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Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Fringe final season – A estrada até aqui

Por: em 4 de janeiro de 2013

Fringe final season – A estrada até aqui

Por: em

A partir da semana que vem, entramos em contagem regressiva. Faltam apenas 3 episódios (e 2 semanas) para o final definitivo de Fringe e tentar adivinhar qualquer coisa a uma altura dessas é praticamente um tiro no escuro. Na tentativa de situar melhor o cenário para os 3 capítulos finais, o texto abaixo procura sintetizar tudo o que assistimos até aqui. Por motivos externos, não consegui escrever reviews dos 2 últimos episódios de 2012 e, como não faria mais tanto sentido escrevê-las agora, bem atrasado, optei por esse estilo de texto.

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1º) Etta

Quando a temporada se iniciou exatamente de onde Letters of Transit tinha parado, sentimentos mistos tomaram conta de mim. Entendo que o tempo era curto, apenas 13 episódios, e é exatamente isso que me deixa triste com o fim da série: Saber que havia potencial para que muito mais fosse contado. Poderíamos ter acompanhado a gravidez da Olivia, os primeiros anos da Etta, o Expurgo de fato, Etta lutando para sobreviver… Mas ok, you can’t always get what you want, então vou ficar feliz por termos a chance de ver de fato o planeta dominado pelos Observers.

A participação da Etta, mesmo que por apenas 4 episódios, merece ser destacada. A filha de Peter e Olivia, dentro do contexto da temporada final e do mundo apocalíptico muito bem construído de 2036, totalmente dominado pelos Observadores, foi uma mártir. O mais curioso é que, de certa forma, houve uma relação de troca mútua entre ela e seus pais. Enquanto eles reascendiam nela (e, de certa forma, na ‘Resistência’ no geral) a chama da esperança, ela dava a Peter e Olivia algo pelo que lutar. A possibilidade dos três conseguirem ser, de fato, uma família, foi o que primeiramente levou o casal a se enveredar em um plano contra os Observadores. E, após sua morte no 5×04, esse sentimento foi substituído por um desejo de “fazer valer a pena”. Como disse Peter, cuidar para que sua morte não tenha sido em vão.

Por mais cruel que a situação tenha sido (Peter & Olivia perderem a filha novamente), ela foi necessária para dar a história o fôlego necessário para empolgar, já que, até então, a temporada vinha num ritmo mais lento (o que não quer dizer que estivesse ruim). Não sei se Georgina Haig ainda volta para reprisar a personagem de alguma forma nesse final, mas, caso contrário, fica registrado que sua participação valeu a pena.

2º) Observer-Peter x Walter

A morte da Etta (e o turbilhão de sentimentos que ela trouxe) nos levou ao que eu acredito ser um dos melhores arcos de Fringe: A quase transformação de Peter em um Observador. O que eu mais gosto nestes episódios (do 5×05 ao 5×08) é que eles finalmente deram a Joshua Jackson a chance que ele nunca tinha tido de mostrar o quão bom ator ele é. Sempre deixado pra segundo plano graças as atuações formidáveis de Anna Torv e John Noble e ao roteiro, que até então não tinha lhe dado grandes oportunidades, Jackson merecia essa chance e a agarrou com unhas e dentes. Construiu, episódio por episódio, um Peter que em nada lembrava aquele que aprendemos a gostar.

A ausência de verdade no olhar, a mecânica usada no modo de andar e de mexer a cabeça, até mesmo a empostação em cena e o tom de voz… Tudo era o de um Observador. O caminho parecia trilhado. O magnífico desse plot é que ao mesmo tempo em que ele trouxe à tona 1001 teorias, sobre Peter ser September, Windmark, o primeiro observador, ele jogou todas fora na cena final do 5×08 (que eu ouso dizer que seja, talvez, minha cena favorita da série inteira), quando Olivia implora que Peter retire o dispositivo e ele o faz. Show de atuação de ambas as partes e um trabalho minucioso de direção que conseguiu traduzir todo o clima de desespero e melancolia que o roteiro pedia.

Mas o mais bacana desse plot foi o dualismo que ele conseguiu traçar com um Walter a ponto de surtar, com medo de que as partes do cérebro implantadas para que ele se lembrasse do plano (falo dele mais abaixo) fizessem com que ele voltasse a ser o homem perigoso que, ao lado de Belly, um dia foi. O interessante era observar que, ao mesmo tempo em que Walter lutava para não se tornar um homem sem emoções, Peter, cego por vingança (ou justiça), pouco parecia se importar com isso. Os dois entregaram cenas magníficas (os momentos onde Walter implora a Peter que se deixe ser exanimado são impecáveis) e John Noble mostrou mais uma vez que é um dos grandes injustiçados das premiações afora: Estava nos olhos dele a dor da possibilidade de perder o filho uma terceira vez.

