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Parenthood – Uma conversa sobre a reta final da 2ª temporada

Por: em 12 de maio de 2011

Parenthood – Uma conversa sobre a reta final da 2ª temporada

Por: em

Se quiser ler esse texto com a música tema da série ao fundo,
basta ir ao final desse post e dar o play em Forever Young, de Bob Dylan.

Parenthood acabou sua segunda temporada há três semanas, o que quer dizer que a essa altura do campeonato já tem muita gente carente dos Braverman por aí. Com o intuito de suprir um pouco dessa carência, surgiu essa conversa sobre a reta final da segunda temporada.

Cristal: O mais difícil de passar as últimas semanas sem review de Parenthood foi não ter com quem dividir a raiva que senti de Amber. Toda temporada é a mesma coisa, em algum momento o autor se enrola com sua vida pessoal e acaba atrasando seus textos. Dessa vez eu e o Guilherme nos enrolamos ao mesmo tempo, e Parenthood acabou deixada de lado. E se, a essa altura, reviews individuais não fariam muito sentido, resolvemos escrever esse texto como uma forma de iniciar uma conversa com todo mundo que gosta da série. E vocês? Também morreram de raiva da Amber?

Guilherme: O primeiro passo era sentir pena da Amber. Ela recebendo a notícia de que não passou pra Berkley foi triste e, apesar da falta de confiança dela própria, é óbvio que no fundo ela esperava ir pra lá. Só que uma coisa é ficar decepcionado consigo mesmo por um tempo, outra é regredir completamente e virar o poço de chatice que Amber virou na reta final dessa temporada. Assim que ela pegou o maço de cigarro no final do 2×20 (New Plan) só pra desafiar a mãe e se mostrar responsável pelas suas decisões, a pena saiu de campo e deu lugar à frustração. Amber é muito mais do que uma rebeldezinha sem causa, e tô muito curioso pra ver qual vai ser o rumo que a personagem vai tomar no início da próximo temporada, quanto tiver que lidar com toda essa questão da (falta de) faculdade de maneira mais madura — do jeito que a gente conhece nela.

Cristal: Justamente. Amber é muito mais do que isso, o que justifica a minha raiva. A baixinha (que aparentemente tem metade da altura do avô, como podemos ver na season finale na cena do ferro velho) é um dos personagens mais interessantes da série e foi triste vê-la nesse espiral de destruição. Também não foi legal ver Cappie Gary (quem assistia Greek vai entender) surgir na série unicamente para ajudá-la a se afundar de vez no poço. Ou melhor, a estilhaçar a cara em um caminhão. E toda essa reviravolta na vida de Amber só prova que não dá mesmo pra ser feliz em todos os campos ao mesmo tempo — pelo menos não nas séries. Pela primeira vez Sarah está realmente feliz com sua carreira (ou possibilidade de) e o que acontece? Sua filha resolve desligar todos os botões de noção e colocar a irresponsabilidade no automático.

Guilherme: E antes a história tivesse sido levada de um jeito mais natural, mas acabou parecendo tudo tão corrido. Tinha tanta coisa acontecendo com todos os personagens que o acidente pareceu quase que casual. No último segundo do 2×21 (Slipping Away), o carro bate. Em 10 minutos de finale, Amber tá fora do hospital. Surgiram vários momentos legais do acidente — a cena de Zeek e Amber no ferro velho, a própria sequência com quase todo o elenco no hospital… —, só que achei tudo tão apressado, como se não tivessem existido 21 episódios antes da finale pra que tudo tivesse sido trabalhado com mais calma. Drama, drama, drama, drama pra tudo que é lado. No final das contas, me emocionei do mesmo jeito, mas quando paro pra pensar, acaba ficando um gosto meio amargo. Como a Sarah do dia pra noite virou aquela escritora com tanto potencial? Fico até imaginando se o Steven Weber (Jack Rudolph em Studio 60) não volta pra algum próximo arco, senão a aparição rápida dele no 2×20 foi de um desperdício enorme.

