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Shameless – 1×06 Killer Carl

Por: em 18 de fevereiro de 2011

Shameless – 1×06 Killer Carl

Por: em

Apesar de introduzido o que deve ser o arco central da temporada, Shameless tem com Killer Carl sua primeira pedra no caminho: um episódio que, cenas finais a parte, não conseguiu uma boa mistura com seus melhores ingredientes.

Já tivemos desenvolvimento nas vidas de vários personagens da série. Todos ali conseguiram tempo em cena o bastante para nos fazerem nos importar com eles, mas o pequeno Carl ainda estava perdido no meio de um grande elenco. Quando finalmente Ethan Cutkosky tinha tudo para brilhar, esconderam sua trama atrás de uma reunião de pais. Cutkosky não fez por menos, claro, deu show nas pequenas cenas que participou e consegue, em proporções equilibradas, se manter no nível dos outros atores. O episódio tinha tudo para tratar de um assunto, que trabalhado da maneira correta, geraria muitos pontos para a série, e discussão para nós fãs como já aconteceu semana passada. Comparei Debbie a Shane de Weeds. Os dois foram/são crianças boas, com sentimentos, sentem tristeza, culpa, sabem que fizeram algo de errado em algum momento. A linha que difere um psicopata e um sociopata é bem tênue, e mesmo assim nenhum dos dois apresentam características o suficiente. Um psicopata (aqui falo como leigo, não sou médico para diagnosticar pessoas) não demonstra emoções ou empatia por outras pessoas. Caso demonstre são superficiais e falsas. Não entendem que fazem algo errado e nem sequer acham errado. Não sentem remorso e são agressivos. Debbie não é assim. Ela é uma criança que está sendo criada de uma forma diferente, o que pode acarretar em problemas psicológicos futuros, assim como aconteceu com o filho de Nancy Botwin.

Carl, por outro lado, poderia se encaixar no perfil de um psicopata depois de assistirmos a Killer Carl. Nas rápidas cenas que mostraram o que ele faz na escola fogem outras opções como simples hiperatividade, além de que eu fiquei rapidamente atormentado pelos atos do garoto. Ele gosta de fazer os outros chorarem. Ele adora maltratar animais, objetos inanimados como a boneca; (a qual ele disse que devia sofrer para pagar por seus pecados) não tem respeito nenhum por autoridades e muito menos sente remorso pelo que faz. Steve sugeriu tratamento psicológico para Debbie, mas para Carl ninguém falou nada…tipo, sério? Será que a família enxerga isso somente como um garoto sendo garoto? E assim como aconteceu com Debbie, no final do dia o garoto foi recompensado com palmas e alegria por ter batido no amigo de Lip. Posso estar parecendo não gostar de tal assunto, mas sou fascinado quando séries tratam desses problemas. Com Debbie fizeram um ótimo trabalho, mas com Carl, justamente por termos visto pouco do garoto, poderiam ter desenvolvido melhor. Mas a série, que já ganhou minha simpatia no episódio piloto, leva muitos outros créditos por trazer a tona, ou pelo menos tentar, esse assunto. Na verdade Shameless é uma série sobre isso. Sobre como vidas podem ser afetadas de diversas maneiras nas condições que a família Gallagher vive. Isso a série já vem fazendo desde seu começo e muito bem.

Quem acompanha as reviews sabe que comentei sobre a ausência de um arco central que levasse a temporada e do formato caso da semana da série. Killer Carl acabou com os dois problemas. Apesar de cada personagem ter sua história, o que nos foi apresentado não surgiu e se resolveu nesse episódio. São tramas que levarão tempo para amadurecer e serem bem trabalhadas. O arco em questão deve ser a dívida de Frank. Não foi uma surpresa ver dois homens atrás dele por dinheiro. Conhecemos o cara o suficiente para sabermos que não vale nada e que nem para fazer alguns bicos ilegais ele presta. Agora Frank precisará virar-se do avesso para juntar 6 mil dólares e pagar aos dois homens (um deles interpretado pelo ótimo Robert Knepper, que não teve tempo de mostrar o quão é bom). Esse deve ser o assunto principal da temporada porque acaba envolvendo todos os personagens. Caso Frank não pague, seus filhos e talvez até Sheila correm perigo. E é de se esperar que no final das contas, eles mesmos acabem livrando o patriarca do grande problema. William H. Macy continua fazendo um ótimo trabalho. Por vezes fácil de odiar como não ligar para os filhos e ir na reunião como pai de Karen; por vezes adorável como a cena final com Sheila.

