“Out they scampered from doors, windows, and gutters, rats of every size, all after the piper.”
Tenho gostado muito da maneira que Grimm consegue pegar um conto antigo e transferir a história para a atualidade, usando elementos contemporâneos. Mas se tem uma coisa que me incomoda é o quanto os roteiristas têm fugido demais da história original. No episódio piloto vimos um caso policial condizente com Chapeuzinho Vermelho, mas depois cada vez mais o conto foi apenas usado para introduzir alguma criatura nova na série.
Em Danse Macabre, por exemplo, o conto da vez era O Flautista de Hamelin, o qual originalmente é sim bastante perturbador. Mas o que tem a ver com a história a cabeça de gato gigante que o DJ usa? Os ratos de Grimm respondem ao violino do rapaz, certo, mas daí a comerem carne humana é outra coisa que não entendo. E nem foi explicado. A morte nojenta do professor do Instituto de Música, causada por estranhos ratos canibais, foi o caso que chamou Nick e Hank desta vez.
Procurando os alunos que estavam no ensaio do quarteto de cordas na noite anterior, os detetives acabam sabendo que as gaiolas de ratos encontradas no local do crime, com o nome de um exterminador de ratos da cidade, pertencem ao pai de um aluno que foi expulso da escola, Roddy Geiger (Nick Thurston). Fácil classificá-lo como suspeito. Eles vão até lá, e então podemos ver como os ratos realmente respondem ao violino do rapaz que sabemos ser, também, o famoso DJ de raves Retched Kat.
Claro que Roddy e seu pai são ratos, ou Reinigen, e os dois são levados à delegacia, onde o violinista consegue provar seu álibi, mas não seu pai. Enquanto Nick vai tomar uma cerveja com o Blutbad Eddie e pedir que este convere com o garoto-rato, um Reinigen está consertando sua geladeira. E finalmente alguma coisa aconteceu com Juliette, agora ela está encucada, querendo saber a razão do técnico ter simplesmente largado suas ferramentas e fugido quando viu o Grimm.
Uma coisa que ficou simplesmente sem desenvolvimento neste episódio (e no próximo também) foi a jantinha íntima de Hank com Adelind, a advogada Hexenbiest. Plots são iniciados em Grimm e normalmente se toca no assunto novamente quando você acha que eles simplesmente esqueceram dele, e isso me incomoda bastante. Mas uma coisa é certa: não foi uma ideia casual da loira jantar com o detetive. Ao que tudo indica, quem armou tudo isso foi o capitão Renard, o personagem mais contraditório de Grimm.
E mesmo com o falatório non-sense de Eddie (alguém achou que aquilo seria eficaz?), o que me rendeu algumas risadas, o caso se resolveu com o DJ violinista decidindo se vingar dos garotos do quarteto, responsáveis por sua expulsão do Instituto de Música e pela morte do professor. Então ele guia todos os ratos através da cidade (oi? Ninguém viu isso na rua?) até um lugar sombrio e atrai os ex-colegas anunciando uma rave que, no fim das contas, seria apenas pra eles.
“’Little pig, little pig, let me come in’, said the wolf to the pig. ‘Not by the hair of my chinny chin chin’, said the pig to the wolf.”
Finalmente um episódio do jeito que estávamos esperando: que o caso da vez desenvolvesse mais algum personagem. E o melhor é que o personagem em foco foi justamente o mais querido dos telespectadores, Eddie. Da história de Os Três Porquinhos, somente sobrou um, já que dois foram mortos por uma Blutbad, e as casas do conto foram refletidas nas casas dos três lobos maus, já que o primeiro lobo morava num trailer (a casa mais fraca, a casa de palha), o segundo irmão morava numa casa de madeira e a Blutbad responsável pela morte dos porcos, ou Bauerschwein, morava numa casa de tijolos.
O episódio começou com a casa de madeira explodindo enquanto o seu dono, Hap (Brad William Henke), estava do lado de fora num lance de sorte, e com isso Nick e Hank acabaram sabendo que o mesmo tinha acontecido com o irmão do dono da casa, o morador do trailer. Então eles tentam descobrir a ligação entre os casos e o investigador de incêndios e explosões, Orson (Daniel Roebuck). Enquanto isso, Hap é abrigado por Eddie, velho amigo dos tempos de reabilitação. Assim, surge a personagem instigante Angelina (Jaime Ray Newman), irmã de Hap e ex-namorada de Eddie.
Angelina, que decidiu continuar vivendo a vida de Blutbad sem regras, obviamente odeia Grimms e, assim, automaticamente se fecha e não ouve o que Nick tem a dizer. Com tudo isso, Eddie, que até então era o personagem mais relax da série, se vê incomodado, tendo que lutar contra seus instintos para não ter recaídas perto dela. Claro que ele acaba trucidando um coelhinho depois de uma corrida na mata, o que lhe rendeu uma chacota por parte de Nick, mas acho que no geral ele foi bem mais forte do que eu imaginava que ele poderia ser.
Nick e Hank descobrem que os irmãos de Orson tinham sido assassinados por Angelina, e o Grimm vê surgir mais um personagem na sua vida: Orson é, na verdade, um Bauerschwein que está se vingando da Blutbad que resolveu matar seus irmãos just for fun. Segundo o investigador, assim como as abelhas eram antes da morte da sua rainha, os porcos são criaturas que têm amizade com os Grimm, e com isso Nick se vê novamente com a possibilidade de honrar a família e deixar o porquinho livre ou seguir sua obrigação policial e prendê-lo junto com a loba assassina.
Obviamente ele decide prender os dois, e depois de uma bela luta entre lobo e porco ele consegue ferir Angelina, mas esta foge. Assim, esperamos que ela retorne a qualquer momento.
Uma colocação completamente fora do assunto: achei Angelina tão parecida fisicamente com Juliette que cheguei a cogitar se as duas não são parentes. Claro que, bem provavelmente, Nick já teria notado se sua noiva fosse uma Blutbad, e a moça não teria ficado tão perturbada com as afirmações do técnico rato no episódio anterior, mas acho que seria uma boa forma de dar algum interesse pra essa personagem.
