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The Big Bang Theory – 6×18 The Contractual Obligation Implementation

Por: em 8 de março de 2013

The Big Bang Theory – 6×18 The Contractual Obligation Implementation

Por: em

Depois de tantos deslizes do roteiro com um Sheldon machista, pensei que este seria mais uma dessas histórias em que eu fico brava com o personagem saindo da curva. Com um episódio baseado no 8 de março, dia internacional da mulher, e contando com o histórico recente do físico, eu parei de assistir nos primeiros segundos, respirei fundo e esperei o pior. Ainda bem que o que eu esperava não veio e, embora não tenha sido o episódio mais inspirado da temporada, foi bem divertido.

O roteiro colocou observações muito pertinentes na boca do Leonard. Quando Sheldon diz que quer uma sociedade igualitária como a de Star Trek, o Leonard responde prontamente que, embora eles tenham uma tecnologia super avançada, ainda é uma negra atendendo ao telefone. É algo sutil, mas mostra que o machismo e o racismo ainda estão presentes naquela sociedade. Ou quando o Leonard pede que os amigos joguem algo menos sexista pelo menos enquanto estão trabalhando no projeto. Pode soar estranho, mas ainda tem muita gente negando que certos jogos tratam as mulheres como meros objetos sexuais ou como criaturas que só servem para serem salvas pelos heróis da história. Nisso, o Sheldon deu aquela escorregada clássica, mas dou um desconto porque ele não está nem aí para a sexualidade em geral. Quando ele diz que “como isso pode ser sexista, se a minha personagem usa um machado tão bem quanto qualquer homem?”, é uma análise rasa do que está sendo mostrado na tela. Os roteiristas tanto sabem disso que usam a fala do físico em contraste com a mulher de pouca roupa na tela como piada. Aqui, diferente de outras vezes, temos uma piada feita em cima de uma crítica e não um reforço de um estereótipo de uma minoria, e isso faz toda diferença.

Claro que logo em seguida eles colocam o Howard dizendo o óbvio sobre os seios da personagem, como se precisasse mostrar para o público o que era a piada anterior. Mas isso é outro problema e não é exclusivo de The Big Bang Theory.

Aproveitando o tema, o primeiro vídeo do projeto da Anita Sarkeesian, do excelente Feminist Frequency, sobre o sexismo nos videogames já está no ar e você pode conferir clicando aqui.

Sheldon, Leonard e Howard funcionaram bem, principalmente graças aos esforços do Leonard em fazer algo bacana com um tema que é discutido em todo o mundo: por que tão poucas meninas estão indo para o mundo da ciência (e da matemática)? E eles foram bem corretos nas explicações. Meninas não são estimuladas a entrarem para essas carreiras e o problema está no colégio (e até antes disso) e não na universidade, que é consequência desses primeiros anos de estudo e falta de convivência com este mundo. Basta olhar para brinquedos de crianças. Meninas ficam com as bonecas que imitam os bebês que elas podem vir a ter ou mini réplicas de coisas que imitam trabalhos domésticos, enquanto os meninos têm brinquedos que estimulam a vontade de criar, testar e desmontar coisas.

Foi ótimo o Leonard fazendo palhaçadas tentando animar as garotas – e falhando –, mas o Sheldon é quem teria a melhor ideia para o tema. Se estão falando da falta de mulheres na ciência, por que não levar duas profissionais da área para conversar com as meninas? E mesmo aqui conseguiram não estragar o episódio. Colocar a Bernadette e a Amy de princesas da Disney enquanto falam que as mulheres ainda são reconhecidas por sua aparência e não por seu trabalho deu certo, mas isso porque a gente sabe que as duas são competentes no que fazem. Se fosse a Penny sozinha, não ia ter o mesmo efeito (e acho que ter colocado a garçonete quase como uma princesa que bebeu todas foi um pouco do intuito da cena).

Poderia até falar que escolher as princesas da Disney para esta cena foi emblemática, porque elas são conhecidas primariamente por sua beleza e Cinderella, Branca de Neve e Bela Adormecida em especial, são bem submissas (provavelmente as mais passivas desse universo, as que somente esperam pelo príncipe que irá salvá-las e nunca tomam controle da própria vida), ao contrário das personagens de The Big Bang Theory. Mas preciso fazer um adendo: as aparições da Bernadette e da Amy praticamente se resumem a falar com ou sobre o marido ou namorado e dá para o roteiro trabalhar melhor com elas, como aconteceu aqui.

Mas episódio à parte, entendo as três não discutirem pela Bela Adormecida, que é bem inútil na própria história, ou pela Branca de Neve, que é a mais antiga das princesas e por isso nem sempre lembrada, mas não me entra na cabeça esse fascínio todo pela Cinderella. É por causa do castelo que tem na Disney da Flórida?

Falando do Raj com a Lucy, foi uma gracinha fazer o encontro na biblioteca e ainda mais trocando mensagens. Foi uma solução ótima desses dois introvertidos com problemas conseguirem se comunicar e ainda passarem um bom tempo na companhia um do outro.

Como em outros momentos da vida (vide o site Damn You Autocorrect), a auto-correção do iPhone foi o responsável por um dos melhores momentos do episódio. Confundir “prom” por “porn” foi muito bom e, ao mesmo tempo que eu dei risada da piada, achei muito esquisito uma pessoa tão travada falar de boa que trabalhava com esse tipo de site.

P.S.: Me chamou atenção a Diamond White, uma das competidoras da temporada de The X-Factor US estar participando como uma das alunas da escola. Gosto muito de ver os participantes de realities-show conseguindo trabalhos novos.


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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