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Shameless – 2×02 Summer Loving

Por: em 20 de janeiro de 2012

Shameless – 2×02 Summer Loving

Por: em

Você pode mais Shameless…bem mais.

E não é que tenha sido um episódio de todo ruim, porque não foi. Mas vejam só: comentei semana passada sobre o fato de que a premiere não apresentou nenhum arco que sustente a série em uma temporada, e de como o contrário disso ajudou a elevar a série a partir da metade da 1ª temporada, com tramas que duravam vários episódios. Porém, o fato não é nem eles continuarem com histórias simples, afinal, só esse episódio nos deu relances de várias storylines interessantes e comento sobre isso mais abaixo. Mas acompanhar Fiona sem Steve e ainda mais com Jasmine não sustenta episódio, nem mesmo Frank e suas “aventuras”. O que conseguiu sobressair, mesmo sendo mostrado pouco, foi a forma interessante de mostrar o futuro dos filhos menores. Ian, Lip, Debbie e Carl têm tudo para brilharem.

Deixem-me falar do que não funcionou. Fiona é uma personagem excelente. Ela é a mãe e o pai dos Gallagher. É a força que une toda aquela família, e assistir o amor que ela tem por seus irmãos é inestimável. E apesar de Emmy Rossum ter um brilho em qualquer cena, já vimos o seu potencial dramático…e que potencial!! Por isso gostaria que Steve voltasse logo. Ele incitava problemas na mente bagunçada da Gallagher mais velha, e a personagem ficava ainda melhor. Claro, existe toda a questão de que eu simplesmente não vou com a cara de Jasmine. É uma mulher chata, que fica fazendo Fiona viver mais e usando ela para suas escapadas “românticas”. Nesse quesito, sou totalmente team V, que também não gosta da nova amiga da vizinha. Outro fator que me fez odiar mais o atual arco de Fiona é que o plot do episódio foi fraco…aquele encontro com o amigo do amante de Jasmine. Na premiere tivemos Adam, interpretado por James Wolk, que conseguiu ter presença em cena, sabendo fazer fluir sua história com Fiona. Shameless tem apenas 12 episódios por temporada, então quanto tempo mais deixarão Steve fora da série?

Frank continua sendo o bom e velho Frank. Suas piadas são excelentes e a forma como William H. Macy passa tudo isso com seu personagem, é brilhante. Mas sabem o que mais me preocupa nessa história dele sair de casa e morar com Dottie? Sheila! Joan Cusack é tão preciosa incorporando a agorafóbica, que fico imaginando como manterão ela na série sem Frank estar morando lá. Mas li uma notícia sobre ela aparecer em 10 dos 12 episódios, e visto que ela está conseguindo sair de casa, pode ser que a vejamos mais, sem precisarmos de um motivo para isso, como Frank ou Karen. Gostei de comentarem sobre a doença em si. Agorafobia, como transtorno fóbico, não tem cura, pois não se usa esse termo para tal tipo de doença, e sim de evolução. É possível viver bem, caso o paciente procure ajuda ou se esforce e tenha motivação. Sheila se encaixa nesse último modelo, e acho extremamente válido que continuem mostrando a luta dela. Além, claro, das curtas – mas hilárias – cenas, como ela cutucando Frank enquanto ele estava no telefone.

Não dá para “ler” Frank. Ok, ele não dá a mínima para a família, mas já vimos que ele não é 8 ou 80. Ele disse que não gosta dos filhos, nem eles, dele, mas isso não condiz com seu comportamento em algumas situações. Lembram de quando ele foi pedir desculpa ao filho Lip por ter feito sexo com Karen? Aquela cena foi muito importante para mostrar que Frank não é de todo mal. Por isso acho que frases como essa sobre os filhos, saem da boca para fora. O mesmo pode-se aplicar com Dottie. Os motivos foram errados, afinal ele só foi atrás da mulher quando descobriu que ela estava para morrer. Seriam dois coelhos com uma cajadada só: dar um jeito de pegar a pensão dela, e ter uma casa para morar, após Sheila descobrir os seus podres. E apesar de forçar a situação e realmente não estar completamente apaixonado por Dottie, tenho praticamente certeza que ele se sentiu mal pela situação da mulher. A vida dela está por um fio, e caso não apareça um coração logo, Dottie pode morrer. Essa situação, evidenciada pela expressão do personagem, deixou Frank sentido, mesmo que apenas por alguns segundos. E gosto muito de que façam esse tratamento com o personagem, pois o torna mais real e menos estereotipado.

