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Painel de Hannibal na Comic-Con 2015

Por: em 12 de julho de 2015

Painel de Hannibal na Comic-Con 2015

Por: em

Hannibal pode até ter sido cancelada, mas a terceira temporada ainda tem muita coisa pra mostrar, e esse foi um dos principais assuntos do painel da série na Comic-Con 2015! Estiveram presentes os criadores Martha de Laurentiis e Bryan Fuller, e os atores Richard Armitage (Dolarhyde) e Hugh Dancy (Will). Eles receberam coroas de flores dos fãs, que estavam, em sua maioria, usando o acessório também.

O painel começou com um teaser justamente dos próximos episódios da temporada, e a plateia ficou atônita com a aparição de Richard Armitage como Francis Dolarhyde, o Fada dos Dentes, principal vilão do livro “O dragão vermelho” e certamente um dos melhores vilões da série, cenas de Hannibal na cadeia e Zachary Quinto (vivo). Veja aí!

O moderador Jeff Jensen diz que ser um “Fannibal” (nome do fandom da série) nessa temporada é como ser Will Graham. Nós tivemos nossos cérebros abertos e fomos jogados de um trem, dentro e fora da tela. Quando traz à tona o assunto do fatídico cancelamento, a plateia vaia muito e, para a surpresa geral, Fuller defende a NBC: “Eles nos deram espaço para fazer essa merda por três anos, eles merecem nossos aplausos”.

A Netflix rejeitou dar continuidade à série porque a Amazon já tinha os direitos de exibição, e a Amazon até mostrou interesse em manter o show, mas queriam fazer isso imediatamente, e Fuller não se sentiu confortável com  o prazo oferecido.  Apesar de Netflix e Amazon terem rejeitado dar uma sobrevida à série, a esperança é a última que morre, e ele afirma que ainda está buscando opções para continuar a saga do canibal, o que pode incluir até mesmo um filme. Hugh e Mads já se colocaram à disposição para o que der e vier. Será? Oremos.

Hugh faz um desabafo: “É uma coisa emocionante para todos nós. E ainda não acabou, porque nos comprometemos a estar neste trabalho por muitos anos e isso ainda está valendo”. (Que bonitinho, parece o Noah de The Notebook)

Bryan Fuller tem a palavra novamente,  desta vez para falar sobre a dinâmica da série envolvendo o novo personagem: “É empolgante entrar trama de O Dragão Vermelho, considerando a dinâmica entre Hannibal e Will. Will olha para Francis Dolarhyde como uma versão de Hannibal que ele ainda tem a chance de salvar, e Hannibal olha para Dolarhyde como uma versão de Will que ele ainda tem a chance de corromper”. Gente. Quero.

Armitage afirma que não assistiu às outras versões da obra para não ser influenciado na construção do seu personagem, mas garante que vai assistir aos filmes agora: “Há um tipo de inocência em Dolarhyde, o que soa estranho, considerando o quão complicado e sombrio é o personagem. Mas ele está sempre oscilando entre uma mente infantil e a de um homem problemático,  por isso passei metade desta série nu… vestindo apenas tatuagem, que eu acho que Dolarhyde sente como se fosse um tipo de roupa para ele”.

Haverá uma passagem de tempo de três anos entre os episódios sete e oito. Depois disso, veremos Will em um momento mais tranquilo em sua vida, com uma esposa e menos pensamentos malucos, mas obviamente essa fase vai durar pouco.

Um fã (??) pergunta como Fuller faz para equilibrar os diálogos pretensiosos da série com o avanço da trama. Ele responde “A obra original, de Thomas Harris, é tão poética, melancólica e adorável que boa parte dos diálogos pretensiosos vêm de lá. Algumas coisas não foram concebidas para serem diálogos, mas eu sou tão preciosista com esse texto que o coloquei assim. Hugh e eu estávamos  comentando ontem à noite que tem algumas cenas que nós assistimos e ficamos tipo… ‘O que quisemos dizer com isso? Eu entendi quando eu estava dizendo o texto’, mas quando você olha para a cena você pensa ‘Uau, isso é pretensioso’ “.

Um dos presentes pede para que eles escolham entre as mortes da série, qual eles gostariam de ter. Fuller diz que não se importaria de virar um violoncelo “Eu acho que seria maravilhoso se alguém tocasse em mim”. Dancy diz que gostaria se ser o cara da árvore, já Armitage escolhe o estilo fatiadinho de Beverly.

Como teria sido se Will, Hannibal e Abigail tivessem ido para a Itália juntos? “Exploramos parte disso no segundo episódio, mostrando universos alternativos. Acho que o que Will estava pensando quando trouxe Abigail com ele, é que eles estavam juntos de alguma forma na sua cabeça, e era assim que ele estava lidando com a dor “.

Fuller revelou algumas de suas inspirações para o show: David Lynch, David Cronenberg e Stanley Kubrick. “Eu amo cineastas visualmente agressivos, e tentamos ser visualmente agressivos com Hannibal”. Cêjura?

Da plateia, agradecem aos produtores por não retratarem histórias de estupro na série, e perguntam do que eles vão sentir mais falta se o show nunca voltar. Fuller garante que sentirá falta dos Fannibals e da conexão e do suporte que eles recebem desse fandom tão apaixonado. “a interação que temos com os fãs é linda e inspiradora. Ter uma série de baixa audiência com esse nível de resposta e engajamento do público é o melhor abraço que você pode imaginar”. Dancy concorda: “Ser parte de algo tão acolhedor, com tanto amor e entusiasmo é um privilégio”.

E como falar sobre os desvios sexuais de Dolarhyde no livro e manter a promessa de não retratar estupros na série? Fuller diz que entende e respeita seu público e vai tratar o assunto como um ataque à família em geral, e não um ataque a uma mulher que faz parte de uma família, especificamente: “Acho que você só deve fazer uma história de estupro quando você tem condições de explorar exatamente o tipo de violência que isso é, e como ela afeta as pessoas envolvidas. Muitas vezes os programas de TV não fazem isso. É apenas raso e preguiçoso”. A plateia o interrompe para uma salva de palmas, muito merecida, diga-se. Ele conclui: “O desvio sexual de Dolarhyde está lá se você quiser vê-lo, mas eu, pessoalmente, não quero vê-lo”.

Fuller trabalhou em parceria com uma “estilista culinária” para conseguir fazer da comida uma parte tão viva e emocionalmente relevante da série. Ele dava a ela o contexto de todas as cenas de refeições e ela sugeria um menu adequado para o momento. É um processo bem colaborativo.

Hugh Dancy revela um dos seus momentos preferidos nos bastidores. Foi depois da gravação da season finale da terceira temporada. Ele, Mads e Armitage abriram uma garrafa de vinho depois de passarem a noite gravando: “o sol estava nascendo, nós estávamos correndo contra o tempo e nós apenas resolvemos tomar uma taça de vinho juntos. E… foi um momento maravilhoso”.

Jensen encerra o painel agradecendo a equipe pelos três maravilhosos anos de criatividade e de um brilhantismo absolutamente perturbador. Eu já estou morrendo de saudade, e vocês?

Gostaram do painel? Sobrou algum lencinho aí na caixa? Deixe seu comentário e continue acompanhando a cobertura do Apaixonados por Séries na Comic-Con 2015.


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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