Cristal: Eu duvido muito que o tal personagem não retorne. Tudo bem que Steven Weber não é tão famoso assim, mas foi realmente estranha essa participação relâmpago. Se bem que, qual poderia ser o seu envolvimento com a série e os Braverman? Profissional apenas? Sendo assim, tudo bem, mas já cansei dessa história de arranjarem um par pra Sarah por mês. E quanto ao acidente e a super-hiper-ultra-ninja recuperação de Amber, isso também me incomodou um pouco. Como assim ela quase morre e em dez minutos já está andando sem muletas? Não achei a cena do hospital e todo o seu drama exagerados (e é em horas como essa que a gente entende o quanto deve ser difícil ter um filho com Asperger), mas concordo que a recuperação foi surreal de tão rápida. A impressão que fica é que os roteiristas queriam mostrar a peça da Sarah na season finale mas que isso não teria graça sem a Amber. A solução encontrada foi transformá-la numa parente distante do personagem de Bruce Willis em Corpo Fechado. Se bem que a própria peça da Sarah foi outra coisa corrida. Ok, não era a peça propriamente dita, mas mesmo assim foi bastante estranha a rapidez com que tudo aconteceu. O que só mostra que nenhuma série é perfeita. Porque se um lado essa história foi acelerada; por outro, o relacionamento de Crosby  e Jasmine está tento todo o tempo do mundo pra ser perfeitamente retratado.

Guilherme: Eu tava achando o relacionamento dos dois perfeito até os últimos minutos da season finale. Porque a Jasmine sempre parecia tão decidida, tão firme na escolha de dar um tempo naquela relação, que mesmo que o Crosby tenha se mostrado um cara gente boa pra caramba ao tentar reconquistá-la, pra mim acabou soando aleatória demais a volta dos dois. Me pareceu que a Jasmine foi vencida pelo cansaço. E antes fosse só isso tivesse me decepcionado, mas o que eu acabo não gostando muito também é que o casal volta pra mesma condição que a gente já viu em boa parte da série. Acho que valeria mais a pena eles continuarem separados — mas se dando bem, se concentrando no filho pra criar no meio desse relacionamento quebrado. Mas também é capaz que aquela última cena entre os dois na nova casa signifique exatamente isso. A gente nunca viu a Jasmine de fato falando que ia voltar, né?

Cristal: Mas eu acho que na vida real a coisa é parecida, sabe? A pisada na bola acontece (seja uma traição ou whatever), você quer matar a pessoa, odeia tudo nela, se arrepende de todas as juras de amor, não aceita o perdão e decide seguir a vida sem ela. Até que vem alguém e lhe diz “Olha, ele não vai mais tentar, é a sua última chance de perdoar”. Aí você pára e pensa se ainda ama aquela pessoa. Se a resposta for sim, você provavelmente a perdoará, passando por cima de tudo que antes acreditava. Agora ficou parecendo que eu já fui traída, né?  Até que não, mas eu entendo a Jasmine.  Sofrer e perdoar por amor. E também não achei forçado porque eles não se abraçaram, não se beijaram, muito menos disseram “eu te amo”. O amor está implícito e a próxima temporada, se vier (porque a série ainda não foi renovada), provavelmente focará na reconstrução desse amor quebrado. Mas se o episódio 3×01 mostrar os dois já felizes e contentes, aí sim eu retiro tudo isso.

Guilherme: Beleza, tô convencido de que a história dos dois possa ter funcionado legal. Mas nada vai me tirar da cabeça que aquela grávida aleatória na trama da Julia foi de longe a pior coisa do episódio. Parenthood é uma série cheia de clichês — e eu não ligo mesmo pra isso, até porque ela mandou muito bem assim até agora — só que todas as ideias da Julia a respeito da adoção aconteceram rápido demais. Isso meio que se encaixa com o que você disse sobre o Crosby e a Jasmine — é a imprevisibilidade que dá o toque de realidade –, mas aqui nem esse argumento cola comigo, porque acho que eu nunca me importei tanto com todo esse drama do novo bebê. Eu gosto dela e do Joel, mas geralmente eu só gosto dos personagens quando eles tão interagindo com outros da família. Só eles juntos? Meh.

Cristal: Ok, o lance da “grávida aleatória” foi mesmo uma piada. E eu também não me importo muito com Julia e Joel (uma dupla sertaneja em breve na sua rádio!). No máximo quando eles têm uma cena muito fofa eu consigo torcer pelo casal. Mas tem que ser muito fofa mesmo, o que não é exatamente comum pros dois. E também não me importo muito com o drama do bebê, ou melhor, do não-bebê. Talvez se Julia ainda não fosse mãe eu conseguisse me relacionar, como mulher, a seu drama. Pra quem quer ter filhos, deve ser horrível descobrir que não pode gerar uma criança… Mas ela já tem a Sydney, que pode ser uma pentelha mas é sua filha. E nesse momento estou com medo de sofrer nova represália (bullying alert!) por falar mal de uma criança da série. A última vez que fiz isso, chamando o Jabar de lerdo, os leitores não gostaram muito não…

