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Dexter – 6×04 A Horse of a Different Color

Por: em 25 de outubro de 2011

Dexter – 6×04 A Horse of a Different Color

Por: em

Cavaleiros do Apocalipse. Anjo caído. Pragas do Égito. Agora a 6ª temporada de Dexter realmente começou. E por ironia, naquele que eu considero o episódio mais parado da temporada até agora – e também o melhor. A prova de que, com um bom roteiro em mãos, uma série vai longe. E foi nisso que A Horse of a Different Color se apoiou. O excelente texto do episódio conseguiu, mesmo sem acontecimentos grandiosos (excetuando aqui, claro, a novamente perturbadora cena final) ditar todo o ritmo do mesmo, sustentar e dar desenvolvimento à trama religosa, que será a grande história desse sexto ano, que eu acredito cada vez mais que vai redimir os erros do 5º. Potencial tem. E de sobra.

O díalogo do Brother Sam com o Dexter no hospital é o maior exemplo de como o roteiro desse episódio foi bem construído. Falar sobre religião e a crença em algo superior sem cair no clichê ou ficar piegas é difícil e, até agora, a série vem se saindo muito bem nessa tarefa. Uma cena como essa em uma série como Dexter tinha TODOS os motivos do mundo pra dar errado – e eu achei que daria – mas funcinou muito bem. Primeiro porque nos explicou um pouco mais da história do personagem e deu pra ver o quão parecido com o Dexter ele é. Os dois passaram por situações traumatizantes quando eram crianças e isso influenciou na personalidade de cada um, de maneiras distintas. E segundo, porque fica cada vez mais claro que o Irmão Sam vai exercer algum tipo de influência. Claro que o Dex não vai se tornar um crédulo, acho que esse é um caminho impossível, mas dá pra ver que ao menos questionamentos na mente dele o Irmão Sam tá conseguindo criar. Fico me perguntando se existe alguma possibilidade de, até o fim desse ano, o Sam descobrir sobre o dark passenger e se mostrar ainda mais forte na tarefa de tentar mostrá-lo uma “luz”. Poderia ser uma trama interessante. Por hora, a gente fica mesmo com os poucos lapsos do Dexter, como o momento em que ele desmorona perto da máquina de refrigerante e clama por uma salvação para o filho.

Tudo isso faz parte do processo de humanização do personagem que começou de fato após a morte da Rita e culminou nessa preocupação desmedida com o Harrison. Chega a ser irônico que o Dexter seja de noite um assassino frio e de dia um pai tão carinhoso, atencioso e preocupado. O medo tava estampado nos olhos dele enquanto a maca levava o filho pra sala de cirurgia – e talvez tenha sido esse medo que, em um momento de explosão, culminou na cena da máquina de refrigerante que eu citei aí em cima. A Rita foi assassinada pelo Trinity lá na 4ª temporada – e o Dexter ainda não tinha sido tão humanizado como agora – , fico pensando o que aconteceria se, de alguma maneira, o Harrison fosse posto em perigo por decorrência do vício de matar do Dex. E, pra não perder a linha ainda, finalmente fizeram menção ao Cody e a Astor. Às vezes, fico com a impressão de que a história dos dois na série já terminou. Mas seria interessante ver Dexter lidando diariamente com uma adolescente e um pré-adolescente. O Harrison não percebe o que o pai faz, é muito criança. Mas talvez as saídas noturnas dele acabassem soando estranho pros filhos da Rita.

Mike Anderson. Ainda não sei direito quais as minhas impressões sobre o novo detetive. Acho que arrogante e machista talvez sejam as melhores palavras pra definir ao menos esse começo do personagem na série. Mas no fim das contas, os conselhos acabaram servindo. Ainda não me acostumei com a Deb nesse novo posto e acredito que nem ela mesmo. Não sei se ela continua nele até o fim da temporada. Ainda mais com a LaGuerta no seu encalço o tempo todo. Nem sei dizer como fiquei feliz ao ver a nova tenente soltando um palavrão no meio da conferência de imprensa. Fiquei com medo disso acabar prejudicando-a, mas logo vi que isso era besteira minha e ainda bem que eu estava certo. E ainda sobre o tal do Mike, acredito que ele vai acabar tendo um conflito com o Quinn. Os dois têm temperamentos parecidos – e essa junção NUNCA dá certo.

Doomsday Killer. Eu amei o nome que deram pro novo assassino – e que a gente sabe que são assassinos. Os quatro cavalos que a gente viu no final do episódio passado eram mesmo uma clara referência aos quatro Cavaleiros do Apocalipse. Foi uma ótima sacada da série optar por seguir essa linha – mesmo que a fórmula e o desenvolvimento sigam o mesmo MO que a gente viu nas 5 temporadas passadas, o fator religião traz um tom diferente a história e torna tudo muito diferente. Já tivemos a besta de sete cabeças (representada pelas cobras), os cavaleiros… Tô bastante curioso pra saber quais serão as próximas referências. É só ver o cuidado que o Gellar vem tendo com tudo. O lance da marca no cavalo ser igual a que foi deixada no corpo do cara no 6×01 me pegou de surpresa e cessou qualquer dúvida de que eles estavam por trás daquilo tudo. Pelos números encontrados nos corpos, eu acredito que a contagem se refere mesmo ao dia do Juízo Final. Inicialmente, imaginei que aquilo poderia ser referente a capítulo-versículo, mas logo quando o Dexter percebeu que era uma contagem, a ideia do dia do Apocalipse veio forte na minha cabeça. Dá pra ver que o Travis e o Gellar não estão nessa coisa de brincadeira.

Durante esses dias, li algumas teorias dos fãs nas redes socias e nos fóruns afora e parecia um pouco comum a ideia de que o Gellar poderia ser, na verdade, uma projeção do Travis, assim como o Harry é para o Dexter. Achava a ideia até interessante, mas depois que o Gellar foi finalmente devidamente citado nesse episódio, acabei excluindo-a de vez da minha mente. Nem pelo fato da citação em si, mas muito mais pelo momento final onde ele tirou a garota da cama do Travis e a amarrou na cozinha, que foi o primeiro passo pra toda aquela última cena sensacional. Meu corpo todo se arrepiou aqui quando a garota teve a garganta dilacerada (acho que foi isso) e abriu as os braços, representando um anjo morto. Não conheço muito a bíblia e o livro do Apocalipse, mas do que já li – tanto no livro como em outros lugares – existe algo envolvendo anjos no juízo final, não? Algo como um prenúncio ou algo assim. Se eu estiver errado, me corrijam nos comentários, por favor.

Os gafanhotos do final, acredito eu, sejam uma refência a uma das pragas do Égito. Mesmo que isso não tenha relação direta com o Apocalipse (não que eu acredite, ao menos), a religião continua presente. Mas não foram os bichos voando que chamaram mesmo atenção em toda sequência. Além do crime bizarro, o Dexter viu o Travis – e o reconheceu pelo olhar. E ele não é um serial killer comum. É um homem de fé. Ele REALMENTE acredita que está “purificando” as pessoas e fazendo o certo. E é isso que o torna tão perigoso.

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PS. Escrevendo esse texto vi que eu tô MUITO mais animado com a temporada do que eu imaginava. Dexter, it’s your chance.

PS². Não sei vocês, mas eu conseguiria viver muito bem sem ver Quinn e Angel se chapando dentro de um carro.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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