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Damages – 4×01 There’s Only One Way to Try a Case

Por: em 16 de julho de 2011

Damages – 4×01 There’s Only One Way to Try a Case

Por: em

Mais de um ano depois do episódio que foi preparado para encerrar sua tragetória, Damages retorna trazendo de volta toda a elegância das temporadas anteriores, provando que as mudanças em sua produção em nada diminuíram seu brilhantismo. There’s Only One Way to Try a Case conseguiu reimergir o telespectador na dinâmica da série e estabelecer as bases de uma temporada instigante e ambiciosa.

Todo fã já está acostumado com o ritmo progressivo no qual uma temporada de Damages se desenvolve: o primeiro episódio da temporada é sempre um grande ponto de interrogação. Mas além de apresentar a nova tramaThere’s Only One Way to Try a Case marca um recomeço para a série, tendo por missão conquistar uma nova audiência, reinserir os personagens, situar os telespectadores veteranos depois do longo hiatus preparar o terreno para a primeira temporada feita dentro dos padrões da DirecTV (veja o que muda). Este início de temporada não foi bombástico porque não precisava ser: ele não pedia um cliffhanger da magnitude daquele que tivemos no início da temporada passada, ele precisava reestruturar a série. Portanto, este está longe de ser seu episódio mais forte, ou mesmo sua estreia mais promissora, mas foi excelente por conseguir trazer de volta o que Damages é.

Abrindo o episódio, temos o retorno da estrutura de flashforwards, com cenas de três meses no futuro. O cinismo característico da série também se faz presente logo nos primeiros minutos de There’s…, vide a doce Blue Christmas interrompendo a cena tensa do prisioneiro com o brasão de Chris em suas mãos e a “pegadinha” do roteiro na cena em que Patty está escolhendo uma nova babá (“o emprego era brutal demais“). Antes mesmo dos primeiros dez minutos de seu retorno, a série mostra-se confortável e segura de si o suficiente para brincar com o telespectador enquanto o envereda em sua nova rede de intrigas, continuando fiel à sua rígida estrutura narrativa, à sua essência.

Somos apresentados ao CEO da High Star e ao grande caso da temporada através das investigações de Ellen, personagem que continua mostrando a ambição da temporada passada. Ela não é mais motivada pela esperança de iniciar uma carreira ou pela vingança; ela apresenta cada vez mais a sede por derrubar grandes homens que é intrínseca da personalidade de Patty. A personagem da genial Glenn Close, também, mostra sinais de mudanças: Patty volta a ser tão autoconfiante quanto era na primeira temporada, aparentemente menos transtornada do que no ano anterior, mas bem mais prudente do que fora no caso Frobisher. A relação das duas é agora mais harmônica e igualitária, e o desenvolvimento dessas personagens é um reflexo da evolução da série: tornou-se mais forte com o tempo e aprendeu com seus erros. Damages é Patty e Ellen.

Falando em Patty, a advogada sempre tão controladora e super protetora não quer tomar medidas para encontrar seu filho, desaparecido há três anos, talvez porque tenha medo do ódio que Michael sente por ela, e porque se sinta responsável por esse sentimento. Ela cria (à sua maneira fria) sua neta Catherine, e a cena na mesa de jantar, onde Patty grita “o que foi?” para a garotinha enquanto é encarada fixamente por ela, como se perguntasse “o que você quer de mim?“, mostra que a advogada sente que Catherine é sua responsabilidade, é a vida cobrando-lhe pelo que ela fez na juventude e pela maneira como arruinou a vida do filho. O caso contra a companhia farmacêutica francesa também promete.

O novo nêmesis das duas é Howard Erickson, chefe de uma empresa de segurança que recebe mais de um bilhão de dólares/ano do governo norte-americano para realizar missões no Afeganistão. Polêmico, rústico, católico, patriota e poderoso: novamente, temos um personagem tipicamente republicano e que apresenta fortes valores familiares como grande vilão da temporada. A introdução dos novos personagens foi perfeita. Ver John GoodmanDylan Baker e Chris Messina atuando é um deleite, destacando-se, respectivamente, as cena “abaixe a droga do sapato“,  “estou consertando a bagunça que você fez” e aquela na qual Chris bate a cabeça na parede, absolutamente transtornado. Falando em Chris, o brasão não quer dizer que seja ele o prisioneiro (eu aposto no namorado de Ellen): assim como podemos ver nas atitudes da congressista interpretada por Julie White, nada é confiável até que seja explícito. O caso já começa a se mostrar mais complexo do que parecia, e o cliffhanger não é bombástico, mas suficiente para nos deixar ansiosos por sua elucidação. Somos todos vítimas de Damages: a angústia faz parte da apreciação da série.

É bom constatar que, apesar de terem dado a série por encerrada na temporada passada, os roteiristas não perderam a mão e sabem o que estão fazendo. Tivemos um início forte e promissor, e daqui para frente a tensão só tende a aumentar. Tudo que a série tem de marcante e positivo esteve presente em There’s…: pode ter sido um retorno ligeiramente mais calmo, mas com a ousadia e o requinte de sempre. É claro que ainda é cedo para tirar conclusões acerca da quarta temporada, mas o fato é que Damages está de volta. Mais ardilosa do que nunca.

PS.: Assista ao promo de I’ve Done Way Too Much For This Girl, que vai ao ar no dia 20/07. Até lá.


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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