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The Killing – 1×06 What You Have Left

Por: em 5 de maio de 2011

The Killing – 1×06 What You Have Left

Por: em

No melhor episódio desde o piloto, The Killing continua a explorar o passado cada vez mais obscuro de seus personagens, dá uma corrida no ritmo, mas permanece nos deixando perdidos…afinal, não dá para ver estrelas em um céu nublado, não é?

Não que o professor Bennet seja o assassino, mas ele está atolado de culpa, medo e segredos até o pescoço. É difícil acreditar que ela seja o culpado pela morte de Rosie, pois a série não teria para onde caminhar agora que, ou ele é morto por Stan, ou é preso pela polícia. Ao mesmo tempo é difícil não acreditar nas evidências. Rosie esteve na casa do professor e sua esposa deve ter tido uma conversa com ela; mais tarde ele volta para casa e a coloca enrolada e imóvel em um carro, isso tudo com a ajuda de uma mulher baixinha. O cenário está montado: Rosie e Bennet tinham um caso; a esposa Amber descobriu, matando a garota e pedindo ajuda do marido para sumirem com o corpo. Tudo bem até aí, mas o que Rosie iria fazer na casa da esposa do professor? Iria pedir desculpas? Ela sabia que ele não estava em casa, pois os dois estavam no baile. E o que aconteceu com ela correr pelas florestas pelos flashes que vimos? Existem muitas variáveis nesse cenário. O fato é que tanto o professor como a esposa estão cheios de segredos. A cena em que os detetives tentam falar com Amber e ela se esconde silenciosamente dentro de casa com um martelo na mão foi fantástica e prova que ela sabe muito mais do que diz. Também vimos que Bennet não é tão amado assim nem pela família da esposa. A irmã de Amber o considera um vilão, mas tudo isso pode ser apenas parte do racismo que ela visivelmente tem.

Não estou conseguindo encaixar as peças desse quebra cabeças, mas está ficando cada vez mais divertido tentar montá-lo. Não acho que Stan chegará a matar Bennet, mas não sei será por falta de coragem ou por Sarah conseguir chegar a tempo. Desde a conversa do pai de Rosie com aquele mafioso Kovarsky já sabíamos que seu passado era nebuloso e agora tivemos a prova. Stan teve problemas com apostas e jogatina e fazia parte da máfia do tal polonês, sendo uma espécie de guarda costas e provedor de músculos quando necessário. É fácil imaginar que Belko também fazia parte da tal máfia, ou ainda faz, talvez. Foi curioso notar as cenas dele nesse episódio. Ele parece esforçado para deixar os irmãos de Rosie bem, mas não se dá com todos, como vimos com a tia Terry quando ela disse que ele não faz parte da família. Será que ela sabe do seu passado? Será que todos sabem dos problemas com apostas de Stan, inclusive a esposa Mitch e por isso não confiam muito em Belko, já que os dois são amigos a muito tempo e talvez compartilhassem o vício? Gostei da forma que mostraram mais da tia. Terry sempre foi estranha para mim e agora que ela está ligada ao pai do garoto Jasper tudo fica mais interessante. O que foi mostrado dela, depois da tentativa frustrada e humilhante de chamar a atenção do Sr. Ames, nos mostra que Terry é uma mulher desequilibrada, com problemas pessoais, mas não necessariamente a conecta com a morte da sobrinha. Podemos assumir simplesmente um caso com o tal cara ou algo mais? Esse é o problema com The Killing. Não dá para saber o que tem ligação e o que não passa de uma pista furada com todo o esquema da história (e isso em nenhum momento é ruim).

O funeral em si foi muito interessante. Já comentei diversas vezes, mas a forma como a série mostra o luto de uma família está excelente e muito real. Confesso que não entendo o costume americano de servir comida para os convidados em um velório, como se fosse uma festa (e em muitas culturas é realmente uma festa, só ver o México com o Dia de Los Muertos). Mas é agoniante ver a família ter de receber os pêsames de todos os convidados enquanto desejam estar longe daquilo tudo, tentando reparar suas vidas. Michelle Forbes continua muito bem, e pelo que leio no twitter, ela é o motivo de algumas pessoas continuarem vendo a série. Ela arrasa, é fato, e achei ainda mais curioso a troca de olhares entre Mitch e Sarah quando a família entrou na igreja. São pequenas cenas como a discussão entre pai e mãe sobre fatos da vida da filha que nos mostram o quão mexidos os Larsen estão. Alguns se agarram na raiva e na vingança, outros na culpa e na solidão, e existem até aqueles que, ao se sentirem abandonados, acabam se tornando violentos. É o que senti com o irmão de Rosie quando o garoto esmagou o inseto no cemitério. Sabemos como as crianças estão sendo deixadas de lado pelos pais, sempre aos cuidados ou de Terry ou de Belko e de como isso pode influenciar na formação de suas personalidades. Denny é muito pequeno para entender a situação, mas Tom, o mais velho, vem mostrando medo, instabilidade e raiva, tudo ao mesmo tempo e isso pode ficar ainda mais complicado se Mitch e Stan continuarem a ignorar os filhos. Afinal, como o título do episódio diz, é preciso cuidar do que ainda está presente.

