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Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Shameless – 2×05 Father’s Day

Por: em 8 de fevereiro de 2012

Shameless – 2×05 Father’s Day

Por: em

Quando Shameless engrena, não consegue mais parar.

Já no início desse episódio Fiona conversa com Debbie sobre alugar o quarto do pai e assim seguir o exemplo de Frank. Ela diz que a partir do momento que isso acontecer, colocará uma arma na boca. Mal sabe ela que já estaria morta há tempos. A discussão, que vem sendo mostrada desde o começo da série, mas que ficou bem mais evidente após o episódio passado, continua, nos trazendo o que pode ser encarada com uma das cenas mais genuínas de toda a série. A rápida conversa entre Fiona e Lip sobre a probabilidade dele ser o pai do filho de Karen, foi de uma realidade única. O diálogo nem precisaria ter existido, pois Emmy Rossum e Jeremy Allen White passaram as sensações de medo, angústia e culpa, apenas com os olhares. Uma cena tão comum consegue se transformar em um dos momentos mais verdadeiros e bonitos de Shameless. O fato é que a série sabe o que tem de melhor: seu enorme fantástico elenco!!

E por ser grande, juntando os personagens regulares + os coadjuvantes, os roteiristas podem jogar os dados para diversas situações e colocar personagens diferentes dialogando, e o resultado é sempre o mesmo: todos mandam bem. Com esses diálogos é que a 2ª temporada de Shameless toma forma, afundando mais ainda a família Gallagher, colocando-os perto de se afogar. Ou eles tomam consciência dos seus atos, ou não tem mais volta. E apesar de saber que Carl está perdido, andando com um delinquente e alugando quartos vagos para uma prostituta – até recebendo propostas para ganhar dinheiro engolindo sêmen – ; que Debbie não tem outro modelo feminino, e por isso está agindo como adulta; que Lip pode gerar mais um Gallagher apesar de toda inteligência, criando um abismo entre ele e o irmão Ian; apesar de tudo isso…Fiona decide ir em um encontro com um cara arranjado por Jasmine.

É nessa hora que questionamos a mentalidade da própria “mãe”. Fiona foi forçada a criar essa família. Ela não pediu pelo “cargo”. Assim deixou de viver o que muitas garotas de sua idade normalmente viveriam. Então ao mesmo tempo que desenvolveu responsabilidade, sua personalidade é cheia de buracos, por assim dizer. Buracos que nunca serão preenchidos, pois ela não tinha ninguém para ensinar como eles deveriam funcionar. Ela fez um bom trabalho? Fez. Ela precisa de tempo para si mesma? Precisa. Mas Fiona está vendo sua família despedaçar e ainda assim toma decisões consideradas estranhas. Está com Adam, então por que precisou sair com aquele cara? Para fingir ser alguém que não é? Para ser objeto de desejo? Alguém mais caiu no papo de que o tal cara quer mesmo conhecer Fiona?

Agora Steve está de volta, e seu coração volta a balançar. Ela sabe que se for para ter bons exemplos e ajuda, é só procurar o vizinho Tony. Mas ela não conhece segurança. Apenas bagunça. É como se isso fosse seu porto seguro, como se bagunça significasse estabilidade. Steve não liga muito para ela. Ele fugiu, deve ter ficado com milhares de mulheres, não ligou atrás…e agora apareceu. Sem contar toda a questão de que ele nem se chama Steve, tem uma família rica, mas prefere roubar carros para ganhar dinheiro. Com ele na jogada novamente, as coisas ficarão ainda mais complicadas para Fiona, pois todas essas mentiras não farão bem algum se forem descobertas. E ela não está afim de escutar alguém, nem mesmo sua melhor amiga – que apesar de ter sua porcentagem de excentricidades, é o que de mais estável a série tem.

E por falar em V, agradeço aos roteiristas por estarem dando mais espaço para os vizinhos. Ok, não são tramas realmente fortes, mas estão evoluindo o casal. V e Kev estão crescendo como personagens, e isso só os tornam mais relevantes na série. V está virando uma leoa. Protege Ethel com unhas e dentes e não quer vê-la enganada por Malik. Ao mesmo tempo, o relacionamento do casal só cresce, criando mais laços de fidelidade. Achei exagerado V pensar em traição como primeira opção, pois ela e Kev nunca pareceram esse tipo de casal. Mas a trama fez bem, e os uniu mais ainda. Ele quer aprender a ler e escrever, comprar o bar, ajudar a criar Ethel e ver a “filha” cada dia mais feliz. A última pessoa que sentou com Debbie e conversou sério foi V. Kev é quem vive dando conselhos para Lip. Ou seja, o casal de vizinhos é o que de mais responsável existe na série. E Shanola Hampton e Steve Howey têm química!! Junto deles, temos Ethel e Malik, com uma trama mais reforçada, agora que o marido de Ethel foi morto da prisão. Não acho que Malik tenha mandado seu pai matar Clyde, mas o “tomar conta” na linguagem dele, significa outra coisa.

