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Shameless – 2×06 Can I Have a Mother

Por: em 18 de fevereiro de 2012

Shameless – 2×06 Can I Have a Mother

Por: em

Apresentando mais um episódio sensacional, desde que conseguiu engrenar sua temporada, Shameless nos mostra a origem do sangue disfuncional dos Gallagher; dá espaço para todos os seus personagens; e arruma mais problemas para os personagens enfrentarem. Tem como não amar um roteiro tão genial?

Antes de mais nada, deixem-me tomar um tempo para a questão brasileira em Shameless. Recentemente vimos exemplos de como os americanos não prestam atenção em nossa cultura. Aliás, é um assunto recorrente. Para o povo de lá, nós falamos espanhol, e pronto. Não existe nenhum ator que fale português que deseja uma ponta em alguma série? Em episódios recentes, Pan Am aterrissou em um Rio de Janeiro recheado de latinos falando espanhol. O mesmo aconteceu com a equipe que procura pelo apresentador de um reality show, em The River. Então vem Shameless com a ideia de que Steve fugiu para o Brasil e se casou com uma brasileira. E ah, eles acertaram. Ok, o motivo do casamento foi porque a tal Estefânia é filha de um traficante poderoso, e estava dormindo com o inimigo, e precisou fugir. Tudo bem, isso acontece em qualquer lugar. Mas o fato é que Estefânia está sendo interpretada por Stephanie Fantauzzi, atriz brasileira que foi para os Estados Unidos com 10 anos de idade. Stephanie fala português fluente, e pudemos perceber isso nesse episódio. Sinceramente…foi delicioso assistir algo que levasse a sério nosso idioma, e até brincaram com o fato de que português não é espanhol!! Ah, Shameless, só você mesmo!!

E toda essa história Steve/Fiona ficou ainda melhor. Ok, eles tiveram seu momento no banheiro, mas ela conseguiu se conter. Agora Steve está lidando com drogas, o que será ainda mais preocupante para o futuro do personagem. E de nada adiantou subornar Tony, afinal, Debbie contou toda a verdade. Tudo bem, Tony sabia apenas sobre todos os lances sujos de carros, mas o que Fiona sabe, é muito pior. Eu realmente ansiava por esse momento…em que Fiona descobre que Steve é Jimmy e tem uma família extremamente rica, para a qual ele mente sobre sua vida. Claro, a gente sabe que logo logo Fiona esquece esse problema, afinal, ela e todos os Gallagher se sentem atraídos pelos menos, digamos, merecedores. Porém, vimos que Steve está determinado a ter Fiona de volta, mas muita coisa está em jogo. Sua vida dupla, o tráfico de drogas, Estefânia, a raiva de Fiona…enfim, vai ser bonito demais acompanhar esses problemas.

Porém, a trama de todo o episódio foi nos mostrar as origens dos Gallagher e seu modo de vida. Corrijam-me se eu estiver errado, mas na primeira aparição de Peggy Gallagher, lá no episódio 1×11, ela pareceu realmente gostar dos netos, principalmente de Lip e Ian. Agora, fora da prisão, grammy se contradiz quando fala não se importar com a vida dos netos. Na verdade, não acho que seja erro do roteiro ou algo assim, mas simplesmente o espelho de Frank. Comentei inúmeras vezes sobre ele não ser de todo ruim – que mesmo apesar das ações, sente algo, mínimo que seja, em alguns momentos. Ele não conseguiu matar a mãe, mesmo que, com ela, sua vida será um inferno ainda pior. Peggy é o mesmo. Ela é uma pilantra das maiores. Fabricava drogas, vendia, ameaça Deus e todo mundo quando precisa de algo. E tem uma coisa que ela realmente não gosta: seu filho! Xingou Frank em todo momento que pôde, mas com os netos agiu diferente. Claro, ela fala da boca pra fora, mas nem que um tiquinho, ela se importa com Fiona, Debbie, Carl, e os outros.

