Orange is The New Black é uma série que explora as potencialidades de seus personagens. A cada novo episódio, outras camadas são acrescentadas e talvez aquele personagem que até ontem não gostávamos pode nos surpreender positivamente. Ou não. Pode ser que deixemos de amar algum personagem, também. Por isso, elencamos quem subiu e quem desceu nesta ótima 3ª temporada!
SOBE: Brook Soso
Brook Soso (Kimiko Glenn) é uma jovem e idealista presidiária que conhecemos desde a segunda temporada. Quando chegou à Litchfield, Soso se mostrou uma personagem cômica, falastrona, bastante ingênua e sem muita profundidade. Naquela época era impossível imaginar o quanto esta personagem seria importante ao longo da terceira temporada. Em Litchfield, os grupos são muito bem formados: As latinas, as idosas, as brancas, as negras. Onde se encaixa uma oriental? Nesta temporada, Soso sente o peso da solidão.
Soso tentou ser amiga das suas companheiras na lavanderia e não conseguiu. Ela buscou apoio espiritual, mas acabou por ser excluída deste grupo pelas seguidoras de Norma. E a única pessoa que a ouviu e lhe deu bons conselhos, não poderia mais ajudá-la. A depressão de Soso trouxe novos contornos a esta personagem. Pode parecer que a mudança foi radical, mas algumas cenas da temporada sugerem que a personalidade borbulhante que conhecíamos era apenas um disfarce, uma tentativa de se encaixar. Curiosamente, quando Soso deixou de falar tanto pudemos conhecê-la melhor: ela passou a demonstrar uma visão muito mais realista e revelou ser uma pessoa cheia de princípios verdadeiros, em contraste à empatia superficial propagada pelas seguidoras de Norma. Soso foi a personagem central para evidenciar a hipocrisia que imperava na religião de Norma (e em boa parte das religiões, na verdade).
DESCE: Aleida Diaz
Aleida Diaz (Elizabeth Rodriguez) é uma personagem sem muitas nuances, quase tudo nela é negativo. Ela mantém uma relação abusiva com sua filha Daya, que se intensificou nesta temporada. Em seu flashback, vimos que Aleida é insegura e egoísta, e criou Daya para suprir uma necessidade afetiva mas ao mesmo tempo era incapaz de retribuir plenamente, chegando a minar de propósito a autoestima da pequena Daya. Quase como um marido ciumento faria. O efeito, entretanto, é o oposto. A relação de Daya e Aleida está sempre por um fio. Somado a isso, para defender Glória, Aleida inicia uma onda de ódio transfóbico contra Sophia, revelando mais uma de suas facetas obscuras. Será que algum dia Aleida vai se arrepender das suas atitudes cruéis?
SOBEM: Big Boo – Carrie Black & Pennsatucky – Tiffany Doggett
Nos últimos episódios da segunda temporada, surgia essa dupla que conquistaria os fãs da série. Duas personagens que já tiveram atitudes bastante criticáveis em temporadas anteriores. Contudo, a química entre as personagens trouxe boas risadas e cenas emocionantes com suas conversas sobre os mais diversos assuntos que variaram desde escovação de dentes até aborto e estupro.
Individualmente, elas também se destacaram. Em seu flashback, Carrie Black (Lea Delaria) mostrou que se conhece muito bem e tem uma forte consciência política. Ela cravou uma das frases mais memoráveis da série: “Eu me recuso a ser invisível”. Sendo uma mulher gorda, lésbica e sem traços de feminilidade, desde muito cedo tentaram fazer com que ela se escondesse, mas ela decidiu se afirmar e sempre pagou o preço por essa escolha.
Já Tiffany Doggett (Taryn Manning), teve o arco narrativo mais pesado de toda a série. Doggett foi ensinada e internalizou que é natural para toda mulher sofrer abusos de homens. Porém, com a ajuda de Boo, Doggett começa a entender os meandros da violência que sofreu por toda a vida e sair do estado de negação. Orange Is The New Black colocou este assunto em discussão de forma muito delicada e fez com que o público se sentisse um pouco na pele de Boo, ou seja, como uma amiga dedicada que permaneceu ao lado de Dogget e ofereceu apoio nos momentos mais difíceis.
SOBE: Crazy Eyes – Suzanne Warren
Crazy Eyes (Uzo Aduba) nunca esteve em baixa, sempre foi uma personagem cheia de sutileza e complexidade. Nesta temporada, o grande diferencial foi a descoberta do enorme potencial criativo de Suzanne. Incentivada pela agente Berdie Rogers, Suzanne começou a escrever uma história erótica sobre aliens e vampiros que logo se tornou popular entre as presidiárias. De repente, sua história tinha fandom e tudo aquilo que vem junto com ele: Ships, torcidas apaixonadas, pressão para que novos capítulos fossem escritos e etc. Suzanne mostrou seu lado leve e solar, uma mudança necessária depois de ter se envolvido no esquema montado por Vee na temporada anterior.
DESCEM: Os agentes John Bennett, Joe Caputo e Donuts – Charlie Coats
Orange is the new black traçou melhor seus personagens coadjuvantes, incluindo os agentes penitenciários. E o que vimos não foi agradável. John Bennett (Matt McGorry) foi o primeiro a nos decepcionar. Até então, o personagem teve falhas: em primeiro lugar a falha ética de se envolver com uma detenta, ainda que consensualmente. Além disso, ele relutou em reconhecer para a diretoria do presídio que o filho que Daya esperava era dele. Mas em geral, sempre se mostrou mais decente no tratamento às detentas que outros agentes. Contudo, o que vimos nesta temporada foi um homem covarde, que fala muito e faz pouco, que foge às suas responsabilidades no último minuto. Muitos se perguntam se Bennett vai voltar para a série, mas será positivo para Daya que ele volte?
Joe Caputo (Nick Sandow), por outro lado, sempre aparentou estar ao lado dos que necessitam. Entretanto, ele se ressente de não ser recompensado por sua generosidade. É este ressentimento que faz com que ele abandone seus funcionários e qualquer traço de idealismo para se juntar aos poderosos. Este novo e piorado Caputo pode nos fazer sentir saudades de Fig.
O novato Charlie Coats (James McMenamin) já estreou na lista dos que surpreenderam muito mal. Coates desceu tanto que deve ter chegado no Pré-Sal. No início da temporada, Charlie se mostra uma companhia agradável para Doggett, ganhou sua confiança ao tratá-la de forma amigável, permitindo a ela pequenas liberdades. Ninguém esperava que aquele rapaz gentil, que até se disse feminista, seria capaz de violentar uma mulher. Orange is the new black novamente acerta em mostrar que estupradores não são monstros nem silhuetas ameaçadoras em becos escuros, em geral são pessoas conhecidas que tiram vantagem do poder que tem sobre suas vítimas.
SOBE: A Agente Berdie Rogers
Berdie Rogers (Marsha Stephanie Blake) foi a única agente penitenciária de Litchfield que realmente se importou com a saúde mental das presidiárias. Ela não está ali como uma figura de autoridade, mas alguém em quem elas possam confiar. Orange is the new black está atenta às questões das minorias políticas, num momento em que os Estados Unidos discutem tanto a violência policial contra a população negra, a escolha de uma atriz negra não parece aleatória. A agente Rogers mostrou a diferença que faz um tratamento humanizado. Uma pena que suas boas intenções não a levaram muito longe.
E você, leitor, o que acha? Quem sobe e quem desce na sua lista?
