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House – 8×10 Runaways

Por: em 31 de janeiro de 2012

House – 8×10 Runaways

Por: em

Como continuar elogiando esta oitava temporada de House depois de um episódio tão preguiçoso, tão enfadonho quanto este? Se Runaways fosse um caso isolado, se os outros episódios da temporada tivessem sido excelentes, daria para relevá-lo e esperar que ele não passasse de um escorregão, mas a verdade é que, excetuando-se a apelativa season premiere, todos os episódios dessa temporada não foram mais do que bons. Mais do que um episódio pouco inspirado,  o que não seria inesperado ou imperdoável em uma série que já está no ar há oito anos, Runaways reafirma a completa falta de perspectiva desta temporada, não deixando dúvidas de que oficializá-la como a última seria uma decisão acertada por parte da Fox.

É irônico que a partir do momento em que House finalmente resolveu se focar na vida pessoal de seus personagens, lá na ótima quarta temporada, a série tenha passado a ser cada vez mais e mais apática. Nas primeiras temporadas o show era um procedural inflexível; você podia pular um episódio sem nem se dar conta, mas ninguém queria pular um episódio de House. Era imperdível. Fazia falta quando entrava em hiatus, não dava pra ficar sem. Já hoje em dia, em que a cada episódio temos mais revelações sobre o passado dos personagens e desenvolvimento de seus relacionamentos, ou seja, quando assistir a episódios esporádicos não é mais suficiente para compreender a série, é como se não assistir a um novo episódio simplesmente não fosse fazer diferença: House está cada vez mais próxima de se tornar um entretenimento passável.

Em Runaways, assim como na semana passada, os roteiristas tinham a simples tarefa de fazer um bom episódio comum. Mas, ao contrário de Better Half, nesta semana eles não atingiram este fácil objetivo (porque, falando sério, qualquer telespectador de House consegue escrever um episódio da série: a essa altura, nem mesmo conhecimento em Medicina é requerido). Tudo pareceu tão genérico que cada situação, por mais inusitada, parecia estar sendo revisitada, como se fosse um mix de cenas de episódios anteriores. A sensação que ficou é que Runaways foi tudo, menos inédito.

Tivemos, sim, momentos divertidos, como House subvertendo o “método Sherlock” na primeira cena, se divertindo sem a tornozeleira eletrônica e contratando uma prostituta para fingir ser uma assistente social, e um ou outro bom momento tramático, como House testando a mãe da paciente com o Vicodin… momentos que totalizam cerca de 4% do episódio. O resto foi preenchido com plots bobos, personagens vagando sem ter muito o que fazer e, principalmente, tédio.

O caso da garota que acredita que terá um futuro melhor morando nas ruas do que na companhia da mãe era promissor, mas teve um desenvolvimento bem sem graça. Paciente vomitando sangue, “people don’t change” e conflito entre  a opinião do paciente menor de idade e de seu responsável foram alguns dos clichês da série que esta trama reutilizou com pouca criatividade. Dilemas rasos e desinteressantes e uma conclusão fácil e sem brilho são outros fatores que não contribuíram para uma avaliação positiva deste episódio. E o que foi o caso da clínica, dos irmãos envolvidos em uma reencenação de um momento histórico? Forçada, sem sentido, sem graça, difícil de engolir.

Mais misterioso do que os casos médicos do episódio é a pergunta: para quem os roteiristas escreveram este episódio? Porque não foi para o fã assíduo, ou para o telespectador esporádico ou para qualquer tipo de telespectador que eu consiga imaginar. Para quem eles pensaram que aquele super conflito do Taub com suas filhas funcionaria (se você acha suas filhas entediantes, Taub, imagina quem assiste a série)? E aquela história da amante do Foreman, quem eles acharam que se importaria com aquilo (e eu sinceramente não dou a mínima se ela terminou de fato ou não)?  Quem liga para a Adams? Por que a Chi Park, definitivamente uma personagem mais interessante, virou uma figurante? O Wilson voltou a ser um cara com maneirismos cuja única função é racionalizar o comportamento do House? E voltando ao caso dos irmãos, qual era o objetivo? Aquele era o alívio cômico do episódio? Sério, mesmo? E a corrida de tartarugas? Será que alguém da produção tem noção do quão irresponsável aquilo foi e de que o stress causado por aquela gritaria toda poderia ser fatal para elas (clique aqui para conhecer uma iniciativa muito mais interessante)? Parece que todo mundo perdeu a noção e errou a mão neste episódio (inclusive a atriz convidada Bridgit Mendler, que entregou uma atuação bem inverossímil).

Não vejo problema nenhum em House investir em episódios simples, acredito que seja uma aposta segura que funciona tanto para quem escreve quanto para quem assiste, e é ainda uma maneira de se tentar elevar de novo a audiência do programa. Mas quando nem isso eles conseguem fazer direito, a situação torna-se preocupante. Se a série não consegue segurar sua audiência hoje, em que os dramas pessoais têm mais ênfase, da maneira como conseguia quando um episódio praticamente independia do outro, só tem um motivo: sua qualidade caiu. Agora que a história da prisão já foi completamente encerrada e tudo o que temos são episódios como este, eu não consigo mais encontrar muitos motivos para continuar assistindo a série, mas o principal deles continua sendo a possibilidade desta ser a última temporada. House ainda pode terminar muito bem, e eu quero ver isto acontecendo.

Alguém gostou do episódio? Alguém pensou em parar de assistir? Compartilhe suas opiniões.

Leia mais sobre intoxicação por metais pesados e ascaridíase, os diagnósticos finais do episódio.

P.S.: O próximo episódio é um desses que eles prometem que não deixará pedras sobre pedras (assista ao promo). Adivinha? Na semana seguinte, vai estar tudo como sempre foi, com pacientes vomitando e sangrando pela orelha.


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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