Foi devido a entrada de grammy na trama que tivemos cenas maravilhosas. O que dizer do final, com Fiona sentando ao lado do pai, comentando que os pais dela também não prestam? Ela realmente entendeu. Frank não teve outro modelo…como ele poderia criar seus filhos de forma decente se não conhece outro método? Isso não muda o fato dele não prestar e nem compensa por todos os problemas criados, mas foi uma cena bonita entre pai e filha. Aliás, deu certa pena de Frank. Por um lado foi bom, afinal, tivemos uma certa vingança por diversas coisas ruins que ele fez. Mas vê-lo urinar na cama pelo simples trauma da mãe é triste. E o que falar da cena em que ele aponta uma arma para Peggy? William H. Macy mandou benzão com apenas uma expressão. No desespero, Frank nem lugar para morar tem. Ele pirou com o esquema do seguro de Eddie, e após descobrir que Karen é a beneficiária, explodiu com Jody, falando um monte de coisas que Sheila não queria escutar.

E que cena essa, não? Joan Cusack esteve simplesmente sensacional expulsando Frank de sua casa. A dor no olhar sofrido de Sheila foi tão triste, que não consegui me conter. Aliás, se Cusack quiser concorrer no Emmy novamente, poderia muito bem mandar esse episódio como emmy tape, pois seu trabalho foi fenomenal. Sheila misturando remédios com álcool e enfrentando grammy Peggy foi hilário. O mesmo pode ser dito sobre suas cenas na escada. Sempre comento sobre como admiro o trabalho que fazem com a doença de Sheila, e mais uma vez os roteiristas não me decepcionaram. A recepção do casamento de Karen deu espaço para risadas como a briga entre Sheila e Peggy, assim como para lágrimas. Sim, porque não consegui me conter com os olhos lacrimejantes de Karen, triste com os rumos de sua festa. E alguém entendeu Lip? Por que não faço ideia do motivo dele pedir que Karen faça um aborto. O tapa foi merecido. Como já disse, ela tem o direito de mudar e tentar ser feliz. Mas é um erro imaginar que sua vida iria normalizar apenas casando com Jody, e foi na recepção que Karen percebeu essa verdade.

Lip e Ian continuam não conversando. Após a briga da semana passada, Lip tentou pedir desculpas, mas Ian não aceita. Pensei que veríamos mais uma luta, pois Ian chegou quase a pular no pescoço do irmão enquanto Lip destruía as mercadorias de Linda. O fato é que sem o irmão, Lip se sente mais perdido, pois eles são melhores amigos. Fiona nunca tem tempo, e não dá para conversar sobre Karen com Debbie ou Carl. Eu sei que são muitas tramas e personagens para pouco tempo, mas gostaria de mais desenvolvimento na trama de Ian e Lip, principalmente dele juntos, e na história de Ian. Debbie teve um desenvolvimento importante para a formação e entendimento da personagem, mesmo que em um episódio apenas. Mas Ian não está ganhando essa atenção, e olha que muita coisa poderia ser aproveitada, ainda mais se colocarem Mickey na jogada.

V e Kev. Agradeço aos produtores e roteiristas por estarem aproveitando de forma tão útil as atuações formidáveis de Shanola Hampton e Steve Howey. Ok, queremos vê-los mais com os Gallagher, mas podemos realmente reclamar sobre suas tramas? V e Kev são o que há de normal em Shameless. Eles representam os pais que Fiona, Lip, Ian, Debbie, Carl e Liam (o bebê parece ter sumido, não é?) deveriam ter. O desespero de Kev pelo sumiço de Ethel foi genial. Ele queria adotá-la, sem usar o dinheiro, mas simplesmente por tê-la segura, na casa deles. Para quem assistiu e amou Big Loveuma série que você deveria assistir – sabe os podres de certas comunidades polígamas, e o quanto isso pode refletir na personalidade da criança, porque sim, Ethel é apenas uma criança. O desejo de cuidar da garota, vindo de Kev e Veronica foi lindo, e espero muito que mostrem o casal a procura da “filha”. Não quero que eles desistam, e nem quero que seja o fim de Ethel. Pelo menos descobrimos para que a maconha roubada serviu, e sabe que gostei da resposta? Casou bem com a trama de Ethel fugir com Malik.

Can I Have a Mother marcou 1.44 milhão na audiência, sendo a segunda melhor da série até agora. E ah, esse episódio foi co-escrito pelo ator William H. Macy, o que nos prova que além de excelente ator, ele é um ótimo roteirista. Ah, como eu amo Shameless.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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