Adiei escrever essa review da mesma forma que adiei assistir o episódio duplo de Brothers and Sisters, Time after time.
Achava, e continuo achando, um exagero a necessidade de um episódio duplo para se contar a história por trás do reaparecimento de Dennis York. Ainda que a trama se desenvolvesse por dois episódios, porque não separá-los? Tratá-los como episódios independentes, apenas interligados pelo desenvolvimento da história teria sido muito mais inteligente para a emissora e interessante para nós, telespectadores. Até porque todo o elenco jovem da família Walker que passamos a conhecer só apareceu na primeira parte do especial.
E, falando nele, achei incrível a semelhança da jovem Sarah com a atual. O rosto, o jeito, a voz, a boca quase sempre entreaberta e até mesmo o olhar fizeram da atriz Anna Wood uma Sarah perfeita. Fiz questão de procurá-la pra saber se o bom resultado era um milagre da maquiagem ou não. O diagnóstico? As duas são mesmo parecidas (as fotos no IMDb provam), mas houve sim um bom trabalho de caracterização da atriz.
Os atores que fizeram os jovens Kevin e Tommy também não comprometeram, e quanto a Justin nem a o que dizer, já que ele era apenas uma criança nesse flashback. Só me resta questionar onde eles estavam com a cabeça quando escolheram a intérprete de Kitty. É claro que para uma tarefa como essa, interpretar uma personagem tão conhecida, melhor seria escolher um completo desconhecido e não foi isso que os produtores da série fizeram. Kay Panabaker já fez ponta em dezenas de séries, estrelou a falecida Summerland (com Lori Loughlin) e mais recentemente esteve no remake de Fama, um currículo extenso demais pra quem deveria passar despercebido num papel que já tem dono. Sem contar o óbvio, ela não se parece em absolutamente nada com Calista Flockhart.
Boa parte da trama no passado acabou sendo desnecessária. Claro, a idéia era nos despistar, e nos fazer pensar que quem tinha causado um acidente era o sempre irresponsável Tommy, mas precisavam mesmo de tantas cenas no passado? Acabou parecendo um artifício barato para chamar atenção e tentar atrair audiência. E não passou mesmo disso. O plano, claro, falhou drasticamente, a audiência não passou dos oito milhões de telespectadores, como vem sendo nas últimas semanas. Bem feito.
Mas o episódio realmente não foi de todo mal. O grande segredo escondido por Dennis York se mostrou até interessante. Quem esperaria ver Kevin sugado pra dentro dessa confusão toda? O coitado tem comido o pão que o diabo amassou nessa temporada, e espero que o próximo episódio venha com boas notícias para ele e Scotty. Alguém duvida que vem um bebê Walker por aí? Mas antes de ser papai, Kevin teve que conhecer e enfrentar, antes tarde do que nunca, a consequência dos seus atos. Foi interessante o seu encontro com Aaron, e fiquei aliviada ao não ter que presenciar um choroso pedido de desculpas. Aaron superou aquilo sozinho e agora é a vez de Kevin fazer o mesmo. E uma coisa é verdade, muito da ação de Kevin se deveu a forma como ele foi criado por William e ao quanto não era nada “normal”, nos anos 80, ser gay. Não tiro a culpa do garoto, mas é difícil não perdoá-lo.
No resto da família, se Tommy não disse a que veio, Justin finalmente desencantou e se casou com Rebecca! Já não era hora dos dois juntarem os trapinhos oficialmente, e esse não era mesmo o momento para grandes festas. Quem sabe na season finale David não terá a oportunidade de levar sua filha ao altar? Sou fã do casal mas realmente já estava de saco cheio desse “vai-não-vai” que se transformou o casamento dos dois. E o casamento no cartório, vazio de parentes e cheio de amor, acabou sendo realmente bonito. Na próxima temporada (quase confirmada) espero poder testemunhar seus primeiros problemas como um casal casado… Afinal, se os dois já se desentendiam quase sempre namorando, imagina casados?!
E o drama de Kitty com o câncer parece também ter chegado ao fim. Claro que deram um jeito de encaixar o medo da volta da doença no meio dessa bagunça toda… Mas no final deu tudo certo, e Kitty está mesmo em remissão. Continuo sem ter idéia (e se você não sabe nada sobre contratações e demissões na série, pule para o próximo parágrafo) de como vão tirar Rob Lowe da série. Vão matar o Senador McCallister? Mandá-lo para outro estado e trazê-lo para participações especiais? Divorciá-lo de Kitty depois de tudo que eles passaram? Espero que haja uma boa solução pra esse impasse. Não gosto do ator mas acho que sua ausência terá que ser muitíssimo bem explicada.
Roteiristas de Brothers and Sisters, eu lhes pergunto, cadê a sutileza? Que Nora e Holly estavam se comportando como uma dupla dinâmica nós já tínhamos percebido, precisava mesmo daquela brincadeirinha besta com Thelma e Louise? Assim vocês subestimam a nossa inteligência. E depois de toda essa confusão com a mãe sendo presa por roubo de carro, um cunhado estrangeiro, e sabe-se lá o que mais ainda vai aparecer até o final dessa temporada, ainda assim Kitty for eleita, então os republicanos realmente não são a persononificação do bicho-papão. Bom, pelo menos não os republicanos de Brothers and Sisters.
Saldo final: um episódio arrastado, um segredo descoberto e outro ainda debaixo dos panos, embora seu CEP tenha sido encontrado. Continuo me recusando a acreditar que todo esse segredo por trás das terras da Ojai se resuma a petróleo. Cantei essa bola no 4×12, e quanto mais perto vamos chegando da verdade, maior vai ficando a possibilidade de ser isso mesmo. Me recuso a acreditar, seria um desfecho tão óbvio que me deixaria com vergonha pelos criadores da série. Não é assim que caminha a humanidade.