A campanha de Richmond volta a afundar. O cara prova que é uma boa pessoa. Não quer acusar ninguém sem que as provas sejam concretas, mesmo que isso possa acabar com sua candidatura. Ao mesmo tempo acho que é só questão de tempo até Richmond parar de levar na cara e resolver jogar sujo também. A aparição de Charles Widmore, pai de Gwen (ok, Alan Dale é um bom ator, mas é sempre a mesma coisa em suas produções) só mostra que todos, exatamente todos ao seu redor querem que ele jogue sujo para vencer, não que isso seja ruim, mas simplesmente acreditam fielmente que para vencer na política é preciso entrar na lama (e a gente vê provas disso todos os dias na vida real). Vejam, até a diretora da escola foi falar com Richmond jogando a culpa no professor, mas tudo o que ela queria era ajuda dele quando se candidatar ao conselho da escola!! Gwen e Jamie, ambos tentam incitar esse lado ainda meio adormecido de Richmond e o aconselham, mas parece que medidas extremas serão precisas para que ele entre de corpo e alma no jogo eleitoral. O debate foi um vexame, mas o atual prefeito Adams poderia vazar a informação do professor assim na televisão? Será que isso não pode dar confusão com ele e polícia?

Quanto aos detetives, fico cada episódio mais nervoso quanto ao passado de Holder. Tirando os momentos cômicos que ele proporciona, (sério, alguém usaria aquele terno e aquela gravata para ir trabalhar?) o detetive esconde muita coisa e não mostram muito mais do que simples pistas. Quem é o careca que ele conversa? Já vimos que esse cara lhe entregou dinheiro e agora revelou informações sobre o passado de Stan. Pensei que ele poderia ser o “padrinho” de Holder em seu atual celibato ou algo assim, afinal o detetive estava desabafando com o tal amigo. Mas o fato dele dar essa pista sobre o vício de Stan e sua ligação com a máfia polonesa mostra que ele é mais do que um simples amigo. A verdade é que sinto em Holder a necessidade de ajudar e descobrir a verdade, mas ele precisa de experiência e parar de achar que qualquer pista já indica o verdadeiro assassino. Além do mais, ele parece ser um homem bom…é genuína sua raiva contra homens que possam ter estuprado Rosie e pareceu desconfortável quanto ao racismo da irmã de Amber, mas ao mesmo tempo é capaz de presenciar dois caras traficando bem ao seu lado e virar a cara quanto a isso. Holder é daquele que acredita em Deus, fé e fazer o bem, mas nem que para isso precise usar meios antiéticos.

Já Sarah continua obcecada pelo assassinato de Rosie e obviamente deverá 50 milhões de dólares ao filho Jack, visto que não viajará na madrugada para Sonoma. Gostei de ver Sarah mais em ação nesse episódio, deixando de lado sua cara de paisagem por um tempo. Não me interpretem mal, estou apaixonado pela interpretação de Mireille Enos, mas gosto de quando os atores podem e conseguem explorar outros lados de seus próprios personagens. Foi curioso o papo da amiga Regi sobre Sarah já quase ter perdido Jack. Já está um tanto quanto chato jogarem apenas essas pistas sobre o passado de Sarah e Holder. Sobre o assassinato, tudo bem, sabemos que as coisas só se resolverão no fim, mas está na hora de descobrirmos mais sobre os detetives. Sarah não se concentra só ao fazer justiça, mas está ligada com o que acontece com a família. Foi a igreja e esperou a família entrar. Parece que ela entende a dor que eles estão passando, e foi isso que percebi na troca de olhares entre ela e Mitch. Na enquete do episódio passado, recebi um voto em outras opções de um leitor(a) que escreveu que o culpado seria Sarah com dupla personalidade. Não acho que a série vá por esse caminho, nem que isso seja realmente verdade, mas é algo interessante de notar, afinal, sabemos que Sarah passou por momentos difíceis e que isso deve ter mexido bastante com seu psicológico. Também já falei bastante sobre como Sarah parece querer explodir em alguns momentos. Será que temos uma detetive psicologicamente perturbada capaz de cometer atos ruins?

Falando na enquete, Belko foi o mais votado semana passada, enquanto a opção “Uma combinação das opções acima” ficou em segundo e Mitch, Bennet e Amber empataram na terceira posição. Particularmente estou bem envolvido com The Killing, e acho sim que é uma série excelente e que sabe contar uma história de assassinato de forma crível e emocionante, mostrando todos os ângulos da trama. Mas tem muita gente cansando e reclamando do ritmo lento. É questão de gosto, e isso não se discute. Eu já esperava esse caminhar da carruagem, e me impressionei ainda mais pois os episódios passam rápido demais. Porém, isso pode ser um revés para a série que vem perdendo audiência. Até então não é nada preocupante, mas desde o piloto, The Killing vem caindo alguns pontos e com What You Have Left teve a primeira audiência com menos de 2 milhões, atingindo 1.81. Para você, The Killing está cansando ou continua bem?



Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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