Já Ian e Lip foram os pontos altos do episódio, cada qual com sua história. O ruivo pôde se reunir com o atual “namorado”. E não tem como não gostar de Ian e Mickey. Além de Cameron Monaghan e Noel Fisher parecerem tão reais em cena, seus personagens são carismáticos. Ian é o garoto simpático, com boa índole, que sabe o que é certo e errado. Mickey é o brigão, que não leva desaforo para casa, mas tem um lado mais romântico, mesmo que tente esconder. Ele tira o braço de Ian ao redor de seu ombro quando passeiam na rua, mas nas conversas com o ficante, ficou claro que ele não gosta muito da ideia de Ian ir para a academia militar, pois se importa com Ian, ou não sairia com ele, nem começaria a se soltar, tornando os dois em um casal. O relacionamento deles, reflete no romance, mesmo que pareça contraditório. Eles mesmos comentaram sobre isso. Ian iria deixar o “pai” ir embora sem pagar, porque não sabe se impor todas as vezes, enquanto Mickey foi quem partiu para a ação, mesmo que – como ele mesmo disse – seja o que fique por baixo na relação íntima. Quero muito ver como irão desenvolver a trama dos dois, e espero que não mostrem mais Mandy, porque essa nova atriz não tem graça nenhuma.

Já a trama de Lip foi rápida, mas com certeza vai dar o que falar. Foi isso que gostei nesse episódio: ele deu insights sobre o que desenvolverão na temporada. Lip é tão inteligente para tudo…usa a cabeça e coloca a mente para funcionar, um gênio. Mas quando se trata de relacionamento, o coração fala mais alto. É tão fácil para ele controlar a situação e deixar para lá o que não lhe faz bem, mas é um apaixonado. Ele ama Karen. Ele quer ela como namorada, e o ciúmes está cada vez pior. Após a conversa com Kev, ele percebeu que Karen está se apaixonando por Jody, querendo sossegar, tanto que nem, ligou para Lip após o motoqueiro ir embora. Ele está sendo apenas um boneco sexual para ela. É o momento em que ela libera sua tensão, mas o companheirismo, o amor, a relação propriamente dita, ela faz com Jody, e não com Lip. Mas a gente sabe que Lip não desiste fácil quando se trata de usar o coração, então espero bons momentos dessa trama.

Outros dois relances foram muito importantes. Durante a primeira temporada, escrevi bastante sobre o comportamento futuro de crianças vivendo naquele ambiente. O quanto toda essa bagunça poderia influenciar de forma destrutível, a vida de Debbie e Carl. E nesse mesmo episódio, os dois resolveram agir de maneira agressiva. Debbie não escutou as ordens dos irmãos mais velhos e resolveu ter o quarto só para si, chegando a enfrentar Fiona e gritar com a mulher que ela tanto respeita. Claramente a morte do idoso do asilo afetará Debbie, ou essa história não teria necessidade de existir, apesar de ter sido muito bonito vê-los aproveitando o parque, e claro: TIA GINGER!! Carl também enfrentou a irmã mais velha, algo que não tinha acontecido até então. Pode ter sido por ver Debbie fazendo o mesmo, ou a conversa que teve com o pai na rua, sobre andar e falar com respeito. Ele é apenas uma criança, e logo ficou feliz em acampar no carro, mas já é um indício de como o estilo de vida atrapalhará no psicológico e personalidade das crianças.

Como comentei, foi bom ter essas rápidas e pequenas ideias do que a série pode desenvolver na temporada, e são tramas com potencial dramático imenso, que só elevará Shameless. Um dramédia de qualidade, já provou que pode muito mais, e espero que a temporada só melhore a partir de agora. Ah, esse episódio foi escrito por Mike O’Malley, o pai de Kurt em Glee. Curiosamente, O’Malley também escreveu o episódio que menos gostei na primeira temporada. Ainda vale a pena comentar que a audiência da premiere e desse segundo episódio foram as duas mais altas da série até agora, 1.58 e 1,25 milhão, respectivamente.

Também é importante dizer que Shameless está indicada na categoria de melhor série dramática no 23º GLAAD Media Award. A GLAAD (sigla em inglês para Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação) é uma organização que monitora a forma como a mídia retrata a comunidade LGBT, inclusive contando quantos personagens existem em cada série. Pela forma como Shameless retrata esse universo através do personagem Ian, a série foi indicada esse ano. Veja aqui todos os indicados.

Voltamos agora com a programação normal com frases que se destacaram no episódio:

P.S.1: Debbie: “I moved Liam. I can’t be in the same room where Liam is constantly masturbating”. Carl: “It’s not masturbating if nothing comes out”Lip: “What is the demarcation age where it’s officially inappropriate to arouse yourself in front of others, even if nothing comes out”? Debbie: “Two years old”.

P.S.2: Mickey: “That’s the kind of leadership you plan on bringing to the army”? Ian: “Said last night’s bottom”. Mickey: “Whatever. Liking what I like don’t make me a bitch”.

P.S.3: Denise: “My bag is almost full, Veronica”. V: “Good, Denise. Did you get some good stuff”? Denise: “No. My pee bag”. V: “Yeah, okay. I’ll change it out at the next stop”.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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