Ainda tivemos toda a história do corpo de Eddie ter sido encontrado. Aqui existiu algo que não gostei. Ok, eu sei que Shameless é uma comédia. Mas a série já trabalhou drama de forma brilhante. É chato ver Frank se dando bem o tempo todo, sendo que até matar alguém ele já matou. Esperei pacientemente Sheila descobrir sobre a morte do ex-marido, e ainda mais sobre Frank ter feito sexo com Karen. Mas a trama não deu em nada. Eu não culpo Frank totalmente pela sextape. Vocês podem ler sobre isso na review do episódio 1×11. Ele estava anestesiado e sabia que perderia as regalias, parecendo realmente perturbado com Karen em cima dele. Mas Frank é um traste que naquele momento não estava em condições de tentar fugir. Por isso eu não coloco a culpa nele, mas sim em Karen. Mesmo assim, eu estava esperando Sheila perder a cabeça – daqueles frequentes momentos em que ovacionamos a atuação de Joan Cusack. Mas Frank saiu por cima porque Karen acha que ele matou Eddie, sendo que a história final é que ele foi estuprado por Karen enquanto anestesiado – novamente: não que isso não seja realmente verdade.

Quero ver Frank se dando mal. Quero vê-lo pagando pelos crimes, pois fica caricato demais se ele só se der bem. Acaba perdendo a graça ele com choro falso tentando saber sobre os papéis da pensão de Eddie. E Jody é realmente tão mole assim? Qual é…se não ficasse bravo com Frank, pelo menos ficasse chateado com Karen! Mas ok, engulo esses pequenos problemas. Valeu por ver como Sheila ficou após a queda do trem de pouso. A doença retrocedeu tanto, que nem do quarto ela é capaz de sair, e agora vem toda a história do Eddie. Fico feliz que ela tem o neto que está chegando para se ocupar. E para quem irá a pensão de Eddie? Fontes dizem que ficaremos chocados com o/a beneficiário(a). Então não são nem Karen, nem Sheila.

A trama do bebê de Karen continua excelente. Laura Slade Wiggins está fazendo um trabalho sensacional toda semana. E lembrar que no começo da série ela era bem sem graça…mas a partir da fúria com o pai, Laura teve chance de brilhar e vem cumprindo muito bem o seu papel. O melhor confronto foi a audácia dela dizer para Lip que, pelo menos o pai de Jody não iria transar com ela. Graças que ele soube responder bem, afinal, todos nós sabemos de quem foi a culpa. O problema é que Karen está jogando Lip no fundo do poço. Outra cena poderosa – e também uma das melhores da série – foi o confronto entre Lip e Ian. A história do bebê e o ciúmes de Jody fez Lip esquecer do resto dos problemas, incluindo a ajuda que prometeu para Ian entrar na academia militar.

Cameron Monaghan conseguiu passar a empolgação de Ian com o olhar brilhante de uma criança que ganha o presente que sempre quis. Por isso mesmo foi de quebrar o coração quando ele descobriu a verdade. A briga entre eles não foi chocante ou algo assim, mas imensamente triste. Eu assistia excelente atuação de Jeremy e Cameron com lágrimas nos olhos, enquanto eles lutavam contra o instinto de machucar quem está te machucando; e a percepção de que essa pessoa é seu irmão, e você o ama. São cena assim que me fazem cada semana mais apaixonado por Shameless. Lip está tão destruído que eu realmente considerei a hipótese dele cair nas tentações de Holly. Ele não está em seu estado mental perfeito, e pode fazer qualquer coisa. Mas fiquei muito feliz quando ele recusou os avanços da loirinha e preferiu ir ficar embaixo da passagem do metrô – lugar que ele e Karen passavam tempo juntos.

Para terminar tivemos Debbie. Que no final do dia acabou tendo ajuda de Mandy – a nova atriz está melhorando a cada episódio. Emma Kenney mandou muito bem novamente, dando a sua personagem uma trama sólida e que só deve gerar mais problemas para a família. Pequeno Hank só lhe deu flores porque estava bêbado e porque Holly não havia aceitado. Debbie se engana facilmente, afinal é uma criança, e seu modelo feminino não está ajudando, “forçando”  irmã a agir igual: escolhendo alguém que não a fará feliz.

São episódios como esses que eu quero e espero de Shameless. E com tantas possibilidades, as coisas só devem melhorar a cada semana. A série está sendo bem amada lá pelos Estados Unidos, pois mesmo enfrentado diretamente o Super Bowl, Father’s Day registrou 1.01 milhão de telespectadores!! E você, está feliz com os rumos de Shameless?

P.S.1: Frank: “That’s the Gallagher sperm. Ambitious, relentless — everything we’re not once we’re born. Like heat-seeking, baby-making guided missiles. Won’t be long before the whole country’s nothing but Mexicans and Gallaghers”.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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