Sei que ainda é cedo para falar, mas até o momento a 8ª temporada de Dexter vem me fazendo muito feliz. Muito mesmo. É esperançoso pensar que os roteiristas darão a Dex e companhia limitada um final que parece ser bom.
Este episódio merece um carinho especial por ter sido dirigido por ninguém mais, ninguém menos do que Michael C.Hall, o cara mesmo. E o que adoro em novos diretores é exatamente a nova perspectiva que eles imprimem ao episódio em que dirigem. Falei disto em uma outra review. Quando são atores então, parece que eles nos colocam ainda mais dentro das cenas, nos sentindo ainda mais próximos dos personagens. Foi isso que Hall fez sentir no 8×02. Seus ângulos inovadores de câmera (close no rosto de Dexter ao ver o vídeo da consulta do pai com Vogel, ou a cena intimista da conversa do serial killer com sua “criadora”) nos trouxeram um episódio mais real, e por isto mais doloroso que o primeiro. Deu pra sentir a dor de Dexter, de Deb, de Vogel, de Quinn, de Jamie. Cada um a sua maneira.
Hall: uma nova visão sobre as relações de Dexter
Falando um pouco mais do nosso protagonista, penso que Dexter vem mostrando, a cada temporada, sua fragilidade quando alguém se interessa por sua vida “extra-campo”. Veja bem, foi assim com Lila, com Miguel, com Trinity (neste caso foi ele que se interessou pelo vilão, mas pelo mesmo motivo), com Lumen, com o Irmão Sam, com Hannah e agora com Vogel. É claro que Dex aprendeu com seus erros passados, mas segue repetindo esta sina de maneiras igualmente diferentes. Por isto não me surpreende que ele tenha medo de confiar em Vogel. Seu passado já mostrou que confiar demais pode dar errado, mas fico receosa que ele acabe cedendo às suas próprias fraquezas. Afinal Vogel se auto-intitulou mãe do serial killer, por auxiliar Harry a criar o código. E Dex já começou a baixar sua guarda, quando permite que ela questione sobre seus problemas com Deb. A médica realmente tem orgulho do que fez com Morgan ou isto tudo é uma estratégia para se reaproximar de sua “cria”? Esta reaproximação obviamente tem um motivo muito maior do que nós e Dexter estamos vendo. E a sensação é de que não vai acabar bem.
“Você testou suas teorias em mim? É isto que as mães fazem?” – Dexter
“Eu desenvolvi uma estratégia para sua sobrevivência. Isto é o que as mães fazem.” – Dra Vogel
Por outro lado, enquanto a relação de Dex e Vogel se aflora (com direito a um “você é perfeito”) a relação com Deb vai de mal a pior. A irmã apanhou de El Sapo e se vingou, acertando três tiros no vilão quando estava no volante. É claro que Dexter descobriu, ao achar o sangue de Debra na cena do crime, e trucou a irmã na excelente cena do lado de fora da Miami Metro Police, relembrando o fortíssimo episódio 7×04 “Run“, em que no mesmo lugar o serial killer foi questionado por ela sobre a morte de Rita e Trinity. Gosto destas analogias. A sensação das paredes se fechando nos personagens mostra a situação sufocante onde os dois se encontram, desde o final da 6ª temporada. E neste lugar podemos perceber que Deb nunca mais será a mesma. Teria se tornado uma delinquente? Uma serial killer? Quem é esta mulher agora? É a pergunta que nós e Dex nos fazemos. Muito bem desenvolvida também foi a cena em que o analista forense encontra a irmã desacordada no sofá de casa, em meio a cervejas e caos. Deb ainda afirma que não queria odiar Dexter, e que queria exatamente o contrário. Isto nos volta a questionar se o sentimento romântico dela por ele esteja ainda influenciando em tamanho caos no relacionamento dos irmãos.
A cena que remete a “Run”
Só mais um destaque para o plot de Deb, alguém mais reparou que o corte no rosto de El Sapo após a luta corporal com a ex-policial, foi no local onde Dexter costuma fazer os cortes de suas vítimas? Mais uma analogia ou estou enxergando demais?
Corte no rosto de El Sapo
Além do excelente enredo Hall-Carpenter e Hall-Rampling o policial Quinn teve bom destaque no episódio mostrando seu envolvimento com a situação de Deb (rola uma paixão platônica eterna ai? ) e com a pressão dos irmãos Batistas para crescer na carreira. Podemos prever finalmente uma boa participação do personagem na trama final desta série. Massuka continua estranho e Batista, aparentemente, apático. Espero que cresçam com o passar da temporada. Neste ritmo Dexter caminha para o fim, e pelo andar da carruagem, o fim será muito duro.
Para finalizar, alguns pontos fortes do episódio:
*”A brain on your door step. Hardly a love letter.” – Vogel sobre a possível ameaça de um antigo paciente.
*”Create me? You sound like Dr. Frankenstein.” – Dex, após ouvir de Vogel que havia ajudado a criar ele.
*”Jesus F* Christ Dexter, Get the Hell out Of Here” – Deb, a boca suja ataca novamente.
*”What is this shit? Looks like horse piss.” – Deb, de novo.
*Jennifer e Hall, novamente, incrivelmente impecáveis. E a química em cena? Inegável.
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Até semana que vem!