Guilherme: Não gostaram com razão. Mas a Sydney é chatinha mesmo. Enfim, tô divagando. Falta falar da Haddie, Adam e Kristina, e por mais que os três tenham recebido tramas distintas uma das outras, no final das contas, elas até que se relacionam muito bem. Acho que, tirando as crianças, a Haddie é uma das personagens que menos tem voz dentro da série, e não porque ela não ganha espaço (como o Drew), mas porque tudo que acontece com ela acaba sendo sobre a forma como os seus pais vão eventualmente controlá-la. Mas o legal dessa história da virgindade é que efetiva o ponto onde Haddie tem DE FATO sua própria voz — não é só um momentozinho de rebeldia como foi na época que ela saiu de casa. O Adam pode ter ficado revoltado com a filha dormindo com o Alex, mas ele vai ter que lidar com isso. Ela colocou as cartas na mesa e, pronto, vai ser assim. Mas ao mesmo tempo foi bom ver o Adam ainda mais agressivo daquele jeito e a Kristina ainda mais gente boa que o normal (gostei demais dela não ter contado pra Haddie sobre ter ouvido ela transando com o Alex no celular), porque foram temperamentos que caíram como uma luva pro que aconteceu com os dois: a dor de cabeça ruim com a demissão de Adam, e a dor de cabeça boa com a gravidez de Kristina.

Cristal: Verdade seja dita: é difícil entender Haddie. Bom, pelo menos pra mim. É difícil entender uma família tão cheia de regras e que, mesmo assim, funciona tão bem e com tanto amor. E foi realmente bom ver a Haddie, pela primeira vez, ganhar voz dentro daquele braço dos Braverman. Não deve ser fácil ser a irmã mais velha de um menino com Asperger. Não me entendam mal, eu não disse que era ruim ter alguém como Max como irmão, apenas que não devia ser fácil. Haddie provavelmente deixou de ter a atenção dos seus pais aos sete anos de idade, quando Max nasceu. E desde então, como boa pessoa que é (independente se menina ou mulher), ela teve que se adequar a rotina daquela família de uma forma tão natural que talvez nunca tenha lhe incomodado. Ela se acostumou a não ter voz, a fazer tudo da forma que era esperado por Adam e Kristina, a ser a filha ideal e contrapor-se ao filho que, independente da sua vontade, sempre causou problemas no dia-a-dia. E com a chegada dessa nova criança Haddie poderá, enfim, deixar de ser a única na casa sobre a qual seus pais descansam todos os seus maiores sonhos. Por esse motivo e tantos outros, confesso que adorei a tão inesperada gravidez de Cristina! Peter Krause, Monica Potter, Sarah Ramos e Max Burkholder formam o meu núcleo favorito da série, e eu fico feliz que tenham ganho mais esse arco. Sarah Ramos, particularmente, está cada dia melhor. A forma como a atriz lidou com toda as mudanças em Haddie é de dar inveja a qualquer ator de série teen (Gossip Girl e 90210, estou falando de vocês). Tudo bem que a caracterização da personagem ajudou um pouco (agora ela tem andando somente com o cabelo solto), mas a mudança no olhar de Haddie é todinha trabalho de Sarah.

Guilherme: Eles também foram o meu núcleo favorito nessa temporada, e é incrível imaginar tudo o que eles passaram esse ano sem nunca parecer melodramático demais. Todos os personagens passaram por uma cacetada de dificuldades, mas aquela casa sempre é a mais centrada, a que mais se esforça pra que tudo se mantenha numa organização gigante. Isso nem sempre é bom — como aconteceu várias vezes no controle excessivo com a Haddie -, mas também é o que faz Adam e Kristina serem pais tão fantásticos pro Max. É o que faz com que eles, mesmo que sejam quadradões demais pra entrarem na lista de personagens favoritos da maioria dos fãs, sejam os mais respeitados, eu acho. É meio cruel a série fechar essa temporada tirando o peso das costas de todos os núcleos, mas deixando Adam, Kristina, Haddie e Max com dois pesos enormes. O bebê, que não parece peso, mas é. E o principal: o desemprego de Adam. Vai ser complicado demais pra ele conseguir se estabelecer num bom trabalho tão cedo, mas se Parenthood terminou esse ano jogando essa bomba pra cima deles, é porque eles sabem bem que aquela casa é a mais capaz de juntar os destroços e construir algo ainda melhor.

Não nos decepciona, NBC. Renova Parenthood que em setembro a gente quer ver não só essa, mas todas essas casas de novo.

E não é que nós somos pé quentes?

Conversamos sobre isso hoje a tarde e torcemos pela renovação que acaba de se concretizar. É oficial, a NBC renovou Parenthood para uma terceira temporada!


P.S.: A essa altura a gente nem merece mais crédito, mas não custa nada pedir desculpas pelo sumiço nas reviews. Tentamos compensar da melhor forma possível, foi bom pra você?


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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