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Parenthood – 2×17 Do Not Sleep With Your Autistic Nephew’s Therapist

Por: em 25 de fevereiro de 2011

Parenthood – 2×17 Do Not Sleep With Your Autistic Nephew’s Therapist

Por: em

Se quiser ler essa review com a música tema da série ao fundo,
basta ir ao final desse post e dar o play em Forever Young, de Bob Dylan.

Cristal: Série corajosa é assim, não tem medo de “gastar” suas melhores tramas ainda no meio da temporada, nem fica enrolando até a season finale, ouviu The Good Wife? Quem podia imaginar que o abacaxi de Crosby seria descascado tão rápido? Parenthood, mais uma vez, não teve medo de meter a mão na massa. E, ao contrário de tantas outras séries, não pegou um único acontecimento e o esticou ao limite, fazendo-o durar por semanas a fio. Assim, em apenas três episódios, vimos o noivado de Crosby e Jasmine ruir… Levando consigo boa parte da evolução de Max. Graças ao tio irresponsável, o garoto perdeu Gaby; e, ao contrário da facilidade em se encontrar babás, como Crosby inocentemente (ou burramente?) sugeriu, não é em todo lugar que se encontra uma boa terapeuta ocupacional.


Guilherme: É engraçado que drama de TV aberta geralmente é mais conhecido por ficar enrolando mesmo, buscando material pra preencher as 20 e poucas semanas que geralmente elas têm que apresentar. Mas Parenthood tá indo na direção oposta, indo direto ao ponto, e se no 17º episódio a coisa já explode dessa maneira, fico imaginando o que existe planejado pra reta final da temporada. Até a trama mais bobinha dessa semana foi bem pensada, mas isso a gente comenta mais adiante. O principal agora é o Crosby. Um pouco injusto jogar tudo nas costas dele, mas foi a partir do Braverman caçula que tudo pegou fogo. Foi Crosby que inventou briga com a Jasmine. Foi Crosby que não conseguiu se segurar um dia longe da noiva e dormiu com a Gaby. Foi Crosby que fez com que Max descobrisse da pior maneira possível que ele não é uma criança como as outras. E esse último ponto foi o maior pecado dele — mesmo que indiretamente. Gente grande tá aí pra se desentender, se acertar, bater boca, fazer as pazes… Mas com criança o buraco é muito mais embaixo.

Cristal: Eu não acho que a culpa do término de Crosby e Jasmine seja só do Crosby, sabe? Mas a forma como ele lidou com tudo isso foi muito imatura… Decepcionante até. Não gosto da Gaby mas, em relação ao Max, não a acho tão culpada quanto o tio. Gaby gostava de Crosby e, se eles fossem desenvolver uma relação a partir daquela noite, não acho que haveria nenhum conflito em continuar cuidando de Max. Talvez mais pra frente, mas não agora. O problema é que, como ela deixou claro, ela gosta de Crosby. E é uma questão até de auto-preservação… Não dá pra transar com um cara que você gosta e continuar encontrando-o enquanto ele tenta reconquistar a ex-noiva. Seria muito auto-flagelo.  Quanto a descoberta de Max… Claro que Crosby não fez de propósito, mas até que ponto podemos perdoá-lo por todas as bobagens que ele faz simplesmente porque não tinha a intenção de ferir? Homicídio culposo também é homicídio.

Guilherme: Acho que a Gaby dando o pé pra trás com o Max nem chega a ser só por gostar do Crosby. Ela conhece aquela família e sabia da explosão que tudo aquilo ia causar. Mais do que se sentir mal por ver o cara que gosta tentando reconquistar a noiva, ela provavelmente nunca aguentaria — ou sequer teria a chance de continuar trabalhando — sob uma teto cheio de julgamento por ela ter sido um dos principais pontos no meio de toda a história. É muito mais fácil simplesmente ficar longe. Seth que o diga. Semana passada eu cheguei a acreditar na possibilidade dele se redimir e virar um bom pai, mas claro que ele foi embora de novo. O pior? Ele foi embora por cima. Sarah ainda gosta dele. Drew ainda gosta dele. Amber não foi agressiva. Até eu, sabendo que ele tava sendo escrotíssimo ao ir embora de novo, não consegui guardar rancor. Seth é um dos tipos mais perigosos. Faz uma porrada de coisa errada, mas tem o charme necessário pra que isso nunca seja o mais evidente.


