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House – 8×01 Twenty Vicodin

Por: em 27 de setembro de 2011

House – 8×01 Twenty Vicodin

Por: em

Redimindo-se das inconsequências do final da temporada anterior, House dá início a seu oitavo ano com um episódio cauteloso: Twenty Vicodin sabe trabalhar com a ideia de Gregory House em uma penitenciária de maneira plena, ainda que sem a grandiloquência vista em Broken ou a profundidade de One Day, One Room. A série precisava de um recomeço promissor, e o teve, o que não garante que os roteiristas saberão lidar com o que têm nas mãos e entregar uma boa temporada, mas mostra-se um sopro de ar fresco para quem temia que a série não tivesse mais nada para oferecer.

O episódio de estreia da oitava temporada de House, que só irá ao ar na TV americana no dia 03 de outubro, já vem dividindo opiniões na internet desde quarta-feira da semana passada. Enquanto alguns desaprovaram a situação criada pelos roteiristas apenas para colocar House em um ambiente novo e dar uma agitada na série, outros viram em Twenty Vicodin o fôlego que o programa precisava para suportar a perda de Lisa Eldestein, o desgaste de sua fórmula e as (merecidas) críticas a seu desempenho nos últimos anos.

Os fãs mostravam-se divididos e desconfiados desde o início da campanha de divulgação da nova temporada. A estratégia de explorar uma storyline que promete reestruturar as bases do seriado já havia sido utilizada pelos produtores no passado – mais de uma vez – e sempre acabamos retornando à rotina sem grandes mudanças. Isso já rendeu episódios maravilhosos – Broken – e também resultou em uma grande decepção para os fãs  – Now What? -, mas a diferença agora é o contexto deste novo hell breaks loose: se na premiere da sexta temporada House lidava com o vício que o assombrava desde o episódio piloto e em Now What? assistíamos a antecipada consumação de um relacionamento presente na série desde seus primórdios, aqui vemos House pagando por um crime que ainda nem conseguimos digerir. Parece uma situação criada do nada e com destino ao nada.

Diante da reutilização desta artimanha, e desta vez por pretextos ainda mais pobres, muitos fãs sentiram-se desapontados ao constatar que House agora apela descaradamente quando quer mostrar-se interessante novamente, ao invés de apostar na genialidade do personagem-título e na qualidade de seu roteiro. Enquanto isso, haviam aqueles que realmente apostavam que a nova season premiere poderia revitalizar o seriado, além de ser suficientemente boa enquanto episódio isolado. Os últimos, até  agora, não devem ter se decepcionado com o que viram.

House é meu one man show predileto. Por mais que os coadjuvantes convençam e cumpram seu papel, é pelo personagem de Hugh Laurie que eu assisto ao seriado. Episódios como este só provam a força do protagonista: nenhum outro personagem que já tenhamos visto anteriormente aparecem em tela e mesmo assim a audiência sentiu-se envolvida, imersa na rotina daquela penitenciária, devido ao forte relacionamento de amor e ódio construído entre o telespectador e o médico durante as temporadas. Queremos saber o que vai acontecer com ele, os outros personagens podem esperar.

Neste quesito, o episódio é irretocável. Pode não ter sido tão intenso quanto um House’s Head, mas soube explorar muito bem os clássicos temas referentes ao sarcástico doutor: solidão, vício, relacionamentos, sociopatia, falta de perspectiva, yada, yada. O episódio todo foi bastante carregado e ao mesmo tempo sensível, uma mistura que rendeu cenas como a de House tentando “consertar” o inseto de estimação de seu colega de cela: pequenos acertos que eliminaram a sensação de ridículo que eu pensei que iria pairar sobre este reinício – foi tão bom que em nenhum momento pensei “mas espera aí – ele está na cadeia porque destruiu uma parede com um carro! isso não é House!

Toda a hierarquia da cadeia, o caso da semana, as estratégias de House para sobreviver naquele microcosmo e o relacionamento dele com os personagens dali não poderiam ter sido melhores. Nada foi forçado e as coisas foram se encaminhando para um desfecho que, se não foi apoteótico, foi ao menos bastante decente e condizente com o restante do episódio. Outro medo meu e de muitos fãs que não se concretizou: o de que o episódio passaria a sensação de “eba, colocamos House na cadeia! Vamos fazer tudo o que essa situação nos permite fazer dentro de cinquenta minutos!“. Os outros presidiários não passavam de clichês que podem ser encontrados em qualquer produção americana com o tema – da aclamadíssima Oz à criticada Breakout Kings – mas a Doutora Adams, nova personagem fixa da série, surpreendeu ao mostrar química com House e ao exibir uma personalidade diferente de qualquer outro personagem feminino que já passou pela série. Espero que continue assim.

Não há dúvidas que Twenty Vicodin foi um bom episódio – mas para eles não acertarem com a ideia que tinham para desenvolver, só se tivessem perdido muito a mão. O que vimos aqui foi uma lasanha de micro-ondas; as chances de um desastre eram mínimas. Eles seguiram as instruções da embalagem e o resultado não foi mais do que o esperado.  O que eu quero ver é como os produtores vão se virar no arroz com feijão do dia-a-dia, sem Cuddy e com os novos personagens, para poder finalmente voltar a elogiar a série sem medo. Afinal, na altura em que estamos, não sou ingênuo o suficiente para ainda esperar de House complicadíssimos suflairs como No Reason ou Three Stories.


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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