A cena final do episódio 5×07, ao som de The man who sold the world, é um daqueles momentos que surgem de vez em nunca nas séries. Vale, aqui, ressaltar também a letra da música que, muitos, eu inclusive, ligaram à série em si.

We never lost control (Nós nunca perdemos o controle)
You’re face to face (Você está face a face)
With the man who sold the world (Com o homem que vendeu o mundo)

O refrão da música pode ser diretamente associado ao Walter. Afinal, tudo na série aconteceu a partir do momento em que ele atravessou o universo e trouxe o Peter do lado B para o lado A. Ele, ali, vendeu o destino do mundo em nome do amor que sentia pelo filho.

A música traz ainda 2 trechos interessantes, que deram margem e força a uma das teorias para o gran finale. São eles I thought you died alone, a long long time ago I must have died alone, a long long time ago. Em tradução livre: Achei que você tinha morrido sozinho, há muito, muito tempo atrás Eu devia ter morrido sozinho, há muito, muito tempo atrásUma das teorias dos fãs (eu, inclusive, sou adepto dessa) diz respeito a uma volta ao passado, mais especificamente a 1985, quando Walter atravessou os universos. Dessa vez, ele não o faria (ou impediria que seu eu de 85 o fizesse, esses paradoxos temporais são confusos). Peter morreria sozinho (atenção aos estrofes!) também no lado B e, dessa forma, a linha do tempo seria novamente reescrita, agora sem todos os problemas que a decisão do Walter trouxe o que poderia, assim, impedir a invasão dos Observadores.

3º) Michael

O Michael já apareceu na reta final, nos 2 últimos episódios. Foi nos ‘apresentado’ no 1×15 (alguém lembra?), lembrado no 5×06 e, finalmente, ‘resgatado’ pela nossa Fringe Division no 5×09. Michael é a anomalia XB-6783746, uma experiência que deu errado, uma criança observadora que não deveria ter existido. É parte essencial do plano de Walter e Donald. Como, ainda não sabemos. Vamos, então, especular novamente.

Conversando com alguns amigos após assistir ao 5×10, eles lançaram uma teoria que demorei a comprar mas que, depois, aceitei como válida. Partindo do pressuposto de que para se derrotar uma coisa, é preciso conhecê-la, a teoria é simples: Walter criou os Observadores, ao lado de Belly. Dessa forma, Michael seria seu experimento, aquilo que de alguma forma vai fazê-lo entender qual a chave para derrotá-los. Um ponto que reforça essa teoria é o plot da 4ª temporada, a criação do tal “admirável novo mundo” de Bell. Este seria, tecnicamente, um mundo perfeito. E quem melhor para habitá-lo que não a raça perfeita? Os Observadores seriam, nesse raciocínio, criados para tal. É claro que isso teria que ser mais embasado para fazer sentido, ainda há muitas arestas soltas no pensamento, mas quando lembro que Walter compartilhava com Bell o mesmo desejo de um novo mundo, ele não merece tão absurdo.

Por agora, tudo que sabemos é isso: Michael é uma anomalia e será parte importante nestes 3 últimos episódios.

Aproveitando a oportunidade, não dá pra deixar de falar do sacrifício da Nina no último episódio de 2012, que rendeu sequências emocionantes. A atitude dela, de preferir se matar a correr o risco de entregar Michael e o plano, só reforça o quanto o garoto é importante.

4º) Donald/September

Donald é September.

September é Donald.

Foi com essa bomba que Fringe se despediu em 2012. Uma informação que é, ao mesmo tempo, tão óbvia quanto surpreendente. Passamos toda a temporada nos perguntando quem era Donald e onde estava September e a resposta era a mesma para as duas perguntas. O que isso implica, eu não faço ideia e também não tenho teoria. Mas acho que finalmente vamos entender porque the boy is important, que, hoje em dia, vale tanto pro Michael quanto pro Peter. Acho que vai ser explicado também o motivo de September ajudar Walter, Peter e Olivia desde sempre – e, confesso, essa é uma das minhas maiores curiosidades.