Cristal: Já eu guardei todo o rancor do mundo. Não acho que Seth tenha saído por cima porque caras com atitudes covardes como essa nunca saem por cima. Mas sim, o seu charme complica um pouco as coisas. Não sei se Sarah simplesmente ainda gosta dele ou se o problema é o lugar que ele ainda ocupa… O de homem mais importante da sua vida. Enquanto ela não encontrar um cara que ame e a complete, nos bons e maus momentos, Seth vai continuar ocupando esse espaço relativamente confortável de ex-marido sem modelo pra comparação. E o que é melhor, um pai ou nenhum pai? Na idade de Andrew e Amber, com certeza um Seth é melhor do que nada. Mas, com o passar do tempo e a continuidade da ausência, esse buraco infelizmente tende a crescer, e a relação dos três será cada vez mais deteriorada. Até o momento em que eles talvez percebam que é melhor não se importar. E é aí que eu me identifico demais com a Amber e sua relação com o pai ausente. É difícil abrir a guarda porque a gente sabe que as chances de sair ferido são grandes… Até que um dia a gente abre e, como era de se esperar, se fere. Então chega o dia em que a gente finalmente aprende e não abre mais.

Guilherme: Eu concordo com tudo isso que tu falou, então a única coisa que eu tenho pra acrescentar é sobre a atuação da Mae Whitman. Eu me amarro nessa garota, manda bem demais. Comanda bem pra caramba a pose de durona (dentre todas as gritarias do episódio, a dela com Seth foi a minha favorita), mas quando a série precisa, ela também sabe perfeitamente deixar a casca quebrar pra que a gente veja como a personagem é vulnerável. Mas chega de falar de Amber, Seth, Crosby, Max… Só história pesada. Bora trocar de assunto antes que isso aqui acabe virando uma sessão de terapia. E é aí que entra a trama bobinha que eu falei lá no começo: a da Sydney. Ela só reforçou o que eu disse semana passada (curto muito mais o Jabbar do que ela), só que, pra mim, o vegetarianismo se encaixou benzão no episódio. Primeiro porque era uma história leve. Por mais irritante que a Sydney possa ter soado, achei divertido e foi uma quebra boa do clima forte que os outros personagens carregavam. E segundo porque por trás de todo o potencial bobo e aleatório da história se escondia uma intenção muito maior: a de reaproximar Zeek e Camille.

Cristal: E é por essas e outras que eu sou tão fã de ParenthoodOlha só a genialidade desses roteiristas! Pegaram um assunto relativamente banal como esse da Sydney e, não só levantaram a questão sobre até que ponto é certo apoiar certas vontades infundadas das crianças, como também abriram a brecha necessária pra uma reconciliação que, há muito, já despontava. E nessas horas é difícil fugir do clichê e não falar em “amor de terceira idade”. Hoje em dia é muito mais comum ver adolescentes de doze, treze anos namorando (e se pegando) na tv do que ver um casal com a idade de Zeek e Camille dar um simples beijo… O que dirá uma cena que, ainda que não tenhamos visto, invariavelmente terminou em sexo.  Se, por aqui, beijo gay ainda é tabu, lá nos Estados Unidos já é normal ver casais gays em séries; e como é bom que seja! Mas, como não dá pra ser pioneiro em tudo, o norte-americano parece aceitar o beijo gay e rejeitar qualquer tipo de relação física entre pessoas mais velhas. Tente lembrar de alguma cena recente em que você viu um casal com mais de sessenta anos se beijar. Conseguiu? Então, por favor, compartilhe, porque eu não me lembro de nenhuma. O preconceito é tamanho que quando qualquer casal de pais ou avós em seriados se referem a sexo, quase sempre é seguido por um “ugh!” vindo de alguém mais novo.

Guilherme: Minha memória não é das melhores, mas eu não lembro mesmo de nenhuma cena dessas de um casal de mais de sessenta. Se eu assisti e não tô lembrando, provavelmente era cena de comédia, porque no drama, levado à sério igual aqui? Difícil. Mas enfim, acho que é só, né? Também teve um pouco de Adam vs. Alex no episódio, mas a tensão de todo o resto foi tão maior que a história acabou soando irrelevante. Pra semana que vem, tô tentando colocar minhas expectativas pra baixo — vai ser difícil superar o episódio dessa semana. Mas tentar não é sinônimo de conseguir, então pra que eu vou me enganar? Parenthood tá numa fase fantástica e eu tô maluco pra ver a reta final dessa segunda temporada se desenrolar. Té semana que vem!


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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