador entender a situação através dos olhos de seus personagens, sem a necessidade de diálogos excessivos.

Mas se o elenco “burguês” é excelente, os intérpretes dos empregados são igualmente bons. É notável como alguns desses personagens são apaixonantes. Jim Carter trabalha seu mordomo Carson em extrema simpatia. Quem nunca quis dar um abraço nesse querido senhor? Sua expressão cativa, ao mesmo passo que inspira respeito. O mesmo acontece com Phyllis Logan e a correta Sra. Hughes. Porém, falar em simpatia e não citar Anna, Sra. Patmore e Daisy, é covardia. Joanne Froggatt é facilmente uma das minhas atrizes preferidas do elenco. Anna é decidida, educada, profissional. Mas é quando ela abre um sorriso e mostra seu coração apaixonado que Froggatt realmente brilha em cena. A cozinheira interpretada por Lesley Nicol, e sua ajudante, vivida por Sophie McShera, fazem a melhor dupla de Downton. Até mesmo os “vilões” são excelentes. Nos momentos de desespero, Siobhan Finneran e Rob James-Collier estiveram no auge de suas atuações como O’Brien e Thomas.

Não só de roteiro e atuação vive uma boa série, mas também de produção. E nisso, Downton Abbey é perfeita. Toda a ambientação, fotografia, indumentária…enfim, todo o cuidado para mostrar personagens críveis naquela época, é feito com maestria pelo time por trás da série. Não é a toa que Downton levou os Emmys de figurino e fotografia para casa, além de ser indicada em edição de imagem, edição de som e direção de arte. Dos cinco prêmios principais, a série só perdeu com melhor atriz, em que Elizabeth McGovern viu Kate Winslet levar a estatueta. Mesmo assim, DA levou os Emmys de melhor minissérie (nos EUA a produção é exibida como minissérie), roteiro, direção, e atriz coadjuvante para Maggie Smith. Foi uma surpresa para todos ver a produção inglesa arrancar as estatuetas das mãos da favorita Mildred Pierce. Como comentei no começo desse post, Downton Abbey entrou para a versão 2012 do Guinness Book, o livro dos recordes, como a série mais bem recebida pela crítica especializada do ano, sendo a primeira produção inglesa a ter tal êxito.

Downton Abbey volta em 2012 para sua 3ª – e provavelmente última – temporada. Porém, vale a pena ver os 15 episódios que compreendem as duas primeiras, antes de assistir o especial de Natal, que continua a história da série. O Natal de DA vai ao ar dia 25 de dezembro. Se você gosta de um bom drama, com roteiro, produção e elenco de primeira, não sei como não está correndo para assistir a genialidade que é Downton Abbey.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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