A visão que temos de September sorridente e com cabelos abre duas teorias, a princípio: Aquilo é o que vemos ANTES dele se tornar Observador ou uma versão dele após retirar o implante como o Peter e decidir ser humano. Não sei se a transformação seria reversível a esse ponto. De alguma forma, isso deve ser explicado quando entendermos mais sobre ele (o que acho que será o episódio 11).

Vale nota também a sequência da revelação, que abre margem pra outra teoria. Durante toda a cena, quando Michael encosta em Walter, a maioria das cenas que assistimos são da linha do tempo antiga, antes do reset do Peter. A teoria, aqui, é que, talvez, Michael tenha restaurado as memórias de Walter. Esperar pra ver.

5º) Walter e as fitas/o plano

Essa é, de longe, a parte mais obscura da temporada.

Mesmo a 3 episódios do fim, tudo ainda está muito solto, não existe uma cola e tentar adivinhar qualquer coisa é quase como jogar na mega da virada. Tudo o que sabemos é que, no passado, Walter e September desenvolveram um plano para derrotar os Observadores e, como o cientista não conseguiu executar o plano àquela época, armazenou tudo em fitas e as amberizou. Agora, cabe a Astrid tentar retirar as fitas para que a Fringe Division possa espalhar as partes soltas do plano e, assim, ter uma chance de derrotar os Observadores.

As tais ‘partes’ são tão surpreendentes que, às vezes, é até complicado tentar imaginar no que tudo vai resultar. Envolvem cristais de quartzo, que são uma fonte de energia, o Michael, imãs… É uma verdadeira salada. Minha teoria é que o plano vai estar diretamente relacionado a Máquina da 3ª temporada e que é ela quem vai definir o rumo das coisas. Não consigo imaginar como, mas é o que penso. Pra quem entende inglês, tem uma entrevista bem interessante com o elenco sobre isso, aqui. Mas a mensagem é clara: Trust the tapes – Confie nas fitas.

A caçada as partes do plano acabou levando a alguns acontecimentos que também merecem destaque, como a aparição da Simone, que dividiu cenas ótimas com a Olivia e de Carla, a primeira assistente do Walter. Tivemos também a resposta para o destino de Sam Weiss nessa nova linha do tempo, o esqueleto que Olivia encontra no 5×09.

A lembrança ao Weiss chama atenção para um detalhe, que talvez se ligue ao plano: Walter e Astrid não tem noção alguma das consequências que a Máquina pode causar (A não ser que, como eu citei no tópico do Donald, Michael tenha restaurado suas memórias) , já que a linha do tempo foi resetada pela inexistência do Peter. Apenas ele (Peter) e a Olivia sabem as duas versões da história e, de alguma forma, isso pode ter alguma importância. Ou não. Afinal, estamos falando de Fringe. 

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Acompanho Fringe há anos, vi a série passar de um show “comum”, que quase ninguém assistia, a uma das melhores séries de ficção científica, adorada por basicamente 9 a cada 10 seriadores brasileiros fãs do gênero (e até mesmo os não-fãs).  O caminho não foi fácil, o que não quer dizer que não tenha sido prazeroso imaginar o que aconteceria após a troca das Olivias, entender o significado dos Glyphs codes, escolher um lado na guerra iminente, se acostumar a uma nova linha temporal completamente diferente… Fringe construiu, semana a semana, uma trama belíssima e quem pegar a série para assistir completa em alguns anos, talvez não sinta o mesmo sentimentos que a gente sentiu, após quebrar a cabeça, teorizar só pra ter nossa teoria derrubada uma semana depois e tentar adivinhar no que tudo resultaria. Fringe conquistou, com todos os méritos, o direito de ser chamada de série inteligente.

PS. Essa temporada final é ABSURDAMENTE rica em detalhes, então é bem provável que eu tenha deixado passar alguma coisa, mesmo tendo revisto os 10 episódios antes de escrever esse texto. Se realmente o fiz, pode mandar brasa, porque o intuito disso é realmente esse: Debatermos tudo que já vimos até aqui e tentarmos criar teorias para os 3 episódios finais. Dia 11 temos 5×11 – The Boy Must Live  e dia 18 5×12 – Liberty e 5×13 – An Enemy of Fate, exibidos em sequência.

Até o dia 11, manda brasa nos comentários, pra gente ir diminuindo a ansiedade.

PS². Acho que, escrevendo esse texto, eu me dei conta de que, pelo número de detalhes e pela amarração do roteiro que vem sendo feita, essa já é minha temporada favorita.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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