Aliás, qual é a da Karen? Ela é uma personagem muito estranha (aqui com o significado positivo). Sai com outros caras além de Lip, algo que ele mesmo está parecendo não gostar mais; ameaça cortar a garganta do pai caso ele continue rindo da mãe; sabe o quando significava para os Gallagher ter Frank na reunião, mas mesmo assim usou seus atributos físicos para tirar os capangas da cola de Daddy Frank e o levou para a escola (concordo com todo mundo quando dizem que Karen chamando Daddy Frank é bizarro demais). Pelo menos agora o próprio namorado não gostou de sua atitude e deve questioná-la. Não sei mesmo qual é a da personagem e o que ela realmente quer. De conclusivo só consigo dizer que ela verdadeiramente se importa com a mãe…mas só. Joan Cusack é só perfeição!! É muita simpatia para uma personagem só. O que eu mais gostei nesse episódio foi ver como é o tratamento da agorafobia de Sheila. Tudo bem que a tal doutora não é muito ética também, mas isso faz parte do ótimo humor negro da série. Não conhecia esse tipo de tratamento, mas achei bem interessante. A gente ri com Sheila, mas não tem como não sofrer junto dela quando tudo da errado. O medo é tão grande, que aliado a frustração de não conseguir vencer a doença, só nos faz querer dar um grande abraço nela e dizer que tudo ficará bem. A cena final dela com Frank foi realmente bela. Cusack e Macy tem uma ótima química e o diálogo nessa parte só ajudou o casal.

Lip e Ian continuam cada qual lutando com seus problemas. Estava até achando estranho o fato de ninguém desconfiar que Lip faz as provas de vestibular por outros alunos. Acho que ainda veremos outros amigos bem chateados com Lip. No final das contas, a culpa é da própria pessoa não é mesmo? Tirando toda a parte crítica do caso de Carl, não tem como não ter aberto um sorriso ao vê-lo defender Lip com seu velho amigo bastão de baseball. Enquanto isso Ian e Kash aprendem a atirar para proteger o mercado. Na verdade apenas Kash aprende, porque Ian já é craque no assunto. Kash é tão inseguro que deixa todos passarem por cima dele. Sua esposa o humilha na frente dos filhos; Ian é quem defende o mercado indo atrás do garoto ladrão e Kash fica olhando sem fazer absolutamente nada. É isso que Ian realmente quer? Alguém que fique sentado e não saiba se impor?

É curioso ver Fiona perdendo a linha com o relacionamento com Steve. Esquecer de pagar a conta de luz é muito estranho para a personagem, madura, dona de si e responsável pela família. É mais um ponto negativo para Steve na constante batalha mental de Fiona sobre quem escolher e o que fazer da vida. Ainda mais quando o que o Steve falou é totalmente verdade. Ela tem medo de que todos acabem contando com ele para tudo e que eventualmente ele venha a falhar e deixe-os na mão, algo que ela nunca tinha feito. Toda essa confusão deve ser difícil para ela, além do trabalhoso dia-a-dia e das surpresas que encontra pelo caminho como os homens tentando pegar seu pai. Steve salvou o dia, mas por sorte. Não entendi muito bem a história das duas tartarugas, então fui pesquisar. Um dos discos da banda Grateful Dead tinha duas tartarugas dançando como arte da capa, que ficaram conhecidas como Dancing Terrapins, associadas a banda. Ao perceber que o diretor era fã da banda de rock, Steve aproveitou e o cara mordeu a isca. Por maconha boa e barata, o diretor deixará Carl em paz.

Mas o mais triste de toda essa história da reunião foi quando a família se depara com Frank e Karen. O olhar de Debbie; a frustração nas expressões dos outros filhos, tudo contribuiu para a tristeza daquela cena. Ele não é capaz de salvar um filho de ir para assistência social, mas aceita ir com a filha da namorada da qual ele se aproveita porque ela o ajudou a enganar dois capangas. Esse é Frank!! Pelo menos isso tudo faz com que a família acabe mais unida, percebendo que só precisam deles mesmos para serem felizes. Ah, claro, senti muita falta de Kev e Veronica, mas é normal a ausência deles depois de um episódio centrado só nos personagens.

Agora com a trama mais definida, só posso esperar o melhor de Shameless, que mesmo com um episódio fraco, continua sendo uma das minhas mais novas preferidas. Ah, esse episódio foi escrito por Mike O’Malley, que além de ser um dos produtores ajudantes da série, é conhecido atualmente pelo personagem Burt Hummel, pai de Kurt, em Glee.

P.S.1: Lip: Warren, once again proving that Koreans are the Asian Jews. Warren: That’s racist. Lip: No. Facts cannot be racist. Many Irish are drunks. Many French smell. Most Chinese hate children. That’s why they sell them to Americans.”

P.S.2: Diretor: Hey, uh, uh, you ever been with a black guy? Professora: Does rape count?…I was acquitted.”

P.S.3: 1.01 na audiência. Por que a renovação está demorando tanto?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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